Visitantes são convidados a participar da abertura das covas para enterrar/desenterrar as bebidas
Neste sábado (18), a Quinta do Olivardo, localizada em São Roque/SP, traz um dos jantares mais tradicionais e inusitados da casa: o jantar do Vinho dos Mortos.
A bebida, clássico da história portuguesa, causa uma certa estranheza e espanto devido ao nome, mas possui uma história rica, cheia de mistérios, detalhes, aromas e sabores.
A história do Vinho dos Mortos teve início em Portugal, no ano de 1807, durante a Guerra Peninsular. Após a invasão das tropas francesas em Trás os Montes e Beira Alta, as vilas foram saqueadas. Toda a produção de vinho e os alimentos colhidos no campo eram levados pelos invasores e para impedir o saque das bebidas, os colonos enterraram suas garrafas entre as pastagens, plantações de uva e debaixo das adegas e fugiram para salvar suas famílias.
Para a surpresa de todos, quando a guerra terminou e eles puderam voltar para casa, os moradores foram desenterrar suas garrafas, imaginando que estariam podres. Porém, não foi o que ocorreu. O enterro das bebidas deixou o vinho ainda mais saboroso, pois a terra possibilitou que as garrafas ficassem em um ambiente perfeito para o enriquecimento do sabor da bebida: escuro e com temperatura constante. Nascia aí a tradição do Vinho dos Mortos.
A adega e restaurante Quinta do Olivardo recria esta tradição todo o terceiro sábado do mês, recebendo visitantes dos quatro cantos do estado curiosos com esta rica história.
Ao chegar à casa, que fica toda ambientada com luzes de velas e tochas, os visitantes são convidados a percorrer os caminhos entre as videias em cortejo, para participar da abertura das covas para enterrar/desenterrar as garrafas.
Os turistas também podem adquirir uma garrafa numerada para enterrar e para voltar, depois de seis meses, para desenterrar e provar o vinho que ajudou a maturar. “É uma noite mágica. Deixamos a casa ambientada como as casas do período de 1807 e, ao som dos tradicionais fados portugueses, interpretados em voz, violão e guitarra portuguesa, revivemos esta rica história. É uma experiência única! ”, frisa Olivardo Saqui, proprietário da casa.
Para animar a noite, a fadista Marli Gonçalves prepara um repertório especial, com os principais sucessos da música portuguesa.