Apesar do alto desemprego contratar ainda é difícil
Mesmo com pouco mais de 12 milhões de desempregados no país, algumas empresas levam até um ano tentando contratar um bom profissional para áreas específicas. Esse é um cenário bastante comum para cargos técnicos e estratégicos como alta gerência e direção, afirma Renata Motone, coordenadora de RH da Luandre, consultoria de RH que oferece seus serviços a 200 das 500 maiores empresas do Brasil.
“Percebo que devido ao momento em que o país está passando, as empresas estão sendo mais criteriosas e exigentes na busca por novos profissionais, já que existe grande oferta no mercado. No entanto, quando chegamos nesse perfil profissional definido pela empresa, para realizar a contratação, a mesma deve oferecer salários ou condições atraentes com base no que o mercado de trabalho oferece”, diz Renata.
Segundo a especialista, profissionais altamente qualificados tendem a buscar empresas que entregarão mais que bons salários e benefícios. “É muito difícil tirar bons profissionais empregados de suas empresas. Em uma época de crise muitas pessoas preferem ficar em ambientes que já conhecem e sabem que se tratam de empresas sólidas e com boas políticas, que entregam mais que salário, mas também qualidade de vida e retorno para a sociedade”.
Abaixo, a especialista responde algumas questões sobre o tema:
1) Em quais áreas existe mais dificuldade para encontrar profissionais altamente qualificados?
Historicamente, existe escassez em todas as áreas técnicas, de automação, edificações, eletrônica e alimentos e bebidas. Além disso, atualmente, temos grande procura por profissionais preparados e com algum diferencial nas áreas de TI, engenharia, finanças e contabilidade.
2) E quais são esses diferenciais?
Os candidatos que possuem mais de dois idiomas fluentes, como inglês e espanhol, por exemplo, têm um diferencial no mercado. Vivência internacional também conta pontos, já que provavelmente este profissional terá capacidade maior de adequação a diferentes culturas e formas de trabalhar. O fato de ter participado ou desenvolvido grandes projetos também chama a atenção dos selecionadores. Além disso, ter um diploma não é o suficiente. A formação em universidades renomadas tem bastante peso na hora da contratação. O trabalho social ou voluntário também é bem visto por algumas empresas que recrutam esse perfil profissional. Por fim, estabilidade emocional, excelente comunicação e grande poder de persuasão contam muito.
3) Por que mesmo com tanta gente no mercado está difícil contratar esses profissionais?
Hoje, o mercado está cada vez mais exigente, mesmo com um número maior de bons profissionais disponíveis ainda é difícil contratar em algumas áreas. Geralmente esses profissionais estão nas área técnicas. Faltam profissionais qualificados e quando o cliente solicita um idioma, as dificuldades triplicam porque os candidatos dizem que têm o idioma fluente, mas quando precisam conversar, não conseguem se comunicar apropriadamente.
4) Quanto tempo, em média, uma vaga nesta área demora para ser preenchida?
Dependendo dos requisitos, o processo seletivo pode levar em torno de 8 meses para ser fechado. Vale lembrar que são muitas etapas. Primeiro, a seleção pela empresa de recrutamento e seleção e depois as entrevistas com a contratante, que muitas vezes pode ter várias fases, inclusive com entrevistas em diferentes áreas dentro da empresa. Não é incomum que um gerente jurídico, por exemplo, seja entrevistado pelo pessoal de vendas e marketing e só depois pela área fim. Uma posição de diretoria pode levar até um ano.
5) Qual é o salário médio dessas vagas?
Vai depender do porte e do segmento da empresa. As vagas de média e alta gerência giram em torno de 20 a 40 mil mensais.
6) O que as empresas devem fazer para se tornarem mais atrativas?
A primeira coisa que um profissional de RH deve fazer é se perguntar o quanto a sua empresa se diferencia da sua principal concorrente. Por que o melhor profissional do mercado vai trabalhar para você e não para a outra? Os bons profissionais pensam a longo prazo. Eles não deixarão um bom emprego por 10% a mais do salário. Eles querem saber onde a empresa os levará, onde poderão chegar profissionalmente. Isso sem falar, claro, de qualidade de vida.