Inovação urgente

Inovação urgente copo refrigerante - IngredientesDesafios do setor de refrigerantes para competir em um mercado em que os consumidores querem cada vez mais produtos saudáveis

* Por Letícia Corassa Neves

O desenvolvimento histórico dos refrigerantes se inicia no século XVIII, a partir das experiências do químico inglês Joseph Priestley, acrescentando gás em líquidos. Porém, a indústria desta nova bebida surgiu em finais do século XIX, nos Estados Unidos, com o lançamento do primeiro refrigerante com marca registrada, o Lemon’s Superior Sparkling Ginger Aleã. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA, “Refrigerante é a bebida gaseificada, obtida pela dissolução em água potável, de suco ou extrato vegetal de sua origem, adicionada de açúcares, devendo ser obrigatoriamente saturado de dióxido de carbono, industrialmente puro”.
No Brasil, a primeira grande fábrica de refrigerantes foi fundada no início do século XX e o mercado ampliou-se gradativamente. Nosso país se destaca no ranking de produção mundial de refrigerantes onde os Estados Unidos e México são, respectivamente, os primeiros da lista, seguidos do Brasil, que ocupa a 3ª posição. Conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não alcoólicas – ABIR, atualmente, o setor de refrigerantes emprega cerca de 300 mil trabalhadores.
Segundo o SICOBE – Sistema de Controle de Produção de Bebidas – foram produzidos 15 bilhões de litros de refrigerantes no ano de 2010 e 16,2 bilhões de litros no ano de 2011. Apesar do aumento de produção entre 2010 e 2011, dados da Nielsen revelam que o consumo de refrigerantes caiu cerca de 1% em praticamente todo o Brasil, com exceção dos Estados do Rio de Janeiro, que apresentou alta de 0,3%, e do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que tiveram um aumento de 0,8%. De acordo com a empresa, o consumo per capita de refrigerantes, era de 75 litros/ano em 2010 e passou para 74 litros/ano em 2011.
Assim como no Brasil, nos últimos anos o consumo de refrigerantes está diminuindo em diversos países,inclusive na meca de consumo deste produto que é os Estados Unidos, provocando mudanças estratégicas no setor. Multinacionais estão expandindo seu portfólio para outras bebidas com lançamentos de produtos mais nutritivos para atrair o consumidor (sucos, águas, chás, probióticos etc.) e muitas inclusive, buscam parcerias com empresas de outros segmentos alimentícios.
Inovação urgente lata refrigerante - IngredientesO rápido acesso à informação tem impactado nos hábitos alimentares da população e como consequência, vem crescendo a procura no mercado por alimentos naturais e mais nutritivos; além da preocupação com a estética, o consumidor busca uma melhor qualidade de vida. O crescente aumento de pesquisas na área de saúde que relacionam a incidência de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e obesidade com o estilo de vida do indivíduo, mostrou a necessidade de orientação da população sobre os fatores de risco dessas doenças, como a alimentação. Neste cenário, aumentaram as exigências do consumidor em relação à escolha dos alimentos e não só as características sensoriais como aroma, sabor e aparência são requisitos no momento da compra de um produto, mas principalmente seus aspectos nutricionais.
Para atender esta nova demanda o setor de refrigerantes tem encontrado grandes desafios para a- tender a preferência do consumidor por bebidas com apelo mais natural e saudável.
Desde a inclusão de produtos orgânicos às variações nas formulações dos produtos, como redução de gordura, açúcar, sal, aditivos artificiais e adição de ingredientes funcionais, como as fibras, vários são os exemplos de modificações que visam à obtenção de um produto mais saudável. Uma variável tecnológica a ser enfrentada pela indústria é a alteração na composição dos produtos sem comprometer suas características sensoriais.
Uma das tradicionais respostas às novas exigências dos consumidores foi o refrigerante diet/light. Como estratégia, a indústria eliminou o açúcar do produto para atrair o indivíduo que busca uma bebida sem adição de açúcar e com menos valor calórico. Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos e para Fins Especiais – ABIAD mostra que 62% da população associam os refrigerantes de baixa caloria à saúde. No Brasil, os edulcorantes – aditivos utilizados como alternativa para restrição de açúcar nos alimentos e bebidas – possuem limites máximos de uso conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Edulcorantes naturais ainda não utilizados em refrigerantes podem ser alternativas para o setor no sistema de adoçamento, trazendo uma nova opção ao consumidor moderno. As ten- dências, neste sentido, vêm ao encontro do aumento do uso de ingredientes naturais em contrapartida com o decrescente uso dos aditivos artificiais, principalmente os corantes e conservantes.
O desenvolvimento de refrigerantes a partir de novos sucos de frutas, que apresentem características físico-químicas e sensoriais compatíveis com os refrigerantes tradicionais e respeitem os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) propostos pela legislação brasileira é uma tendencia do setor. Segundo dados da ABIR, no Brasil, depois do sabor “cola”, os sabores guaraná, laranja e limão são os mais consumidos, mas além destes, são encontrados refrigerantes nos sabores uva, maracujá, framboesa, canela, entre outros. E neste quesito de sabor ,o nosso país tem uma fruticultura riquíssima que ainda não está totalmente explorada para a produção de novos tipos de refrigerantes, o que pode ser um atrativo para o consumidor que busca saudabilidade.
Outra característica importante no processo produtivo do refrigerante é a carbonatação, que consiste na dissolução do CO2 no meio líquido, etapa que realça o paladar e a aparência da bebida. O nível de carbonatação varia de produto a produto em função do aroma, sabor e das características de cada bebida. A tendência neste parâmetro é a diminuição do teor de carbonatação ressaltando o “flavor” do produto.
Na última edição do Congresso Brasileiro de Bebidas, organizado pela Afebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes no Brasil, o tema sustentabilidade foi muito discutido entre os participantes. Até o início da década de 90, a indústria utilizava em larga escala as embalagens de vidro, que eram devolvidas na aquisição de um novo refrigerante, o que caracterizava uma certa complexidade logística. Atualmente as embalagens mais utilizadas são as metálicas (latas de alumínio) e o polietilenotereftalato (PET), já inseridas dentro das propostas de reciclagem e cuidados com o meio ambiente, que trouxeram inclusive as embalagens plásticas retornáveis e o conceito de biodegradabilidade. O mercado de embalagem procura adaptar-se cada vez mais ao uso de embalagens sustentáveis que minimizam a geração de resíduo e desperdício além de manter sua função primordial de proteção do produto.
Enfim, o consumidor do século XXI é muito mais informado e consequentemente mais exigente na busca de novidades. Afinal, não se permite mais que as empresas parem no tempo neste novo mundo de alta competitividade. A indústria de refrigerantes inovadora terá produtos em embalagens biodegradáveis, sabores com frutas naturais ricas em ativos funcionais, baixo teor de carbonatação, isenta de corantes artificiais e de conservantes químicos e deste modo estará em sinergismo com os princípios corretos de benefícios e proteção ao meio ambiente e à saúde do seu consumidor.

* Letícia Corassa Neves
Bacharel em Ciências dos Alimentos
MSc. Paulo Garcia de Almeida
MasterSciences: Expertise Knowledge Solutions

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