Série Especial • Desafios #2
Carlos Donizete Parra
O consumidor está se adaptando a essa nova realidade. Aliás, nesse momento, a adaptabilidade é uma característica essencial para todos nós, como pessoas, profissionais e empresas. Vínhamos de um contexto em que as empresas estavam “confortáveis” em seus espaços de mercado. Sabiam quem eram os concorrentes, os clientes e, portanto, a situação estava sob controle. Veio o Covid e deu um chacoalhão, deixando todos em alerta. Não sabemos mais quem são nossos concorrentes. No varejo, o Magazine Luiza se posicionou definitivamente como uma Amazon brasileira, vende de tudo e de todos tornando-se, desta forma, um forte concorrente de vários modelos de negócios vendendo de eletrônicos a itens de supermercados como bebidas e alimentos, entre outros. Mas ao mesmo tempo é parceiro de todos. Nesse período de pandemia se consolidou como a maior empresa de varejo do Brasil e está valendo mais de R$ 100 bilhões no mercado.
O mesmo acontece com os aplicativos de alimentação, como iFood, Rappi e Uber Eats. Antes o Mc Donalds sabia exatamente quem era seu principal concorrente: Burguer King. Agora, temos à disposição nesses aplicativos milhares de restaurantes a um click e sem sair de casa. O Rappi, serviço de entrega com menos de dois anos de vida, iniciou a operação na área de entretenimento, oferecendo aos clientes milhares de games, um mercado bilionário no mundo. Esses são apenas alguns exemplos que mostram uma mudança grande no ambiente de negócios. É o momento de experimentar novos negócios, seja de um mesmo mercado ou de outros completamente diferentes. O maior risco agora é não fazer nada.
Neste momento, o mais importante é colocar o consumidor no centro de todas as ações, lembrando que sai na frente quem tem mais capacidade de responder com velocidade e qualidade a essas demandas.
Mas, e agora? Como se adaptar ao que vem por aí? Como entender as demandas dos clientes oferecendo a eles produtos que realmente importam neste momento? Veja os valiosos insights de executivos do setor.
Emerson Vontobel, CEO • CVI Refrigerantes
A grande disponibilidade de informação, aliada a horizontalização dos meios de comunicação impulsionada pelo poder das mídias sociais, permite que o consumidor esteja cada vez mais atento ao papel que as marcas consumidas por ele desempenham na sociedade. É esperado que uma marca não seja mais apenas representada pelos atributos de um produto, mas também pela forma como ela se posiciona, se comunica com seus consumidores e se relaciona com a sociedade.
Na CVI Refrigerantes temos descrito em nossa missão o objetivo de gerar experiências positivas nos mais diversos momentos da vida. Esta experiência positiva se dá tanto pela alta qualidade e segurança de alimentos oferecida pelas nossas bebidas, como pelo trabalho sólido que desenvolvemos em nossas comunidades.
E vamos além. Oferecemos opções de embalagens e categorias de produtos alinhadas com a nova rotina de nossos consumidores, e desenvolvemos canais de comunicação e ferramentas que permitem maior agilidade em nossas promoções e negociações, de forma descentralizada e virtual. Estamos nos reinventando todos os dias enquanto indústria, e isto é a base que sustenta a evolução.
Diego Gomes, Diretor Industrial • Grupo Petrópolis
Em um momento de instabilidade, as pessoas estão em busca de atenção, de sentir que suas necessidades estão sendo ouvidas e atendidas. O Grupo Petrópolis sempre trabalha com a perspectiva e a expectativa de melhoria, focando na qualidade dos produtos e numa comunicação afetiva, que entre na casa e faça parte do cotidiano do consumidor. Agora procuramos fazer o mesmo, adaptando nossa comunicação ao momento atual, sempre positivamente, para que nossos produtos sejam lembrados como parte boa de um momento difícil.
Silvio Rotta, Diretor •
Krones do Brasil
Acredito que para se adaptar rápido a essa situação do mercado, as indústrias precisarão de máquinas e equipamentos cada vez mais flexíveis, para que o fabricante de bebidas esteja o mais preparado possível para a mudança de comportamento do consumidor final. Por isso, confiamos no crescimento do Bottling on Demand, um conceito ligado diretamente ao consumo residencial e personalizado. É um sistema de envase individualizado de bebidas, de acordo com a demanda de cada empresa.
Jussara Calife, VP On trade • Heineken Brasil
Com a mudança radical do contexto, o Grupo HEINEKEN acredita que o consumidor irá buscar cada vez mais pelo que é realmente importante, essencial e relevante. É preciso entender a nova realidade e agir rápido – quem se adapta mais rápido, navega melhor em qualquer situação. Por isso, nossa estratégia foi, no início da pandemia, refletir sobre as melhores iniciativas de cuidados com as pessoas e depois direcionar nossos esforços como Grupo e com os times de marcas para gerar ações de impacto positivo para a sociedade e para a continuidade dos negócios
Monica Pieratti, Diretora
de portfólio • Tetra Pak
Se considerado que quase ¾ dos brasileiros seguirá evitando lugares lotados mesmo após o término da pandemia, é de se esperar que produtos básicos para consumo doméstico se mantenham em alta por algum tempo, o que traz oportunidades a fabricantes querendo investir em diversificação de portfólio ou em ampliação de linhas de processamento e envase.
No que diz respeito à distribuição, o avanço do supermercado online se mostra até aqui um grande divisor de águas. Quanto mais as medidas de distanciamento social se estenderem no tempo, maiores serão as chances de o comércio online moldar os hábitos de consumo pós-pandemia.
Segundo a empresa de inteligência de mercado Compre&Confie, focada no comércio eletrônico, a venda online de alimentos e bebidas cresceu 310% em junho, quando em comparação com o mesmo período de 2019. Tendo em mente que 46% dos brasileiros pretende manter a compra virtual em seus hábitos pós-pandemia, estarão em vantagem as marcas e fabricantes que tiverem uma boa penetração no ambiente digital, seja em sites de grandes varejistas, marketplaces ou investindo em canais próprios.
Guilherme Almeida,
Head de e-commerce • Nestlé
Neste cenário, alguns desafios e obstáculos deixaram de existir, além de surgirem novos comportamentos que passaram a exigir algumas respostas que podem ser endereçadas através da transformação digital. Incorporamos ao nosso time, dezenas de colaboradores que estavam em áreas com menor demanda, reforçando principalmente a área de e-commerce.
Sentindo a necessidade do consumidor comprar pela internet em função de comodidade, praticidade e segurança, a loja online Empório Nestlé, por exemplo, passou a entregar em todo o estado de São Paulo, ampliando depois para toda região sudeste. Além disso, abrimos uma dark store na Lapa para ampliar a capacidade de entrega expressa na capital de São Paulo. O Empório é um grande laboratório do modelo omnichannel. Com ele viramos a operação de Chocolatory na Páscoa para operar através de nossa loja online e tivemos diversos insights, que ajudaram a melhorar nossa atuação nos canais B2C.
Também lançamos alguns projetos, acelerando iniciativas importantes nesse momento, como o Nestlé Até Você, que é um e-commerce B2B para atender os pequenos varejistas e funciona como um braço para ampliar os serviços de nossos distribuidores autorizados, que são os brokers.
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