Além de palestras, participantes vivenciaram
experiências sensoriais, degustações e intenso networking
Negócios disruptivos, inovação e sustentabilidade fizeram parte do discurso de praticamente todos os palestrantes do Beverage Experience Day realizado em outubro em São Paulo. Sempre com o foco na produção, envase, comercialização e distribuição de bebidas, o Beverage Day abordou temas sob os pilares da sustentabilidade, inovação, experiência do usuário, transformação digital, eficiência e produtividade. Executivos e especialistas compartilharam suas experiências e conhecimentos com um público em busca de informações que possam contribuir para o futuro de suas organizações.
Marília Gabriela dos Santos e Cintia Kita, executivas da TriCiclos traçaram um panorama sobre a economia circular e o papel das embalagens nesse ecossistema. As executivas explicaram como diversas soluções de reciclagem já estão sendo utilizadas com sucesso pelas grandes empresas trazendo efeitos positivos à sociedade. Marília Gabriela apresentou algumas inovações em embalagens e modelos de negócios que contribuem para práticas sustentáveis e que estão disponíveis para o consumidor brasileiro. “Temos ainda muitos desafios a serem superados no Brasil, como os preços elevados das opções sustentáveis disponíveis no mercado, além da falta de disponibilidade e dúvidas sobre a qualidade desses produtos. Isso ainda incomoda bastante os consumidores”, pontuou Marília Gabriela.
Patricia Rocha, gerente de meio ambiente da Verallia, falou sobre as vantagens do vidro e sua importância dentro da economia circular. Pesquisa de mercado sobre as preferências do consumidor de embalagem mostraram que 88 % preferem embalagens recicláveis e que 56 % compram produtos sustentáveis para preservar o meio ambiente para as próximas gerações. Esses estudos demonstram a preocupação do consumidor com a sustentabilidade e como isso vai impactar o consumo no futuro. Entre os desafios da reciclagem do vidro no Brasil estão o baixo custo do material no mercado e o risco de manuseio, fatores que dificultam a coleta e deixa em alerta o consumidor que procura cada vez mais produtos sustentáveis para o dia a dia. Entre os benefícios incontestáveis do vidro estão a proteção ao produto envasado, ser 100 % reciclável e agregar alto valor ao produto, entre outros benefícios.
No Brasil, a Verallia acaba de inaugurar em Jacutinga, Minas Gerais, uma das mais modernas fábricas de embalagens de vidro do mundo, o que deve contribuir para agilizar a entrega e atendimento aos produtores de bebidas e alimentos.
Negócios e saudabilidade
O consumo de alimentos saudáveis no Brasil continua crescendo nos últimos anos no Brasil independentemente das questões econômicas e de outras tendências do mercado de alimentação.
Segundo pesquisas da Euromonitor, o Brasil já ocupa o quarto lugar em consumo de alimentos saudáveis no ranking global e movimenta R$ 35 bilhões por ano, com crescimento em média de 12,3% ao ano nos últimos cinco anos.
Ao se deparar com um mercado potencialmente interessante e com uma gastrite crônica pela frente, o empresário Thiago Burgers começou a formatar a Pic Me e a desenvolver boa parte do portfólio de produtos comercializados hoje pela empresa. Todos os snacks Pic Me são produzidos apenas com ingredientes naturais, sem conservantes, sem corantes, sem aditivos e 100% naturais.
A Pic Me não possui planta industrial própria, e delega essa fase de seu processo para um dos maiores players mundiais no setor de alimentação, concentrando seus esforços na inovação, desenvolvimento e distribuição dos produtos. “ Agora ainda não temos planos para implantação de uma fábrica mas não descartamos agregar essa fase em nossa operação. Por enquanto estamos concentrados em oferecer um portfólio diversificado de produtos saudáveis inovadores ao consumidor brasileiro”, explica o CEO da Pic Me, Thiago Burgers. O executivo destacou ainda a importância dos rótulos clean label e de uma empresa ter propósitos bem definidos, assim como pontuou alguns modelos de negócios e de investimentos que devem prosperar no Brasil nos próximos anos.
A Cervejaria Blondine foi fundada em outubro de 2010 em Itupeva, no interior de São Paulo, com instalações modernas e, atualmente, possui capacidade de produção de 4,2 milhões de litros por ano. Uma avançada planta industrial garante processos eficientes que são traduzidos em produtos de qualidade e distribuição para todas as regiões do Brasil. O CEO da Blondine, Aloisio Xerfan, falou sobre o portfólio da empresa, projetos e estratégias de diferenciação no mercado de cervejas artesanais. Entre esses projetos está a cervejaria piloto dedicada a produção de cervejas extremas e altamente diferenciadas, além da Blondine Trends, um projeto para pequenas e exclusivas produções. Também apresentou a linha Blondine Reserva que produz sob demanda lotes de 200, 420, 620 e 1300 garrafas desenhados para consumidores exclusivos. Outro assunto abordado por Aloisio foi a linha de cervejas em barris. “Investimos em uma sala com temperatura e umidade controladas e em uma linha de barris com madeiras com características diferenciadas e também explorando a biodiversidade brasileira”, finaliza o executivo.
Com mais de 1100 fábricas de cervejas espalhadas pelo território nacional, as cervejas artesanais precisam de diferenciais expressivos para sobreviverem no mercado. Uma dessas cervejarias, a Dogma, nasceu em 2015 e de lá para cá já lançou mais de 150 rótulos de cervejas com forte característica na produção de receitas extremas. Um dos sócios, o economista e médico, Bruno Brito, falou sobre a paixão pelas cervejas que o fez abandonar suas carreiras tradicionais e partir de cabeça no novo negócio de cervejas artesanais. Segundo Bruno, a inovação faz parte do dia a dia da Dogma e é encarada na empresa como um processo que tem que ser trabalhado constantemente. “A inovação tem que acontecer diariamente dentro da empresa. Inovamos em processos, tecnologias, modelos de negócios e produtos. É uma forma de se manter competitivo e sempre relevante para nossos consumidores”. A Dogma começou como cervejaria cigana e, recentemente, em 2017, abriu seu brewpub na cidade de São Paulo. Mas, ainda terceiriza a produção de grande parte de suas cervejas.
“O bar foi muito importante para estarmos mais próximos dos consumidores. Isso tem ajudado bastante no lançamento de novos produtos e na melhoria de processos, assim como no atendimento diferenciado dos clientes. Agora estamos lançando o modelo de franquia que também vai contribuir para ampliar a distribuição e melhorar as vendas por todo o país”, explica Bruno Brito.
Na palestra Crescimento com foco em tecnologia, flexibilidade e inovação, Uira Soares, Head Industrial da Natural One, descreveu a trajetória que levou a empresa a se tornar líder de mercado na categoria sucos 100% e terceira maior marca de sucos no Brasil.
Entre as principais estratégias citou as parcerias sustentáveis com grandes fornecedores do mercado, a implantação de uma forte cadeia de distribuição refrigerada, instalação de uma fábrica moderna e próxima aos principais centros consumidores do país, além de contar com uma área de R&D inovadora que possibilitou o lançamento de um portfólio com variedade de sabores, misturas e embalagens. “Nossa inovação é trabalhada em três principais pilares: Inovação, Naturalidade e Sabor e Frescor. Em Inovação buscamos a naturalidade desejada pelo consumidor preservando o custo e a operação. Em Naturalidade procuramos garantir esse aspecto com os melhores ingredientes, sabor e frescor sem perder a competitividade. E em Frescor e sabor temos sempre o desafio de proporcionar uma relação verdadeira com nossos consumidores”, explica o Head Industrial da Natural One. Sobre o mercado de sucos, Uira acredita no crescimento através da saudabilidade e aponta como fortes tendências as bebidads vegetais e veganas.
Inovação
Inovação e como utilizar a realidade aumentada e fazer seu produto interagir com o cliente foi o tema apresentado por Fernando Godoy, sócio da Flex Interativa e da Cervejaria Leuven.
Segundo ele, inovação significa fazer coisas diferentes e romper os modelos tradicionais. Falou sobre o fluxo e a velocidade da inovação e de como isso tudo está mexendo com as nossas vidas. “Precisamos estar preparados para mudar também, para acompanhar esse fluxo. IoT, carros autônomos, Big Data, Inteligência articial, Indústria 4.0, Drones, Realidade aumentada. Isso tudo não é mais tendência. É realidade. São disrupções que envolvem drásticas mudanças. Se são boas ou ruins eu não sei, mas são inevitáveis”, falou Fernando Godoy.
Sobre Realidade aumentada disse que são tecnologias já disponíveis e que estão mudando a forma como nos relacionamos com os clientes. Mais do que isso, mudam a forma de interagir, aprender, consumir, entreter e treinar. Apresentou algumas tecnologias e cases desenvolvidos pela Flex Interativa, entre eles o da Leuven que proporcionou muito mais interatividade entre a empresa e os clientes, facilitando a comunicação e proporcionando aumento nas vendas de suas cervejas no mercado. Encerrou dizendo que vivemos em um mundo de incertezas e que precisamos aprender a desaprender e aprender de novo.
Renate Giometti, responsável por inovação da Nestlé, apresentou a palestra Como as novas competências influenciam diretamente a implantação de mudanças em um ambiente de inovação. Renate falou sobre a importância de ter um propósito, não só a empresa, mas também seus colaboradores. Segundo ela, esse é o Norte de qualquer organização. Falou sobre os novos negócios e, principalmente, a maneira com que devemos encarar e nos preparar para um pensamento não linear que nos permita estar conectados com um futuro imprevisível e completamente incerto que temos pela frente. “A Nestlé está buscando a transformação digital para se posicionar nesse mercado extremamente ágil e competitivo em que os consumidores são cada vez mais únicos e exigem experiências mais personalizadas para suas necessidades. E busca através dos dados entender a fundo o consumidor e entregar a ele onde ele estiver muito mais do que produtos, queremos entregar inovação em serviços e experiências maravilhosas’, explica Renate Giometti.
Jane Vieira, Gerente de Marketing Latam da Döhler, iniciou sua apresentação destacando 7 megatendências globais que refletem diretamente no lançamento de novos produtos na área de alimentos e bebidas. São elas: sustentabilidade, naturalidade, saúde & nutrição, conveniência, individualização, digitalização & tecnologia e experiência multissensorial. A executiva descreveu todas elas com destaque para a naturalidade. “Os consumidores se afastam dos produtos artificiais e isso direciona o crescimento de toda a indústria de bebidas”, pontua Jane Vieira. Entre as tendências, na categoria de não alcoólicos mostrou uma limonada clean label, além de chás e kombuchas orgânicos e saborizados. Entre os alcóolicos, disse que a inovação está sendo conduzida pelo estilo artesanal e por uma sensível e importante redução nos níveis de açúcar e de álcool em praticamente todos os produtos.
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“Os consumidores procuram cervejas não alcoólicas com sabor autêntico e igual ao da cerveja normal. As cervejas artesanais com inspiração em botânicos também encontram bastante aceitação no mercado.” Explicou Jane Vieira. Os participantes puderam degustar várias bebidas alcoólicas e não alcoólicas, entre elas uma cerveja produzida pela holandesa Hertog Jan Bastaard, uma Radler com 2,5% de álcool.
Na sequência, João Paulo Mitter, também da Döhler, apresentou o Velcorim e seus benefícios para o mercado de bebidas. Segundo ele, o produto pode ser utilizado em qualquer tipo de bebida e não apresenta nenhum impacto ao sabor, odor e cor ao produto tratado. E, devido à hidrólise completa, o Velcorim não permanece na bebida, portanto não precisa constar no rótulo se for adicionado como um coadjuvante de processo. Caso entre como um preservante já possui regulação específica no Brasil. O produto é compatível com todos os tipos de embalagens e equipamentos de envase, além de representar um investimento baixo para instalação da dosadora nas linhas de produção.
Em sua palestra sobre Novas tecnologias e tendências de mercado, Marcelo Cozac, Diretor da McPack, mostrou vários exemplos de inovação no mercado de bebidas e de como isso está mudando os hábitos de consumo e a forma como as pessoas escolhem seus produtos no ponto de venda. “Esse movimento de transformação digital e de novas tecnologias impacta diretamente todos nós, quem não entender essas mudanças corre sérios riscos de perder espaço ou até mesmo não sobreviver no mercado”, explicou Marcelo Cozac. Mostrou também a importância de agregar valor ao produto através de mudanças simples que podem ser feitas no processo de produção, em sistemas de embalagens e com produtos diferenciados como a Kombucha, gim, café em cápsula, cervejas artesanais e outros. Entre as novas tecnologias para a indústria de bebidas destacou o ultrassom e a secagem pré-codificação, além dos sistemas de inspeção e rastreabilidade que contribuem para assegurar a qualidade dos produtos que chegam ao consumidor.
“Essa nova geração de consumidores está atenta a aspectos relacionados a sustentabilidade, produtos clean label e buscam experiência acima de tudo. Daí a importância das empresas usarem a seu favor toda essa tecnologia disponível para entregar muito mais que um produto, mas uma experiência completa e única ao usuário de seus produtos”, finaliza Marcelo Cozac.
Processos
A palestra Sistemas de Envase Ultra Limpo para Micro Escalas de Produção, ministrada por Rodrigo Petrus, professor da USP, Doutor em Tecnologia de Alimentos, apresentou estudos com envase de leite comercialmente esterilizado em sala limpa e sobre o envase de leite pasteurizado sob fluxo de ar unidirecional.
Rodrigo Petrus falou ainda sobre os avanços em pesquisas com isotônicos a partir do soro de leite obtendo um isotônico de tangerina, utilizando sub-produtos do leite. Outros produtos apresentados foram um néctar de jabuticaba, além de um caldo de cana integral e outro com maracujá. “Estamos com trabalhos bastante avançados de um caldo de cana enriquecido com vitamina C submetido a altas pressões que deve resultar em um produto fresco e clean label, com shelf life compatível com as necessidades do mercado”, explica o professor.
Redução de açúcar em bebidas funcionais foi o tema da palestra de Fábio Bax, Gerente de P&D da Prozyn Biosolutions. As bebidas funcionais foram definidas pelo palestrante como sendo bebidas saudáveis com dosagens de ingredientes benéficos à saúde, em níveis eficazes e idealmente com sabor agradável e refrescante. Algumas categorias em ascensão são os energéticos, as bebidas esportivas e para performance, bebidas de frutas melhoradas, chás e bebidas à base de café RTD, bebidas de soja e refrigerantes de baixa carbonatação. Para os consumidores um ponto importante na formulação dessas bebidas é a redução de açúcar. Fábio Bax citou como alternativas naturais para o adoçamento dessas bebidas a Stévia e o Monk Fruit, além da Taumatina, Alullose, fibras, frutas, entre outros. Fábio Bax abordou as vantagens, benefícios e características de cada ingrediente, assim como os desafios para se trabalhar com esses produtos na formulação das bebidas.
Entre as bebidas em ascensão dentro da categoria de Funcionais, citou os chás, refrigerantes de baixa carbonatação, bebidas de soja, bebidas à base de café e bebidas de fruta melhoradas. “Essa última trata-se de bebidas com ingredientes de origem vegetal para melhorar a nutrição, baixo conteúdo de açúcar, baixa carbonatação e com concentrados de frutas. São bebidas bem focadas em saudabilidade, nutrição e uma boa experiência sensorial para o consumidor”, finalizou o executivo.
Ayrton Irokawa, Gerente de Vendas da Krones do Brasil, falou sobre Economia Circular e de como a Krones está empenhada em contribuir para o desenvolvimento desse processo.
Segundo o palestrante, apenas no Brasil são gerados mais de 76 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, sendo esse um dos grandes desafios da sustentabilidade. Outro dado importante é que mais de 50% de todo PET consumido no Brasil é reciclado, no entanto, ainda são jogados no meio ambiente cerca de 290 mil toneladas de PET por ano.
Na cadeia do PET, Ayrton Irokawa mostrou o desenvolvimento obtido com a redução de peso das preformas e garrafas ao longo dos últimos 10 anos. Nesse período, o peso das preformas teve uma redução de 60%, o que resulta em economia de aproximadamente 1.620 toneladas de resina por ano. A Krones vem inovando e desenvolvendo soluções que contribuem para redução e melhoria dos processos industriais. “É possível citar vários exemplos como o Direct Print, que através da impressão direta na embalagem elimina a utilização de rótulos reduzindo custos para a indústria e evitando a geração de resíduos. Ou as soluções de equipamentos blocados que economizam espaço, assim como a embaladora Dynastretch que chega a ecomizar 30% de energia e material. Enfim, nossos desenvolvimentos estão baseados na economia circular buscando aliar eficiência, sustentabilidade, flexibilidade e em reduzir custos operacionais”, finaliza o executivo da Krones.
Especialista em recursos hídricos da Coca-Cola FEMSA, Maik Allan Silva apresentou a metodologia utilizada pela empresa para atingir altíssimos índices de eficiência na utilização e recuperação da água na Coca-Cola FEMSA no Brasil. Aplicado nas 10 plantas da empresa no país, o sistema de gestão busca oferecer água de qualidade ao processo industrial sem desperdícios ao meio ambiente e às comunidades.
Até 2020 a meta da companhia é de utilizar 1,5 litro de água para cada litro de bebida produzida. Além dos controles, uma variedade de projetos de redução e recuperação de água são aplicados pela equipe, como a recuperação de água da lavadora de garrafas para utilização em utilidades, otimização do tratamento de água, redução do consumo de água na sanitização dos tanques, entre outros projetos desenvolvidos em todas as plantas da Coca-Cola FEMSA em operação no Brasil.
Regiele Marins, executiva de vendas da Mayekawa do Brasil, falou sobre Novos conceitos de refrigeração industrial para bebidas, iniciando pelo balanço energético nacional e o consumo da indústria. Depois mostrou os sistemas disponíveis para a indústria de bebidas. Apresentou também as vantagens e desvantagens do Sistema Centralizado e do Sistema Dedicado. Traçou um comparativo dos dois sistemas utilizando como padrão uma bebida gaseificada. Regiele Marins explicou que cada projeto varia muito de acordo com a necessidade do cliente e do que deseja em termos de negócio, meio ambiente e investimento.
Pequenas mudanças que reduzem custos na indústria de bebidas foi o tema abordado pelo especialista do Sistema Firjan/SENAI, José Gonçalves Antunes. O palestrante iniciou falando sobre a importância da apuração dos custos para se tomar uma decisão correta.
“Algumas empresas não têm sequer dados detalhados de suas linhas de produção, rendimento de insumos, eficiência de linha e outras informações essenciais para uma tomada de decisão precisa e que traga benefícios futuros”, explica Antunes. Também falou sobre a necessidade de focar no projeto e criar parâmetros para matéria-primas, processos, insumos e produtos, mantendo um controle permanente para uma constante melhoria e otimização desses custos. “ Pequenas perdas de processo, avarias em equipamentos e utilidades podem causar prejuízos gigantescos ao final de um ano de trabalho dentro de uma indústria de bebidas, sendo que a grande maioria desses eventos podem ser solucionados e os prejuízos evitados”, garante José Antunes.
André Trombe, Gerente de Vendas da Pall Corporation no Brasil, falou sobre Recuperação de soluções de Cip na indústria de bebidas. Segundo ele, soluções de CIP geralmente são preparadas a uma diluição de 0,5 a 5% de soda, sendo usadas na limpeza de equipamentos como tanques, linha, evaporadores, pasteurizadores etc. Esta diluição varia conforme a dificuldade de limpeza encontrada, e apenas uma parte da soda é consumida nessa limpeza.
“Essa solução, após o uso, pode ser recuperada dependendo do nível de contaminação que fica na solução. Geralmente a contaminação é matéria orgânica em suspensão (como macromoléculas, proteínas, fibras, contaminação microbiológica) e material dissolvido (açúcares, proteínas de baixo peso molecular etc)”, garante André Trombe.
Devido a carga orgânica presente na soda, geralmente as soluções de CIP podem ser usadas apenas uma vez, com descarte logo após o uso, gerando custos com químicos e água para produzir uma nova solução.
A solução da Pall para que isso não aconteça é o sistema de Microfiltração/Ultrafiltração em filtração tangencial, baseada em membranas cerâmicas de 50nm, para possibilitar o reuso máximo da solução de CIP. “O princípio do funcionamento é que na filtração tangencial, o fluxo de alimentação varre continuamente a superfície da membrana paralelamente à membrana de filtração. A separação ocorre quando o permeado (filtrado) passa através da membrana e o retentado é recirculado e concentrado”, explica André Trombe.
Transformação digital
No centro de uma profunda transformação que acontece globalmente precisamos escolher em qual lado queremos ficar, se queremos nos transformar e de que forma faremos essa trajetória. É preciso ser protagonista dessa transformação e, para isso, precisamos estar preparados e capacitados. Afinal, transformação digital é muito mais que tecnologia, é um processo essencialmente ligado a pessoas. Foi assim que teve início a palestra de Fausto Padrão, Gerente de Engenharia da Coca-Cola Andina Brasil, com o tema Indústria 4.0:Muito além da tecnologia.
Fausto fez uma abordagem da Indústria 4.0 e de suas principais ferramentas, como IoT, Big Data, Robôs autônomos, Realidade aumentada, Nuvem, Manufatura aditiva, Internet industrial, Cyber segurança, Simulação e Integração de sistemas. “E para onde essa Revolução digital nos leva?”, perguntou o executivo. “Vai nos levar para uma profunda transformação social com drásticas mudanças em todos os ambientes, em especial o corporativo onde profissionais e empresas terão que se reinventar se quiserem permanecer em seus mercados de atuação. Isso vai alterar modelos de gestão, culturas organizacionais e, inclusive a forma como nos relacionamos. “Teremos que reinventar nossos métodos de trabalho, repensar processos, otimizar tempos, aumentar a produtividade, melhorar ambientes de trabalho, integrar equipes, enfim há muito o que fazer e isso vai muito além da tecnologia pura e simplesmente”, explicou o palestrante a um público completamente envolvido e pensativo sobre como será esse novo mundo corporativo que está se desenrolando em nossa frente. E para acompanhar tudo isso o novo profissional terá que ter um mindset inovador , disruptivo e, claro, digital. Dessa forma, empresas e profissionais terão que se mostrar altamente capazes em transformar essas inovações em execução. Esse será o grande desafio dos líderes e das pessoas que irão trilhar esse caminho.
O Grupo Petrópolis, através de seus executivos, Alaercio Nicoletti Junior e Lucas de Almeida, também falou um pouco sobre sua jornada para a Indústria 4.0. Segundo Alaercio, as empresas estão buscando caminhos para implantar as ferramentas da Indústria 4.0 e para que isso aconteça é necessário a capacitação de toda a equipe. “Na Petrópolis buscamos alternativas que resolvam os problemas do dia a dia dentro dessa jornada do 4.0. Dessa forma, lançamos recentemente um desafio interno para integração de telemetria em re-giões remotas onde não havia acesso via wifi ou outra tecnologia. Tínhamos soluções propostas por empresas consolidadas e startups que tornavam o investimento proibitivo, sem payback justificável para a substituição das medições manuais. Nossos jovens engenheiros e estagiários desenvolveram uma placa conectada a um raspberry pi, integrando os dados via cloud e com o uso de data analy1tics com um investimento irrisório. A solução funcionou, a organização está satisfeita e a equipe com brilho nos olhos mergulhada em novos desafios”, explicou Alaercio.
Lucas de Almeida contextualizou todos os caminhos da Indústria 4.0 e como o Grupo Petrópolis vem utilizando desses conceitos e ferramentas para melhorar a gestão operacional na empresa. Apresentou como exemplo o Projeto Iara, citado anteriormente, mostrando na prática a utilização da Indústria 4.0 desde a metodologia para análise do problema, e depois a utilização de IoT, Cloud, Operação remota e Inteligência artificial.” Foi um trabalho de equipe onde encontramos soluções para’nossas dores‘ com custo baixo e com um grande aprendizado para todos”,complementou Lucas de Almeida.
Com 3 fábricas, 40 linhas e 2400 colaboradores, a Bom bril é uma das marcas mais conhecidas do consumidor brasileiro. Derick Vollbrecht Bruno, Gerente de Manutenção Corporativa, falou sobre a estratégia da empresa nessa escalada da transformação digital. Entre os assuntos abordados destacou a importância dos dados para tomada assertiva das decisões e para uma execução eficaz de todas as ações.“ As informações coletadas precisam fazer sentido ao usuário final. Não adianta pegar receitas prontas e empurrar para a equipe. Isso não funciona”, explica Derick. Por isso, segundo ele, é importante entender o momento atual da corporação e a partir daí atender os principais drivers de cada diretoria. Apresentou algumas aplicações de transformação digital que estão acontecendo na Bom bril como a utilização de robôs colaborativos e não-colaborativos para encaixotamento, paletização e posicionamento de frascos.
Especialista em business intelligence, Michel Zetun abordou um tema crucial para os negócios na atualidade: os dados. Tratado como o novo petróleo e o combustível da inovação, os dados estão disponíveis em quantidades cada vez maiores, mas precisam ser garimpados e tratados da maneira correta por cada Organização para tornarem-se relevantes e servirem como fator de dieferenciação no mercado.
“Mais importante do que ter dados é dar verdadeira utilidade a eles. Os dados são a matéria-prima da consciência do time, e é essa consciência expandida, do que funciona e do que não funciona que potencializa os resultados e gera o crescimento exponencial”, explica Michel Zetun. O especialista explicou que, por isso, o conceito de Data Thinking é todo baseado em dados e que as equipes devem estar organizadas com as competências e sempre em constante aprendizado.
Encerrou a apresentação destacando e descrevendo os quatro focos do Data Thinking: Modelo de gestão, Método de análise, Estrutura organizacional e Tecnologia analytics.
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Ponto de Encontro – Beverage Experience Day
Um público extremamente qualificado, ávido por informações e conhecimento esteve presente nos dois dias do Beverage ExperienceDay.
Sustentabilidade, transformação digital, eficiência, produtividade e inovação além de cases de sucesso foram os pilares da terceira edição do Beverage Day.
O evento é patrocinado por grandes fornecedores do setor de bebidas: Agavic, Döhler, Intechtra, Krones, Markem-Imaje, Mayekawa, McPack, Pall, Prozyn e Verallia.