Vinho brasileiro ganha corpo

Aumento do consumo permite investimentos no campo, em novas tecnologias de produção, assim como no enoturismo e em novas experiências para o consumidor

No Brasil, o consumo de vinhos cresceu nos últimos anos permitindo à indústria investimentos no campo, na produção e comercialização dos produtos. Segundo dados divulgados pela União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA), entre janeiro e outubro de 2022, o mercado brasileiro comercializou 23 milhões de litros de vinhos, um aumento de aproximadamente 11% em comparação com o mesmo período de 2020.

A safra que está sendo colhida na Serra Gaúcha, região responsável por mais de 90% da produção de vinhos no Brasil, apresenta números expressivos tanto na quantidade quanto na qualidade, segundo profissionais envolvidos nesse processo. A Cooperativa Vinícola Garibaldi estima colher 28 milhões de quilos de uvas, volume quase 7% superior ao da safra passada, enquanto a Vinícola Aurora projeta uma vindima 10% superior ao ano passado, algo em torno de 75 milhões de quilos. Essas projeções de volumes são acompanhadas de otimismo também na qualidade e sanidade dos frutos. As questões climáticas favorecem o bom desenvolvimento das uvas e, se tudo permanecer dentro das expectativas, a safra será de muito boa qualidade. Outro fator importante para o crescimento da safra é o investimento em tecnologia, técnicas de plantio, monitoramento constante das plantas e o treinamento dos produtores.

Consumo interno

O aumento das vendas de vinhos no mercado interno foi impulsionado, entre outras coisas, por um novo comportamento do consumidor que contou com a digitalização como ferramenta para construção de um canal que elimina intermediários e permite o contato direto entre vendedores e compradores. O e-commerce cresceu muito nos últimos anos. Só no primeiro semestre de 2022, esse canal representou 118,6 bilhões de vendas, de acordo com a 46a edição do Webshoppers da Nielsen | Ebit. A previsão é de que o volume de vendas tenha ultrapassado facilmente a casa dos 210 bilhões de reais em 2022.

 

Na indústria e no campo, a digitalização também é imprescindível para agilizar, monitorar e aumentar a eficiência e a qualidade da uva e do vinho. Novas tecnologias baseadas na Indústria 4.0, como a utilização de drones e sensores possibilitam medidas preventivas para situações climáticas que antes destruíam ou mitigavam plantações inteiras.

Na indústria, os processos podem ser rastreados, monitorados e controlados evitando erros de produção, paradas de máquinas e linhas de envase aumentando a eficiência e a performance das fábricas.

Muitas dessas tecnologias e inovações foram apresentadas durante o Simei, realizado no final de

2022 em Milão, na Itália. Uma caravana com cerca de 100 visitantes brasileiros percorreu os mais de 25 mil metros quadrados da feira em busca de soluções para os desafios da vitivinicultura brasileira.

Além da digitalização, eficiência, redução de custos e sustentabilidade são temas recorrentes e cada vez mais importantes para o setor. No caso da sustentabilidade, a maioria dos lançamentos do Simei tinham essa preocupação. Tecnologias apresentaram atributos como redução do consumo de energia elétrica e água, aplicações incorporando energias renováveis, redução da pegada de CO2, além de todas as iniciativas que envolvem a economia circular.

As diferenças entre os mercados brasileiro e europeu de vinhos são gigantes, mas muitos dos problemas e soluções são comuns e essa troca de experiências é fundamental para o desenvolvimento do setor vinícola. A partir dessa experiência e acúmulo de conhecimento, o empresário torna-se mais capaz de implementar as novidades em suas fábricas de acordo com suas estratégias e capacidade de investimentos.

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