Workshop de Cervejas Especiais, realizado pela Agrária,
apresenta tendências e novidades para a indústria cervejeira
Carlos Donizete Parra
Uma cerveja de autor merece um evento de autor. Isso mesmo. Foi isso que a Agrária proporcionou aos 400 cervejeiros presentes no Workshop de Cervejas Especiais realizado na sede da empresa, no distrito de Entre Rios, cidade paranaense de Guarapuava.
O evento proporcionou uma experiência única envolvendo conhecimento e networking. Foram três dias intensos com uma programação com mais de 20 palestras, cursos, visitas à maltaria, cervejaria experimental e ao Museu da Agrária, além de almoço e jantar com muita cerveja e música da melhor qualidade.
Entre tantas informações importantes passadas no evento, logo na palestra de abertura Alírio Caldera, da Weyermann, falou que uma cerveja precisa ter personalidade, ser única. Uma cerveja de autor, como chamam na Europa.
Os produtos com personalidade ganham cada vez mais destaque no cenário mundial. O consumidor quer produtos diferenciados e únicos no mercado. E aqui abrimos um parêntese: O evento realizado Pela Agrária é o melhor exemplo de um produto de autor. É um evento único, com DNA próprio. Suas características dificilmente serão copiadas por outro, mesmo querendo. Todos os ingredientes foram muito bem selecionados e executados por uma equipe genuína. A Agrária carrega em seu DNA o bom atendimento como uma de suas características marcantes, além do aconchego e carinho dispensado a todos, indiferentemente da empresa a que pertence e do cargo ocupado. A começar pelo local, um paraíso para deleite da maioria, principalmente daqueles que vivem em zonas urbanas. A programação foi muito bem planejada com palestras internacionais que mostraram tendências, além de informações técnicas indispensáveis ao dia a dia dos participantes. Somou-se aos internacionais, profissionais brasileiros de destaque em companhias de ponta do mercado brasileiro. O resultado não poderia ser outro senão o grande sucesso obtido no final do evento. No item atendimento impossível deixar de mencionar os almoços e jantares imprescindíveis para relacionamento e confraternização de todos os participantes, enaltecendo a qualidade do cardápio, preparado com maestria pelos profissionais selecionados pela Agrária. Momentos de muito prazer e descontração regados por cervejas maravilhosas. E, não podemos deixar de falar das bandas (formadas no Centro Cultural de Entre Rios) que alegraram e engrandeceram ainda mais o evento. Destaque para nossos colegas cervejeiros, os Alex(Schwarz e Weckl), quanta dedicação depois de um dia de trabalho.
Abertura
Em seu discurso de abertura o superintendente da Agrária, Adam Stemmer, disse que há 20 anos ninguém imaginava ser possível reunir quase 400 cervejeiros na Agrária, em Entre Rios, durante três dias, para um evento de conhecimento. “Mas, isso está acontecendo e estamos muito felizes e honrados por esse momento. O setor de cervejaria artesanal é totalmente diferente, demanda serviços, suporte, qualidade e características muito diferentes. Em certas situações parece muito mais dinâmico do que nós, mas fazemos todo o esforço para atender os cervejeiros com os melhores produtos e serviços disponíveis no mercado”, resumiu Adam Stemmer em seu discurso. A Agrária possui mais de 300 produtos em um amplo portfólio formado por parceiros nacionais e internacionais, além de grande variedade de maltes produzidos pela empresa em sua própria maltaria com capacidade de 350 mil toneladas de malte por ano.
Malte
A primeira palestra do dia foi conduzida por Alírio Caldera, consultor internacional da Weyermann, um dos principais fabricantes mundiais de maltes especiais. Mestre Cervejeiro e beersommelier, Alírio traçou um perfil da empresa enfatizando o aniversário de 140 anos completados em 2019. Com sede em Bamberg, cidade alemã com a maior densidade de cervejarias do mundo, mais de 300, e com um consumo de aproximadamente 280 litros de cerveja por ano, a Weyermann possui ainda mais duas maltarias, em Hassefurt e Clingen, além de uma unidade de recebimento de cereais em Lessau.
Alirio Caldera descreveu um panorama sobre a realidade das cervejas especiais. Segundo ele, há 30/40 anos a cerveja especial era uma cerveja craft, que era só produzida por pequenas cervejarias. Esse quadro mudou e, atualmente, as grandes cervejarias não só produzem suas próprias cervejas especiais como também compraram várias cervejarias artesanais espalhadas pelo mundo. “Atualmente, quase todos os estilos são conhecidos e descritos maravilhosamente por Guias de estilos como BJCP, MBAA E Beerstyle Guidelines mudando o conceito e o comportamento do consumidor de cervejas. O mercado tornou-se tão importante que até mesmo as grandes cervejarias se interessam por ele”, explica Alirio.
Essa mudança provoca um aumento da competitividade nesse mercado e a necessidade de se diferenciar para manter a preferência do consumidor. E como fazer isso?
Para ele, uma tendência desse mercado são os produtos com identidade, Signature Products. Uma bebida com autenticidade de identidade é uma bebida exclusiva e original, que representa a natureza da pessoa do bar/pub.” Uma refeição autêntica é, no sentido mais restrito, a referência a um prato que tem a assinatura de um chef. Mais exatamente um prato que representa toda a filosofia culinária e criatividade, bem como a arte de um chef ou confeiteiro”, assegura o executivo da Weyermann. Esse conceito de produto com assinatura, também chamado de produto de autor, pode ser uma estratégia muito interessante para as cervejarias diferenciarem seus produtos em um mercado cada vez mais repleto de boas cervejas.
Como exemplo desses produtos de autor é possível citar as cervejas de bandas como Iron Maiden, a brasileira Sepultura e de tantas outras no mercado. Para Alirio Caldera, vários fatores são essenciais para que um produto tenha identidade, como técnicas de produção minuciosas, qualidade, coragem para assumir riscos e a utilização de matérias-primas de qualidade. Alirio focou o final da apresentação para descrever os fatores que considera mais importantes em uma matéria-prima de qualidade. São eles:
- Diversidade
- Origem
- Técnicas de produção
- Confiabilidade
- Qualidade
- Singularidade
A Weyernann possui um portfólio de mais de 85 maltes especiais, produzidos com matérias-primas de regiões de terroir muito adequados para uma cerveja de autor, como Itália (Veneza), Alemanha (Turingia, Sachsen e Baviera) e República Tcheca (Bohemia). Entre os maltes citados pelo palestrante destaques para o Barke e o Eracléa.
Maltes especiais para produção de whisky
Impulsionado pelo movimento de cervejas artesanais na Alemanha, o segmento de destilados craft também experimenta uma franca expansão. As cervejarias encontraram nos destilados uma maneira de expandir seus portfólios. O consumidor alemão entende que os insumos e matérias-primas utilizados na fabricação são de melhor qualidade que os destilados industrializados. O coordenador de destilação na Weyermann, Philipp Schwarz, descreveu assim o mercado alemão de destilados artesanais, ressaltando o produto como uma boa oportunidade de negócios em várias regiões.
Segundo o palestrante, destilação é a separação térmica de uma solução líquida, onde uma porção é evaporada e depois condensada. A separação acontece pela diferença dos pontos de evaporação de cada um dos componentes desta solução. Sendo que apenas aromas contidos na mostura podem ser separados pela destilação. E a qualidade e o sabor do destilado está intimamente relacionado a qualidade da matéria prima.
Philipp apresentou as duas técnicas de destilação, a destilação clássica por alambique e a destilação de coluna.
No processo clássico de destilação (destilação feita apenas no capitel / capacete / pescoço de cisne) é utilizado alambique simples.
Os mais conhecidos produtos europeus, Scotch Whisky e Conhaque, por questões históricas, ainda são fabricados pelo processo de alambique. Nesse processo, o aquecimento da mostura é lento e a velocidade de destilação não deve ultrapassar 10 litros por hora. A destilação deve ser finalizada quando o destilado estiver saindo com 5% a 10% v/v de álcool.
Na destilação de coluna, o aquecimento do destilador é lento, sendo que a velocidade de destilação deve ser mantida a uma vazão de 6 litros por hora e deve haver a separação da cabeça, coração e cauda.
Um outro método apresentado pelo palestrante foi o de Retificação (Coluna) e, segundo ele, segue o mesmo princípio de Coluna com a diferença que o líquido sobe e volta pela coluna até se tornar um produto mais puro. Com essa técnica, é possível em um prazo de aproximadamente três anos servir um whisky maturado em barris de madeira de extrema qualidade, enquanto um whisky produzido em alambique simples necessita de tempo de maturação ao redor de dez anos. Na Alemanha, esse processo está sendo bastante utilizado. Tem como grande vantagem extrair um produto mais puro e concentrado num único processo. Apresenta uma concentração de álcool superiores muito menor, resultando destilados mais aromáticos e com necessidade de tempos menores para a maturação.
Phillipp falou também sobre os maltes especiais utilizados na produção de destilados. “Como os componentes de aroma e sabor contidos na mostura são também extraídos na destilação, torna-se muito importante a utilização de maltes especiais para fabricação de whiskies premium”, explicou o mestre em destilação da Weyermann. Segundo ele, com a utilização de maltes especiais, o destilador pode criar uma receita com grande diversidade de nuances e, portanto criar um produto único. “ Os maltes especiais como Special W ou Cararye conferem ao whisky um aroma agradável e complexo. Se comparado com destilados que foram produzidos apenas com maltes claros há uma nítida diferença,”completou. Para ele, o Special W é um dos maltes mais interessantes para destilação, enquanto o Cararye é um irmão mais leve e suave do Special W.
Weyermann® Destilaria
Cultivo da Cevada cervejeira no Brasil
O tema sobre cevada foi brilhantemente abordado por Noemir Antoniazzi, um dos principais conhecedores de cevada no Brasil. Noemir falou sobre a origem, morfologia, estrutura do grão, utilização e aplicações na cerveja. Também abordou a influência do manejo e tratos culturais na qualidade e produtividade da cevada, doenças/pragas e principais métodos e técnicas para contrôle. Por fim, falou sobre o potencial do Centro-Oeste brasileiro como uma nova fronteira para o cultivo da cevada, apresentando-se como mais um pólo de cultivo desse cereal no Brasil. “A cevada é a base da produção de malte, principal negócio da Agrária Malte, por isso as questões relacionadas ao desenvolvimento, pesquisa e qualidade merecem atenção especial da empresa”, ressaltou Noemir durante sua apresentação.
Dosagem de lúpulos
Em sua palestra, Andreas Gahr, da HVG falou sobre compostos do lúpulo, complexidade do amargor da cerveja, cálculo da dosagem de amargor, rendimento e fatores de influência nas diversas fases do processo. De acordo com Andreas, os diferentes compostos de amargor sofrem perdas de acordo com sua polaridade durante o processo de produção da cerveja.
Na questão do rendimento, Andreas foi muito enfático ao afirmar que o brasileiro perde muito rendimento de lúpulo no processo, principalmente porque o conhecimento sobre o cálculo de dosagem do lúpulo é ainda muito baixo. “ Com isso, gasta-se muito mais lúpulo do que deveria”, afirmou Andreas. Diversos fatores desempenham um papel importante para as taxas de transferência de compostos de amargor e, portanto, para o rendimento de lúpulo. Por isso, o conhecimento desses fatores são essenciais para estimar o rendimento e realizar a dosagem correta de lúpulo, nem para mais e nem para menos.
Entre os fatores que interferem na brassagem estão tempo e temperatura, valor de Ph, tipo de produto de lúpulo, frescor do lúpulo, dosagem do lúpulo e densidade. Na fermentação, tempo e temperatura se repetem como principais fatores que interferem no rendimento, além de pitching rate, vitalidade da levedura, purgas e amostragem para rendimento. Na filtração os fatores são o tipo da filtração e a quantidade do material filtrante. No envase e pós-envase, Andreas citou o oxigênio, perdas na pasteurização e perdas no envelhecimento da cerveja como fatores que comprometem o rendimento na cerveja.
Entre as recomendações gerais para dosagem do lúpulo, o palestrante citou que a dosagem aromática no final da fervura com 20g/l não possui grande efeito e que para atingir algum efeito é preciso uma dosagem de óleos mínima de 0,2 ml/hl a 0,5 ml/hl.
Adição tardia de lúpulos
A palestra Adição tardia de lúpulos – nada novo mas um novo entendimento, apresentada por Florian Schull, da HVG, mostrou que combinando amargor e aroma é possível produzir uma cerveja com muita personalidade. “Usando variedades específicas de lúpulos e combinando várias adições no processo é possível conseguir um sabor único e inigualável na cerveja”, explicou Florian aos participantes do Workshop de Cervejas Especiais promovido pela Agrária.
O lúpulo na cerveja pode gerar amargor através de ácidos Iso-alfa, impressões de aroma pelos componentes aromáticos, impressões de sabor através de substâncias solúveis em água como polifenóis e glicosídeos, conferindo corpo, sensação na boca, drinkability e harmonia à cerveja, assim como melhorar a estabilidade da espuma e do paladar.
“Atualmente, são identificados mais de 400 compostos aromáticos no lúpulo, por isso, o aroma do lúpulo é muito complexo”, falou Florian.
Ele explicou ainda que o óleo de lúpulo é a soma de todos os compostos que volatizam no vapor. O teor e a quantidade de lúpulo dependem de vários fatores e, por essa razão é preciso conhecimento para escolha do lúpulo adequado para o estilo de cerveja a ser produzida. Dependendo da variedade, safra, região e processamento do lúpulo será obtido o óleo na faixa entre 0,2 ml a 4 ml por 100g de lúpulo seco. Outra questão é que dependendo da volatilidade de uma substância perde-se de 20% a 60% do teor inicial no lúpulo verde durante a secagem do lúpulo (que é conduzida até 10%), ou seja, é possível perder até a metade do composto na secagem.
Diversos fatores podem impactar os aromas de lúpulos nas cervejas. Isso pode acontecer na brassagem, fermentação, maturação e filtração. Por isso, alguns cervejeiros optam por adicionar o lúpulo mais tardiamente ao processo, procurando criar um aroma mais nítido à cerveja, além de tentar melhorar o corpo e a estabilidade da cerveja. Outro motivo é o de proporcionar um amargor mais agradável ao produto final. “Resumindo, entre outras coisas, é importante destacar que o cervejeiro só consegue criar uma intensidade de aroma de lúpulo aproximadamente comparável em suas diversas produções, se ele conhecer o potencial aromático dos lúpulos”, garantiu Florian.
Acrescentou também que o critério “teor total de óleo do lúpulo” como é usado atualmente não satisfaz completamente, porque há um erro significativo de comparabilidade e repetibilidade. “Mais exato, porém mais complicado e caro já que precisa fazer uma análise de cromatografia gasosa, parece ser a dosagem baseada no teor de linalool”, finaliza Florian Schull.
Complexidade das leveduras
Brian Perkey, da Lallemand, fez um breve resumo sobre os componentes do lúpulo e de como eles podem ser modificados pelas leveduras durante a fermentação. As leveduras são complexas e muitos componentes podem influenciar o comportamento delas durante a produção de cervejas. Entre os fatores que influenciam são: cepa do fermento, contagem de células, temperatura, ponto de adição de lúpulo e tempo de contato. Falou também sobre a biotransformação, definindo-a “como uma alteração de compostos orgânicos por organismos ou enzimas”. Segundo ele, a biotransformação é muito complexa e, por isso, ainda temos muito a conhecer sobre esse processo.
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A diretora de marketing e vendas da Lallemand, Sylvie Van Zandycke, apresentou a palestra Os sinais vitais da levedura cervejeira e como evitar estresse. Segundo a executiva, as leveduras envelhecem de acordo com a quantidade de vezes que ela se multiplica durante a vida e depois de uma certa quantidade(cerca de 40) de multiplicações ela morre. Sobre reidratar ou não a levedura ela deu a seguinte orientação: se você tem alguma dúvida sobre reidratação ou como fazer – não reidrate. “Não reidratar, não vai comprometer sua cerveja. Reidratar corretamente vai permitir à levedura lentamente voltar à sua forma original”, explicou Sylvie. Isso é mais importante, segundo ela, para cervejas high-gravity, leveduras lager e refermentação em garrafas.
Quanto ao estresse da levedura, a palestrante disse que a levedura estressada para de se multiplicar para deixar as coisas mais calmas e se o stress cessar ela volta a se multiplicar. Para evitar o stress é importante fazer a reidratação corretamente ou não reidratar; reutilizar a levedura de 5 a 10 vezes no máximo e de acordo com a cepa; não reutilizar a levedura após dry hopping, high gravity e após o uso de especiarias; manter níveis adequados de zinco especialmente para high gravity, entre outras coisas, sendo que o melhor sempre é previnir o estresse do que ter que lidar com ele. “É sempre muito importante também escolher a cepa correta para o perfil sensorial correto, além de seguir as recomendações do fabricante, lembrando que uma cepa é diferente da outra”, finalizou Sylvie.
Leveduras específicas para cervejas sem álcool
Marcelo Barga e Bianca Della Bianca, diretores da Bio 4, traçaram um panorama do mercado de cerveja sem álcool e seu potencial de crescimento no Brasil. Explicaram sobre os desafios sensoriais do produto e as dificuldades que a legislação brasileira impõe para o sucesso desse produto no mercado. Mostraram as técnicas de produção disponíveis com fermentação convencional e não convencional, assim como a utilização de leveduras específicas como a Ludwig e outras. Também falaram sobre análises sensoriais e testes disponíveis para assegurar a qualidade das cervejas sem álcool.
Coadjuvantes e aditivos
Na palestra Uso e dosagem de aditivos e coadjuvantes “Back to basics”, Fábio Bax, gerente de pesquisa da Prozyn, mostrou a importância da qualidade do shelf-life da cerveja e como o tempo pode impactar a estabilidade sensorial, coloidal, microbiológica e da espuma. “Ter uma cerveja estável não é uma tarefa fácil. Para isso, alguns aditivos e coadjuvantes de tecnologia contribuem para um resultado melhor do produto final”, garante Fábio Bax. Segundo Fábio, as cervejarias estão aumentando cada vez mais a utilização de coadjuvantes de tecnologia com objetivo de reduzir tempos de produção, aumentar a eficiência do processo e melhorar a qualidade do produto final. Vários fatores como reações de oxidação, aumento da concentração de aldeídos, desenvolvimento de off-flavors contribuem para o envelhecimento sensorial e perda de drinkability da cerveja ao longo do tempo.
A estabilidade coloidal também pode ser afetada provocando maior turbidez da cerveja, além de provocar sabores adstringentes e um amargor não proposital ao produto, entre outras características que podem ser alteradas pelo tempo. A estabilidade da espuma, assim como a estabilidade microbiológica também foram pontos considerados por Fábio Bax que podem ser melhorados com a utilização de aditivos e coadjuvantes.
Grupos de microorganismos deteriorantes de cervejas como Pediococcus sp., Lactobacillus sp. e leveduras selvagens podem causar turvação, presença de sedimentos, além de alteração de sabor e aroma na cerveja. Isso tudo pode ser influenciado por condições de formulação da cerveja, do manuseio e estocagem do produto.
O palestrante definiu ingredientes, aditivos, coadjuvantes alimentares e enzimas e apresentou uma gama de soluções disponíveis para o uso em bebidas.
Equipamentos
A KHS, fabricante de máquinas e equipamentos para produção e envase de bebidas, iniciou sua palestra sobre Dimensionamento de linhas apresentando o tradicional Gráfico em V.
A partir daí, Vagner Bonini, Line Design Manager da empresa, destacou a importância do dimensionamento de linha para uma produção eficiente e com qualidade.
O lay-out precisa ser definido de acordo com as necessidades de cada cliente, respeitando questões como espaço a ser ocupado, agrupamento de máquinas, acessos extras, posicionamento das máquinas conforme conceito de área seca e úmida, definição de acordo com áreas de operação e número de operadores, escolha de máquina crítica, entre outros fatores essenciais para definição do projeto.
A KHS realiza esse planejamento e projeto, assim como treinamentos, pós-vendas e outros serviços para as indústrias cervejeiras, incluindo as craft beers que possuem volumes menores e necessidades específicas. “Estamos preparados para atender e prestar todo tipo de suporte a esse novo segmento de cervejarias artesanais que vem crescendo consideravelmente no Brasil nos últimos anos”, garante Narciso Vieira, Key account manager da KHS do Brasil.
Embalagem
Um dos principais fabricantes mundiais de embalagens, a Verallia reafirmou aos participantes do Workshop de Cervejas Especiais seu compromisso com o mercado brasileiro de bebidas. Para isso, recentemente a empresa inaugurou uma das mais modernas fábricas de garrafas de vidro do mundo, em Jacutinga, Minas Gerais.
Com investimento de 330 milhões de reais, a fábrica atenderá os segmentos cervejeiro, alcoólico e vinícola com garrafas nas cores âmbar e verde.
Além de Jacutinga, a Verallia possui unidades em operação em Porto Ferreira(SP) e Campo Bom(RS). Felipe Santos, gerente da área de cervejas, apresentou o portfolio de produtos e serviços da empresa para o mercado de bebidas e salientou que o aumento da capacidade de produção proporcionada pela nova fábrivca vai contribuir bastante para agilidade e flexibilidade da Verallia no mercado brasileiro. Também mostrou as características do vidro e suas vantagens frente às outras embalagens disponíveis no mercado. ‘O vidro agrega valor ao produto, além de manter a temperatura (gelada) por mais tempo. São diferenciais importantes para competitividade das cervejas num ambiente cada vez mais competitivo como é o caso do Brasil’, finalizou o executivo da Verallia.
Limpeza e sanitização
Em sua palestra CIP em cervejarias – ganhando produtividade sem perder a qualidade, Antonio Tebas, da Diversey, apresentou as principais técnicas de limpeza nos processos de brassagem, fermentação, envase, tanques e outros acessórios como bombas, mangueiras e tubulações.
Também falou sobre os principais químicos que podem ser utilizados, dosagens indicadas, eficácia, padronização de limpeza, passivação, além de mitos e verdades sobre limpeza nas cervejarias.
Água cervejeira
O especialista da Firjan/Senai, José Antunes, mostrou a importância da água para o processo de fabricação de cervejas, destacando critérios econômicos e tecnológicos.
A água é uma das principais matérias-primas das bebidas, mesmo assim a maioria das novas cervejarias tem alguma dificuldade em lidar com ela. Sem contar o fato de que o desperdício de água ainda é bem grande nesse segmento. O consumo de água nas cervejarias gira entre 3,5 litros a 12 litros de água por litro de bebida acabada. E a pergunta do palestrante foi “O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO PARA REDUZIR ESSE CUSTO?”
Antunes traçou um panorama geral mostrando as características químicas e físicas da água e sua correta utilização como água cervejeira. “Saber utilizar a água pode fazer a diferença no rendimento da mosturação e fermentação, assim como contribui sobremaneira para a melhoria da qualidade da cerveja”. Explicou também o comportamento da água em equipamentos, acessórios e tubulações em uma fábrica de cervejas, sendo categórico ao afirmar que a utilização incorreta da água no processo cervejeiro pode ocasionar problemas ao produto final. Terminou sua palestra falando sobre algumas formas de tratamento e as melhores opções de acordo com o tipo e tamanho do negócio cervejeiro. Fez, ainda, algumas recomendações para melhor utilização da água tanto nos aspectos de qualidade, como econômico e de sustentabilidade, lembrando sempre que a água é um ponto crítico e precisa receber cuidados especiais.
Ponto de Encontro
Eles gostaram muito
“O evento é fundamental para trazer conhecimento com informações de palestrantes internacionais com tendências de ingredientes, processos e equipamentos. Tudo o que precisamos investir para continuar crescendo”, Breno Garrefa, Lund
“Achei excelente a troca de experiência com profissionais de níveis muito diferentes. O setor só ganha com isso, é uma excelente oportunidade para todos adquirirem conhecimento técnico”, Celio Miyagui, Heineken
“O evento completou dez anos e conseguiu reunir quase 400 pessoas, empresas de grande e pequeno portes estão presentes. Todos trocando experiências e conhecendo novas tecnologias, ingredientes e soluções fundamentais para o dia a dia das cervejarias”, Juliano Rost, Prozyn
“É um encontro que agrega muito conhecimento e networking com certeza são eventos como esses que trazem novas ideias e novos produtos para o futuro das fábricas”, Gustavo Assoni, Cervejaria Ravache / Convenção
“É muito importante que o Brasil tenha empresas que promovam essa transferência de conhecimento. Esse evento proporciona atualização profissional, ao mesmo tempo que proporciona o contato entre diferentes níveis de profissionais do setor”, Rogério Wonhardt, Cervejaria Malta
“Participo deste evento todos os anos, desde o primeiro, e posso garantir que cresceu muito, tanto no número de pessoas quanto na qualidade dos temas apresentados. Apesar da internet e de outras facilidades, esse modelo de evento que traz profissionais de outros países, é muito bom. Cada ano aprendemos coisas novas e fazemos novos contatos. É muito bom para o mercado”, Gerhard Beutling, Heineken
“Informação e experiência é sempre útil e muito bem vinda para nossa vida profissional. E esse evento proporciona informação técnica e relacionamento muito agradável”, Rüdiger Görtz, Grupo Petrópolis
“Palestras muito boas, uma atualização muito importante para mim, além de networking sensacional, Eduardo Müller, Grupo Petrópolis
“Atualmente, é um dos principais eventos cervejeiros do Brasil. Permite a transferência de conhecimento entre grandes e pequenas cervejarias. Isso é excelente para o mercado”, José Antunes, Firjan
“A diversidade é muito importante para o crescimento do setor, permite a troca de conhecimento e a utilização desse material no dia a dia das cervejarias vai ser muito rápido”, Antonio Tebas, Diversey
“Um evento de extrema importância ao setor. Muito bem organizado, de altíssima qualidade como tudo que é feito pela equipe da Agrária”, Felipe Santos, Verallia
“Maravilhoso, queria agradecer a Agrária, aos palestrantes, professores e colegas pelos dias que passei com todos aqui. Saímos mais fortes e espero que todos aproveitem e apliquem o que aprendemos no dia a dia de suas cervejarias”, João Leite, Kremer Cervejaria