Na trilha do Tio Sam

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Utilizar os Estados Unidos como modelo de negócios pode ser um bom objetivo para os produtores de cervejas artesanais no Brasil

Por Carlos Donizete Parra

As relações entre Brasil e Estados Unidos estão entre as mais antigas e duradouras do continente americano. Os dois estão entre os maiores países do mundo em território, população e economia. Os Estados Unidos são o maior parceiro comercial do Brasil, que por sua vez possui importância na segurança e na mediação de conflitos na América do Sul.
Mas, o que isso tem a ver com a cerveja? Nada, como diria Tadeu Schimdt, no Fantástico. Ou melhor dizendo, tudo a ver.
Temos hábitos parecidos e somos muito próximos culturalmente de nossos colegas americanos. Falando de cerveja, podemos fazer uma breve viagem pela escola americana, lembrando de cara que é a mais jovem das escolas cervejeiras, estabelecida há algumas décadas.
Um dos trunfos dessa escola é ter incorporado as outras três (alemã, inglesa e belga) em uma totalmente nova.
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A Lei Seca foi o grande marco da escola americana de cerveja. Em 1920, quando foi promulgada, os Estados Unidos tinha em torno de 1800 microcervejarias, grande parte operada por imigrantes ou filhos de imigrantes europeus que detinham as técnicas de fazer cerveja e faziam essa produção de acordo com seus gostos e costumes.
Ao fim da lei seca, em 1933, restaram cerca de 60 microcervejarias. Algumas dessas empresas transformaram-se em grandes cervejarias e em alguns dos principais grupos cervejeiros existentes no mundo atual.
Somente na década de 60 é que surgiu nos Estados Unidos o movimento chamado posteriormente de craft brewing que resgataria a cultura das cervejas artesanais, transformando o país no principal “celeiro” de microcervejarias no mundo.

Cenário atual

Atualmente, são mais de 4000 cervejarias e milhares de rótulos distribuídos por todas as regiões americanas.
A partir daí, o estilo americano de produzir cervejas muito diferentes começou a ganhar mercado. Cervejas mais alcoólicas, mais amargas, acrescidas de ingredientes exóticos conquistaram não só os consumidores do mercado interno como também amantes da cerveja no mercado internacional.
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A American IPA é, sem dúvida, uma das principais reinvenções e também um dos principais sucessos dos americanos. A cerveja recebeu uma adição muito maior de lúpulo, além de que a utilização das variedades americanas deixam a cerveja com características muito diferentes das tradicionais IPA’s inglesas.
Nas últimas décadas, o segmento de cervejas artesanais nos Estados Unidos tem crescido a volumes espantosos. Dados recentes divulgados pela Brewers Association mostram que as cervejarias caseiras já representam 12% do mercado total de cerveja americano. Em 2015 o setor de craft beer nos Estados Unidos produziu 24,5 milhões de barris com um crescimento de 13% em volume e de 16% em valor.
Segundo Bart Watson, economista-chefe da Brewers Association, em oito dos últimos 10 anos, o setor de craft beers conseguiu crescimento acima de dois dígitos, demonstrando a força desses produtores no país.
A quantidade de cervejarias desse porte também cresceu em 2015 (15%) chegando a 4219 cervejarias, uma marca histórica da indústria americana de cervejas.
Só em 2015 foram abertas 620 novas cervejarias e somente 68 fecharam as portas. As pequenas cervejarias empregam mais de 120 mil pessoas nas terras do Tio Sam.

Copos

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