Atitude pode ser um sinal de recuperação da economia
Levantamento da Neogrid/Nielsen com base na movimentação de 25 mil lojas do setor supermercadista em todo o país aponta que o índice médio de ruptura no primeiro semestre de 2018, quando há falta de produtos nos pontos de venda, foi de 10,38%. Esse número é menor do que a média do mesmo período de 2017, quando chegou a 11,9%. Nos seis primeiros meses deste ano os índices, que começaram com 10,29% em janeiro, variaram entre 9,64%, registrado em maio, e 10,88%, em junho. Em julho, voltou a cair para 10,22%.
A análise Neogrid/Nielsen aponta que o leite longa vida, com 18,1%, encabeça a lista das cinco categorias que apresentaram os maiores índices de ruptura no primeiro semestre, seguido pelo frango in natura (12%), leite com sabor (11,9%), sorvetes (11,5%) e azeite (11,3%). O grupo dos produtos que mais faltaram nas gôndolas ainda reúne o chocolate (11%), margarina (10,8%), pão e congelados (ambos com 10,6%) e feijão (10,1%).
A categoria de leite longa vida também liderou o ranking das rupturas fast movers (produtos de algo giro) no semestre, com 12,4%. Pão de queijo (11,7%), queijos (9,9%), frango in natura e leite com sabor (ambos com 9,7%) vêm logo na sequência. No quadrimestre março e junho as rupturas dos fast movers só cresceram, passando de 7,1% para 8,2% – reflexo da greve dos caminhoneiros nos meses de maio e junho.
O índice de ruptura fast movers no mês de julho teve uma queda significativa para 5%. O motivo é um ajuste realizado no cálculo do indicador da Neogrid, que mantém atualizações constaNtes em seus algoritmos para aumentar a precisão e a qualidade das informações.
Brasileiro volta aos supermercados
O salto do índice de ruptura registrado no segundo trimestre de 2018, que saiu de 9,98% em abril, passou para 9,64% em maio e atingiu 10,88% em junho, é reflexo, segundo Robson Munhoz, vice-presidente de Operações da Neogrid, do reaquecimento do setor supermercadista. “Apesar de ser um ano eleitoral, fatores econômicos mais positivos aumentam a confiança do consumidor. O brasileiro está voltando a comprar em diferentes canais. Ele ainda vai ao atacarejo, mas vemos um barulho muito forte nas lojas de proximidade”, explica o executivo.
O consumidor, argumenta Munhoz, também volta a procurar nas gôndolas por marcas que ele tinha deixado de comprar por conta da crise. “Não é que saímos da crise, mas vemos sinais de recuperação. O brasileiro busca produtos de maior valor agregado e os supermercados demonstram que não estavam preparados para essa nova realidade”, diz. “O que vemos é uma ruptura de mix de produtos. O consumidor que comprava determinado produto, parou de fazê-lo com a instabilidade econômica e o supermercado, por consequência, não o repôs. Quando a economia dá uma aquecida, ele volta a procurar e não encontra. É uma gangorra”, compara o executivo.
Cenário até o fim do ano
De acordo com Robson Munhoz, é difícil fazer uma estimativa dos índices de ruptura para o último trimestre do ano. “É extremamente complicado fazermos projeções. Se o consumidor voltar a ter dúvida sobre os rumos da economia, é provável que ele migre para o atacarejo. Podemos, nesse cenário, ter um índice significativo, dependendo da categoria e do produto”, explica.