Desde as primeiras plantações no Brasil, na década de 1970, a cevada vem se destacando pelo aumento de produtividade e qualidade, graças aos melhoramentos genéticos e implementação de adequadas técnicas de cultivo no campo
Noemir Antoniazzi
A cevada cervejeira é um cereal proveniente e adaptado às condições de temperaturas baixas (clima temperado). Essa característica possibilitou aos países vizinhos como o Uruguai e a Argentina, que estão em latitudes maiores que o Brasil, uma melhor condição climática para o cultivo deste cereal. As melhores regiões brasileiras estão situadas nos estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), em áreas com altitude superior a 700 m. Mesmo nestas regiões existem riscos inerentes à frustração de safra e perda da qualidade do produto para fins cervejeiros, devido à instabilidade climática, durante o período de cultivo dos cereais de inverno. No Brasil, diferentemente das outras partes do mundo que cultivam cevada, toda a produção é destinada às maltarias para produção de malte cervejeiro, não existindo ainda um mercado alternativo que possa absorver grandes volumes de cevada fora dos padrões cervejeiros.
Esta situação aumenta a dificuldade na difusão da cultura mesmo nas regiões consideradas aptas ao seu cultivo. Para garantir maior regularidade na oferta de cevada para fins cervejeiros as empresas fomentadoras do produto, formalizam contratos de compra da produção com preços pré-fixados, onde garantem a aquisição da produção, desde que atinja os padrões de qualidade estipulados. No entanto, os efeitos destas dificuldades foram, em boa parte, amenizadas pela ação da pesquisa e experimentação.
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A história da pesquisa e do cultivo de cevada cervejeira, na Cooperativa Agrária iniciou na década de 70, mais precisamente no ano de 1973, quando foram plantadas as primeiras lavouras comerciais, pelos cooperados da Agrária. Naquela época pouco se conhecia sobre genética e tecnologia de cultivo de cevada cervejeira no Brasil, uma vez que tanto as cultivares como o sistema de cultivo eram espelhados nas condições europeias, que possuem clima e solo completamente diferentes. Naquela época, a produtividade média obtida nas lavouras comerciais era em torno de 1,0 tonelada/ha. Com o passar dos anos, graças ao avanço do melhoramento genético, no desenvolvimento de novas cultivares, melhor adaptadas às nossas condições de produção, bem como a implementação de adequadas técnicas de cultivo no campo, conseguiu-se aumentar gradativamente a produtividade média da cevada para 4,5 toneladas/ha, com um incremento da ordem de 60kg/ha/ano. Outra evolução significativa observada ao longo destes anos foi com relação à qualidade industrial do malte produzido a partir da cevada nacional, sendo nítida a melhoria destas características qualitativas alcançadas com o passar do tempo.
O sucesso observado na cultura da cevada na Cooperativa Agrária deve-se,principalmente, ao empenho de três pilares importantes que estão envolvidos na cadeia produtiva deste cereal que é a pesquisa, a assistência técnica e o produtor, ou seja: a pesquisa oferecendo ao mercado/cultivares melhoradas, mais competitivas e melhor adaptadas, bem como o desenvolvimento de técnicas de cultivo adequadas para a produção no campo; a assistência técnica levando de forma profissional e particularizada estas informações até o campo e, por fim, o agricultor / implementando todas estas tecnologias, de forma adequada e no momento certo. A profissionalização da produção de cevada na Cooperativa Agrária contempla outros fatores além das práticas agrícolas empregadas no campo, tais como, segregação por cultivar e outras características de qualidade da cevada no momento da recepção, secadores para secagem com calor indireto, silos de concreto especialmente adequados para manter a qualidade da cevada, dentre outros.
Outra preocupação da Cooperativa em relação à produção de cevada está relacionada à preservação do solo e da água e do meio ambiente como um todo. Neste importante fator, os estudos da pesquisa estão focados para o uso racional e eficiente dos defensivos agrícolas, passando pela avaliação criteriosa da pesquisa da FAPA, que estuda minunciosamente todo e qualquer insumo antes de indicar sua utilização nas lavouras dos seus cooperados.
Em resumo: a profissionalização e a competência do setor produtivo da cultura de cevada (pesquisa, assistência técnica e cooperado), assim como a dedicação e seriedade empregadas na cadeia produtiva da cevada pela Cooperativa Agrária, tem como finalidade entregar aos seus clientes um malte dentro das especificações exigidas por eles, a partir dos cuidados na produção com qualidade da matéria prima cevada, graças ao procedimento adotado em todo o processo, desde a produção no campo, a recepção e armazenagem, aliada à mais moderna tecnologia industrial durante a malteação, ou seja: excelência do campo ao copo, permitindo maior competitividade no mercado nacional e internacional de malte cervejeiro, alicerçado pelo domínio completo de toda a cadeia.