Investimentos em tecnologia, inovação e marketing contribuem para o setor de água mineral aumentar o valor agregado dos produtos
Por Carlos Donizete Parra
O negócio de água mineral é movido a volume, cerca de 60% do consumo de água mineral no Brasil é proveniente das vendas em garrafões de 20 litros. Um negócio com baixa lucratividade e que necessita de produtos com maior valor agregado para sobreviver.
O mundo atual está pautado por uma nova era industrial onde as empresas que quiserem permanecer no mercado terão que ter capacidade para atuar de acordo com essas novas “regras”.
As empresas terão que investir em automação e muita inovação. As indústrias brasileiras possuem parques fabris desatualizados, compostos de máquinas velhas que sobrevivem com processos de manufatura quase que artesanais. Muita mão-de-obra sem qualificação e desperdícios que geram custo operacionais nas alturas. No Brasil, a idade média dos equipamentos é de 17 anos, contra sete anos nos Estados Unidos e cinco na Alemanha. Num mudo onde a produtividade é fator preponderante, empresas nessa situação estão fadadas ao fracasso.
O setor de engarrafamento de água mineral, bem como a maior parte das indústrias de bebidas trabalham dessa forma. Baixa produtividade e alto custo operacional.
Não há muito o que fazer. É preciso investir em um novo parque industrial, automação e tecnologia.
Para todas as ocasiões
Disponibilizar a água mineral para todas as ocasiões de consumo é um grande desafio para a indústria do setor.
Composto por cerca de 400 fontes / engarrafadores, poucos conseguem fornecer aos consumidores um portfólio amplo de produtos. Grande parte envasa somente em garrafões de 20 litros.
Para fornecer uma linha completa de produtos é necessário maiores investimentos em equipamentos, marca e distribuição.
Seja em vidro ou em PET, a embalagem de água mineral deve satisfazer as necessidades do consumidor em ocasiões distintas, como em casa, no trabalho, no lazer, no esporte etc. É uma oportunidade ainda explorada por poucas indústrias do setor.
Inovação
Sem dúvida, outra força fundamental para a competitividade de qualquer empresa é seu poder de mudar e acompanhar os desejos dos consumidores. É preciso encontrar caminhos para se reinventar e, com isso, abrir novas frentes para seus negócios. As empresas não podem ficar presas a processos, produtos e marcas que não geram avanços significativos aos negócios. Segundo Peter Drucker, pai da administração moderna, “na empresa existente, o já existente é o maior obstáculo ao espírito empreendedor”.
Entretanto, inovar requer investimentos. E, de maneira, alguma a empresa pode retirar das atividades do dia-a-dia os recursos para isso, sob pena de não entregar o básico e aí é que a “vaca vai pro brejo”, como diria o caipira.
O ideal é que todos os recursos para qualquer projeto de inovação seja diferente daqueles utilizados na operação já existente.
A inovação, portanto, deve ser planejada e orientada para que seus resultados aconteçam.
A indústria de água mineral ainda tem oportunidades em produtos de maior valor agregado. Águas saborizadas e adicionadas de vitaminas e minerais ainda não decolaram no Brasil, mas podem embarcar na onda dos produtos saudáveis. O setor de produtos voltados à saúde e bem-estar movimenta US$ 154 bilhões em todo o mundo, anualmente, e o Brasil participa deste montante com cerca de US$ 13 bilhões, valor que representa 35% dos negócios deste setor na América Latina. Na área de nutracêuticos, empresas que investiram em lançamentos no Brasil apresentaram aumento de faturamento de até 100% nos últimos dois anos.
Uma nova geração de ingredientes para bebidas e alimentos possibilita uma autenticidade cada vez maior aos produtos. Isso possibilita a criação de sabores inusitados e que tragam aos consumidores experiências únicas.
A distribuição do produto, bem como sua exposição no ponto-de-venda, também devem ser ousadas e partir para ações pouco exploradas no ambiente nacional, sempre com o objetivo de se diferenciar da concorrência e aumentar as vendas.
Recentemente, algumas empresas do setor de cervejas especiais, começaram a investir nos chamados Food Trucks, nesse caso Drink Trucks, que nada mais são do que um bar móvel que leva qualquer tipo de bebida ao cliente esteja ele onde estiver. Uma iniciativa pouco explorada no Brasil e que pode contribuir para o aumento das vendas e da visibilidade dos produtos.
Além do bem estar, outra “onda”, interessante e que pode gerar bons lucros é o estilo gourmet. O brasileiro aprendeu que é bom comer bem e, melhor ainda, saber comer e beber. Os cursos de sommeliers estão em alta e bebidas como vinhos e cervejas estão investindo nessas ações. Saber harmonizar pratos e bebidas é um assunto interessante que ganha cada vez mais adeptos.
A água mineral precisa estar mais atuante nesse campo, afinal uma boa água mineral combina com qualquer bebida ou comida, mas nada melhor que a ajuda de um especialista, não é mesmo?