Fluxo de caixa é ferramenta imprescindível para uma gestão adequada nas empresas
* Benjamin Yung
Um dos problemas mais frequentemente encontrados nas empresas em dificuldades financeiras de curto prazo envolve o fluxo de caixa. Os motivos que explicam essa adversidade são vários. Má gestão, incapacidade de acompanhar o mercado e suas tendências, competição intensa, sucessão familiar mal planejada ou mal implementada, ausência ou ineficácia de controles gerenciais e falta de foco do negócio são algumas causas que integram essa lista.
Independentemente da empresa, do tamanho do problema ou de seu fato gerador, a pergunta que os empresários fazem é a mesma: quais medidas devem ser tomadas para sanar tal problema? A resposta para essa questão não envolve uma ação isolada, mas uma estratégia complexa, que abrange um plano detalhado que deve ser metodicamente implementado no intuito de equilibrar novamente as contas, bem como recuperar e reestruturar o caixa da empresa.
O primeiro passo a ser dado é criar, em conjunto com a equipe de gestão, um plano de ação emergencial, englobando de 30 a 90 dias. Nesse momento, o foco deve ser maximizar a posição de caixa de curto prazo da empresa. É durante esse período crítico que as estratégias visando ao equilíbrio financeiro são desenvolvidas.
Para que o resultado seja efetivamente alcançado, é necessário identificar e aumentar as fontes de geração de receitas, além de reduzir todos os custos ao seu mínimo absoluto. Liquidação de estoques, aperfeiçoamento do contas a receber e venda de ativos não operacionais, quando aplicável, são exemplos de ações que os gestores devem executar nessa fase da recuperação.
Considerado o desequilíbrio no fluxo de caixa da empresa, outra medida que não deve poupar esforços envolve a redução de custos e despesas. Isso implica até mesmo na redução da folha de pagamento, respeitando o mínimo necessário que evite afetar a missão da empresa. É preciso ressaltar, porém, que, embora possível, no Brasil, esse tipo de medida é bastante complexa, vis-à-vis as restrições das leis trabalhistas e a força dos sindicatos laborais.
Outra medida crucial envolve a gestão diária de pagamentos; estes devem ser pormenorizados em reuniões diárias, onde são direcionados apenas aos credores que contribuírem diretamente com receita, quais sejam, fornecedores de matéria-prima. Adicionalmente, há a necessidade de negociar intensamente com os demais credores, de modo a demonstrar total transparência com a situação, bem como assegurando o pagamento futuro do crédito remanescente.
Integradas, essas medidas trazem estabilidade ao fluxo de caixa no curto prazo. Apenas após a superação desse obstáculo os gestores estarão aptos a focar em questões mais estratégicas, no intuito de assegurar o sucesso da empresa no longo prazo.