Antígenos identificam os animais contaminados com brucelose e tuberculose, as duas principais doenças e enfermidades da pecuária brasileira
“Não existe saúde animal, nem saúde humana. Existe apenas uma saúde. Cerca de 70% das doenças humanas têm origem nos animais”. É assim que o médico veterinário, Ricardo Spacagna Jordão, vê a importância dos trabalhos realizados pelo Instituto Biológico (IB-APTA) na área de imunobiológicos, usados para o diagnóstico de tuberculose e brucelose, que atacam diversos animais, inclusive os bovinos. Em 2014, o IB bateu recorde na produção dos kits disponibilizados aos pecuaristas brasileiros. Este ano, o Instituto produziu cerca de 3,7 milhões de doses, o que representa um aumento de 34% em relação a 2013. Com essa produção, é possível diagnosticar um milhão de animais a mais do que no ano anterior. Esse fato é de extrema importância para a pecuária nacional, já que o IB tem um dos dois laboratórios brasileiros que produz imunobiológicos. O Instituto Biológico é vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Este é o quinto ano consecutivo que o IB vem batendo recordes na produção. Os imunobiológicos são estratégicos para o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT). Os antígenos garantem o diagnóstico preciso e alimento seguro para a população. “Estávamos mantendo o ritmo de crescimento de 7% ao ano, porém, em 2014 participamos de uma reunião no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e nos foi solicitado que aumentássemos ainda mais a produção”, explica Antonio Batista Filho, Diretor-geral do IB.
Segundo Jordão, veterinário responsável pela produção de imunobiológicos no Instituto Biológico, a estratégia do IB foi a produção em partidas maiores e menos frequentes, visto que os estoques não estavam suprindo a demanda. Mesmo com o aumento expressivo, a produção brasileira dos antígenos ainda é insuficiente para atender às necessidades crescentes devido a novas adesões dos Estados ao PNCEBT. A falta dos produtos no campo gera prejuízos diretos e indiretos, a cadeia de produção, aos pecuaristas e ao controle e erradicação das duas mais importantes enfermidades que atingem o rebanho nacional.
O que são imunobiológicos?
Os imunobiológicos são antígenos usados para diagnosticar doenças, entre elas a tuberculose e a brucelose. O Instituto Biológico disponibiliza aos pecuaristas brasileiros kits para análise. Em caso positivo, o animal precisa ser sacrificado e a propriedade pode até mesmo ser interditada. “Caso a carne ou leite infectados sejam consumidos, as pessoas podem se contaminar com essas doenças, daí a importância de se fazer o controle sanitário”, afirma Jordão.
Os custos para manter a sanidade de um rebanho são bem menores do que as perdas que essas doenças podem causar. “O trabalho do IB tem grande influência no controle e erradicação da tuberculose e da brucelose, beneficiando a pecuária nacional e contribuindo para torná-la competitiva”, explica o médico veterinário do IB. Alguns países, como a Rússia, não importam carne de países com risco dessas doenças.
No Brasil, somente dois laboratórios produzem esses imunobiológicos, sendo um do Instituto Biológico, em São Paulo. Em 2008, o Laboratório de Produção de Imunobiológiocos do IB obteve a certificação ISO 9001:2000, que garante a qualidade dos produtos produzidos pelo Instituto paulista.
Segundo Jordão, em 2014 o MAPA estimou a necessidade de o Brasil produzir mais de 11 milhões de doses de imunobiológicos. “Esse incremento de produção que temos no IB, ano a ano, demonstra que podemos contribuir ainda mais com o Programa Nacional”, afirma.
Além da preocupação com a sanidade da carne, existe também o controle dessas doenças para a produção de leite. No Paraná os produtores terão que comprovar a sanidade em todo o rebanho leiteiro e apresentar a certificação de vacinação contra a brucelose ao fornecer o produto.