A experiência do cultivo do lúpulo na serra fluminense

Projeto iniciado em 2018, em Teresópolis, já recebeu cerca de R$ 5 milhões em investimentos
e está na sexta fase de desenvolvimento

Por Diego Gomes

 

Iniciamos o Programa do Lúpulo no Grupo Petrópolis em novembro de 2018, com o objetivo de desenvolver e fomentar a cultura da produção de lúpulo nacional. Atualmente, temos nossa plantação na Fazenda São Francisco, em Teresópolis, RJ, com 13.175 plantas em uma área de 5,85 hectares, com 15 cultivares diferentes.

Decidimos, desde o início desta jornada, ter uma participação ativa entre os pilares que consideramos que serão capazes de propiciar o sucesso dessa cultura no Brasil, ou seja, a atuação conjunta entre setor privado, universidades e poder público. Nossa abordagem abraça toda a cadeia desde o cultivo, passando pelo processamento e o fomento da produção de cervejas que possam ser desenvolvidas com base nessa experiência tropicalizada.

Foi assim que também tivemos a satisfação de desenvolver e disponibilizar, por meio do nosso canal de comercialização Bom de Beer, a cerveja Black Princess Braza Hops, que foi a primeira produzida com o lúpulo cultivado em nossa fazenda, em um trabalho conjunto com o Centro Cervejeiro da Serra, em 2020. A Braza Hops é uma German Pilsner, estilo elaborado em 1870, na Alemanha. Como tal, apresenta cor dourada, coberta por um colarinho branco e duradouro. No aroma e paladar, o lúpulo se sobressai ao malte, e nesta receita em especial utilizou-se a variedade Comet, que confere aroma e amargor à cerveja.

O lúpulo Comet foi adicionado na receita da Braza Hops ainda fresco, em flor, para otimizar seu potencial aromático e ressaltar ainda mais suas características de frescor, por meio de notas cítricas, florais, com suave herbal e picância. No paladar a Braza apresenta corpo, amargor, sabor e refrescância na medida certa, próprios para uma Pilsner.

A primeira edição da Braza Hops foi um sucesso e esgotou rapidamente em nosso e-commerce. O público que degustou pedia muito uma reedição e ela foi feita agora, em julho de 2022. O público poderá matar a saudade do sabor do lúpulo da serra fluminense, que se destaca na bebida. A segunda edição do rótulo Braza Hops teve envase de 2 mil long necks.

Desde 2021 o nosso lúpulo em flor também passou a ser comercializado em nosso site, em embalagens de 100g. Este ano demos mais um passo à frente nesta jornada e estamos trabalhando para disponibilizar para venda on-line o lúpulo peletizado, formato em que é colhido, seco em estufa, triturado inteiro e comprimido em formato de pellets.

Em nosso projeto de cultivo do lúpulo, somos muito precisos nas avaliações dos resultados de cada ciclo vivido, para determinar o próximo passo a ser dado. Por isso, o projeto está subdividido em diferentes focos, para que a gente seja capaz de acumular distintos conhecimentos simultaneamente e, assim, acelerar o processo de aprendizado e disseminação da cultura.

 

Fases do projeto e cultivo

A Fase 1 é uma área voltada para pesquisa e desenvolvimento, em parceria técnica com a UFRRJ e a Embrapa. Por meio dessas pesquisas, conseguimos desenvolver novos métodos de manejo do solo e identificar as cultivares que melhor se adaptam à região e ao clima. Além disso, produzimos internamente um fertilizante orgânico feito do bagaço de cevada, gerado no processo cervejeiro, junto ao farelo de mamona, o bokashi, parte do Programa de Economia Circular do Grupo Petrópolis. Com ele, o Grupo teve redução de custo com compra de fertilizantes industrializados e melhoria da estruturação física, química e biológica do solo. O bokashi é produzido na Fazenda Santa Rosa, localizada ao lado da fazenda São Francisco, onde fica nossa plantação de lúpulo. Em 2021 foram produzidas 105 toneladas deste fertilizante natural.

Na Fase 2, já tivemos três safras e aplicamos constantemente todos os estudos realizados na Fase 1, voltados para manejo do solo, suplementação luminosa e irrigação, com o objetivo de aumento de produção e produtividade.

As fases 3, 4 e 5 são áreas de expansão do programa que espelham experiências acumuladas nas fases 1 e 2, porém em uma área com características desafiadoras e que representam o relevo predominante da região serrana.

Vale lembrar que uma nova área piloto foi aberta nas dependências de nossa fábrica em Uberaba-MG em junho de 2021. Esse novo experimento oferece a oportunidade de avaliar o comportamento da cultura do lúpulo em uma região com características de relevo e clima completamente diferentes da região serrana do Estado do Rio. Em novembro de 2021, foi realizada a colheita das cultivares plantadas, com resultados que contribuíram para a decisão de expandir o cultivo na região.

O processamento após a colheita é um capítulo especial, em que trabalhamos com determinação, para que os cones que chegam do campo tenham suas características preservadas. Estamos empenhados em, aos poucos, identificar e destacar as propriedades advindas da tropicalização. Aqui, também avaliamos que se encontra o principal elo entre os pequenos produtores e o escoamento da produção, por existir a possibilidade de se transformar em unidade centralizada e otimizada de recursos, capaz de acolher e processar a produção da região.

 

Diego Gomes, diretor Industrial do Grupo Petrópolis

 

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