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Seja especial ou não, o consumo de cervejas cresce mesmo em período de retração da economia

O Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo com uma produção de 14,1 bilhões de litros em 2014. Nos últimos anos a produção tem crescido a uma taxa média anual de 5%. O segmento cervejeiro responde por mais de 70% do mercado de bebidas alcoólicas, faturamento anual de cerca de R$ 70 bilhões (2013). Recolhe R$21 bilhões em impostos por ano e paga R$ 28 bilhões em salários para um universo de 2,7 milhões de empregados em mais de 60 fábricas. No principal polo econômico do país, a indústria cervejeira mostra sua força. Ela repreenta 13% da indústria de São Paulo. O total de postos de trabalhos diretos, indiretos e induzidos gerados pelo setor cervejeiro no estado passa de 638 mil, o que representa uma massa salarial de mais de R$ 8,4 bilhões. O brasileiro consome em média 68 litros de cerveja por ano, ocupando a 17a posição no ranking mundial que tem a República Tcheca na liderança com incríveis 148 litros de cerveja por habitante/ano, seguida de Áustria e Alemanha.

Apesar das perspectivas de recessão para 2015, o setor deve fechar o ano com crescimento ao redor de 1%, segundo estimativas de especialistas.

Líder

A Ambev, principal fabricante de cervejas do país, encerrou o primeiro trimestre com crescimento de 0,4% nas vendas em volume.
O pequeno resultado positivo alcançado no Brasil foi impulsionado por ações comerciais e de marketing da companhia. O Carnaval é, sem dúvida, o principal responsável pelo crescimento do período.

O segmento de produtos premium que apresenta bom desempenho em vários setores da economia também contribuiu para crescimento das vendas da empresa no trimestre, atingindo alta de dois dígitos no volume vendido, liderado por Budweiser.doug3540 No trimestre, a Corona também se consolida no portfólio premium da companhia, com vendas pela internet e pontos de venda específicos, além de festas do selo de experiência musical Corona Sunset.

O investimento da Ambev em inovações também representou significante incremento em volume no primeiro trimestre com a recém-lançada Skol Beats Senses, bebida alcoólica saborizada à base de cerveja, que se enquadra na categoria que a Ambev chama de “near beer”, segmento no qual a empresa pretende investir ainda mais nos próximos anos.

Ainda em inovações, outros destaques no trimestre foram os desempenhos de vendas da Brahma 0,0%, cerveja sem álcool líder do segmento no Brasil, também do Guaraná Antarctica Black e o lançamento recente da água saborizada Hello.

Para a Ambev, o aumento da capilaridade das embalagens mais econômicas segue como prioridade. A estratégia de oferecer embalagens de preço mais acessível ao consumidor, como as garrafas de vidro retornáveis para mais opções de líquidos, também contribuíram positivamente para os resultados do trimestre.

Nelson Jamel, vice-presidente financeiro e de
relações com investidores da Ambev

“A Ambev segue investindo em inovação, nas suas marcas e no mercado como forma não só de superar os desafios de curto prazo no Brasil, em função do cenário macroeconômico, mas também porque acreditamos no potencial de longo prazo da indústria”, afirma o vice-presidente financeiro e de relações com investidores, Nelson Jamel.

Cervejas especiais

craft-beer-background-11O consumo de cervejas especiais ainda é muito baixo quando comparado ao consumo das cervejas tipo pilsen, tradicionalmente as mais vendidas no Brasil, representando algo em torno de 96% de toda cerveja produzida no país. Mas,a boa notícia que fica é o bom desempenho das cervejas especiais nos últimos anos. Enquanto o mercado de mainstream deve ficar com um crescimento ao redor de 1%,as cervejas especiais devem crescer entre 10% e 15% em 2015.

O Brasil produz mais de14 bilhões de litros de cerveja por ano, com previsão de ultrapassar os16,5 bilhões de litros em 2019. As vendas das microcervejarias representam algo próximo de 0,5%, cerca de 70 milhões de litros. Ainda é pequeno, mas segundo um estudo da Mintel Group o negócio de cervejas diferenciadas cresceu 36% de 2010 a 2013, o que demonstra que o mercado brasileiro passa por um processo de “premiumrização” da bebida.

É a busca do consumidor por produtos que lhe tragam prazer e, nesse caso, a cerveja especial vai muito bem. A união com a gastronomia também contribui para esse crescimento e as cervejarias estão fazendo isso com muita propriedade. Os cursos de sommeliers de cerveja se espalham pelo país e os restaurantes, em sua maioria, já sentiram a necessidade de contar com uma carta de cervejas especiais para ser oferecida aos clientes.

Como em outros produtos, o consumidor sentiu a necessidade de ter a opção de consumo de um produto diferenciado, fugindo um pouco dos produtos de massa. Os fabricantes menores, como as microcervejaris, têm mais flexibilidade e agilidade para lançar novos produtos que satisfaçam essas necessidades dos clientes e daí o crescimento visto nos últimos anos por essas empresas. No entanto, as cervejarias de grande porte estão se esforçando para acompanhar esse mercado e diversas ações nesse sentido estão acontecendo.

wals pilsenA estimativa é que existam atualmente cerca de 300 micro cervejarias espalhadas pelo país, principalmente concentradas nas regiões Sul e Sudeste. Nos Estados Unidos, são cerca de 5 mil, o que faz os cervejeiros brasileiros acreditarem que há um potencial de expansão enorme deste mercado no país.

Ousadia e criatividade

Além do malte, água, lúpulo e fermento, as cervejas especiais levam em suas receitas iguarias das mais diversas regiões e também podem ser mais exóticas contando muito com a criatividade de cervejeiros e especialistas no assunto. O Brasil tem demonstrado ousadia nas receitas e nos lançamentos que não são poucos. A todo momento surgem cervejas produzidas com ingredientes que vão muito além daqueles exigidos pela Lei da Pureza Alemã. As cervejas podem conter nas receitas produtos como café, mandioca, castanha do Pará, uva, chocolate amargo, coentro, rapadura, e muitos outros.

A paranaense Way Beer lançou recentemente a cerveja colaborativa HighWay to Hop’n Roll, uma bebida com 5,6% de álcool que segue o estilo das cervejas farmhouse ale, muito comum nos Estados Unidos. Em edição limitada, a cerveja é extremamente aromática, refrescante, e tem como grande diferencial a presença da gabiroba, uma fruta muito presente na região paranaense. A gabiroba é colhida de vegetação nativa e casa muito bem com esse estilo de receita devido a sua acidez e sabor picante.

Investimentos

Seguindo a tendência de crescimento do setor, a Cervejaria Invicta, de Ribeirão Preto, acaba de adquirir mais dois equipamentos para a fábrica, os tanques fermentadores, que vieram da necessidade de aumentar o processo de produção. “Faz parte da estratégia de crescimento que adotamos no início do ano, quando apresentamos uma nova marca, a reformulação dos rótulos, uma nova cerveja, seguindo pela notícia de uma nova fábrica”, comenta Rodrigo Silveira, diretor da Invicta.

Hoje com doze tanques, a aquisição representa um aumento de até 30% de capacidade de produção.

Esses equipamentos já estão funcionando a pleno vapor e, em breve, serão instalados na nova sede que está sendo reformada. “Estamos preparando o novo espaço e no segundo semestre teremos muitas outras boas notícias”, explica Silveira.

A Ambev adquiriu a microcervejaria mineira Wäls, mostrando que está no jogo e, se repetir o que vem acontecendo no mercado americano, essa pode não ser a única aquisição. A nova marca será anexada à Cervejaria Bohemia.Way_Beer

O mercado de cervejas artesanais há muito tempo faz parte dos planos das grandes cervejarias brasileiras. Ainda como Schincariol, a Brasil Kirin adquiriu quase de uma vez a Baden Baden, a Devassa e a Eisenbahn, todas ainda no portfólio da empresa e desenvolvendo cervejas de altíssima qualidade como faziam na época de carreira solo.

A Ambev atua na área de cervejas especiais com a marca Bohemia e agora vai aproveitar a competência da Wals e um portfólio com 17 marcas para aumentar sua penetração nesse segmento.

 

Alessandro Oliveira e Alejandro Winocur,
proprietários da Way Beer

Sommelier de cervejas

O crescimento do consumo das cervejas especiais no Brasil e o movimento das cervejas artesanais abriu espaço para novas profissões e atividades na área. Uma delas é a de sommelier. Aumentam os cursos para formação desses profissionais, bem como a procura por pessoas bem preparadas e em condições de atender às exigências das empresas que precisam desses serviços.Bier-Weizenbier-Weissbier-Bierglas-660_image_1200

Para atender essa demanda, a Degusta Beer & Food, feira realizada paralelamente à Brasil Brau, trouxe para o Brasil, pela primeira vez, o Campeonato Mundial de Sommeliers de Cervejas. Idealizado e organizado pela Doemens Akademie, com o apoio da Barth-Hass Group, Drinktec e Academia Barbante de Cerveja, o IV Campeonato Mundial de Sommeliers de Cervejas contará com a participação de 50 sommeliers, selecionados dentre centenas de profissionais, em campeonatos regionais e nacionais. Eles representam 9 nações: Brasil, Alemanha, Áustria, Suíça, Chile, Itália, Canadá, Estados Unidos e Porto Rico.

O Campeonato Mundial de Sommeliers de Cervejas é a plataforma dos sonhos para a carreira de todo sommelier e o concurso será realizado em duas partes, sendo três pré-eliminatórias e uma etapa final.

A prova final será no dia 18 de julho, no final do dia, na feira Degusta Beer & Food, em uma apresentação ao vivo e aberta ao público. Nesta etapa serão testadas as aptidões dos seis finalistas para todos os conhecimentos típicos de um sommelier de cerveja (estilo da cerveja, descrição sensorial, ocasião de consumo, harmonização, serviço, mercado, entre outros). Será uma apresentação de improviso, de até 10 minutos, em frente ao público e que servirá para que o júri internacional avalie e decida qual dos concorrentes será o campeão. O nome do vencedor será apresentado à noite, durante o jantar de premiação, em local ainda a ser definido.

canstockphoto25092316“Com o passar dos anos, o número de sommeliers treinados ultrapassou mais de dois mil profissionais em cursos que têm sido ofertados internacionalmente em países como Alemanha, Áustria, Itália, Suíça, Estados Unidos, Brasil e Espanha. O Campeonato promete ser uma excitante competição, casada com deliciosos momentos de imersão no ambiente cervejeiro. Os sommeliers de cerveja ajudam a incrementar o prazer e a qualidade de vida, além de disseminar a cultura das cervejas”, declara Cilene Saorin – sommelière e mestre cervejeira – diretora de educação da Doemens no Brasil.

Futuro

Depois de quase duas décadas de erros e acertos, o segmento de microcervejarias e fabricantes artesanais parece que entra definitivamente no caminho do crescimento.
Mais de 300 microcervejarias se espalham pelo país lançando produtos com ingredientes variados, estilos diversos e muita criatividade.

No entanto, o segmento sofre com a alta tributação e a falta de recursos para investimentos. Empresários e associações do setor tentam aprovar emenda na Câmara dos Deputados que inclui produtores de bebidas alcoólicas no Super Simples (regime simplificado de tributação de micro e pequenas empresas), o que segundo proprietários de microcervejarias reduziria bastante a carga tributária que hoje gira em torno de 60% do faturamento dessas empresas. Poucas destas microcervejarias estão automatizadas e têm tecnologia suficiente para proporcionar a eficiência necessária para um futuro promissor seja para esse ou para qualquer outro tipo de negócio. O aumento dos lucros é vital para que sobre recursos financeiros para investimentos em fábrica, distribuição e marketing.

biere-72681As grandes cervejarias que optaram pela aquisição de pequenas empresas da área possuem capacidade de investimento e podem se beneficiar disso no futuro.
As cervejas especiais caíram no gosto dos consumidores. Em algumas redes de supermercados de São Paulo o crescimento dessa categoria passou de 80% e de forma constante. Somente no 1o trimestre de 2015, algumas lojas apresentaram crescimento acima de 60% quando comparado ao mesmo período de 2014. Esse aumento pode ser justificado pela mudança de comportamento de compra dos consumidores.

Nos últimos três anos, as vendas de cervejas especiais apresentaram crescimento anual acima de dois dígitos, chegando a 30% em um único ano.
É possível manter o bom desempenho em um ano tão difícil como este?

Sem dúvida será um ano complicado tanto quanto será para outros setores da economia, mas as cervejas especiais têm folego para crescer bem mais que as cervejas tradicionais (industriais / mainstream).

Em períodos como esse o que pode acontecer é uma seleção natural de empresas. Algumas não conseguem se manter num mercado pouco comprador e acabam fechando. As que ficam saem fortalecidas e usufruem dos bons momentos que, com certeza, virão.

As previsões, portanto, são de um ano de crescimento ao redor de 1% para as cervejas industriais e de um dígito alto para as especiais.

É importante entender que nem só de criatividade vive as cervejas especiais, é preciso tecnologia e gestão de primeira qualidade. Para as indústrias, boa dose de flexibilidade, alta eficiência e muita inovação para manter o crescimento , mesmo que pequeno.

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