Carlos Donizete Parra
A elevada e complexa carga tributária é um desafio ao setor produtivo no Brasil. Somamos a isso ainda os custos logísticos e temos um imbróglio gigantesco para resolver quando decidimos ser empresários neste país. Para se ter uma ideia, segundo levantamento da Fiesp (Federação das indústrias do estado de São Paulo), especificamente no que se refere a impostos gasta-se 1,2% do faturamento industrial (R$ 37 bilhões por ano) apenas para calcular e processar tributos no país, o que acarreta uma evidente falta de competitividade das indústrias brasileiras, quando comparadas aos seus pares no mundo.
Com uma carga tributária de 32,5%, o setor de água mineral preocupa-se com o desenrolar da reforma tributária em discussão no Congresso Nacional que pode elevar ainda mais os altos impostos já pagos pelos engarrafadores. Algumas empresas também mostram-se insatisfeitas com o pagamento do selo fiscal nas embalagens acima de 4 litros. Criticado por alguns por representar um custo adicional, o selo é defendido por outros por possibilitar uma concorrência mais sadia e garantir a procedência do produto ao consumidor final, entre outros benefícios.
Para saber como agem as indústrias de água mineral para se manterem competitivas no mercado, entrevistamos alguns executivos e executivas de várias regiões e perguntamos a eles: Quais as vantagens e desvantagens do selo fiscal? A alta carga tributária é o principal obstáculo para o aumento do consumo de água mineral?
Aline Telles Chaves, Diretora, Naturágua
Nos Estados em que atuamos, Ceará e Rio Grande do Norte, ambos operam com selo fiscal para garrafões de 20 litros. Acho essa iniciativa muito válida, pois previne práticas desleais no mercado, falsificações e o mercado informal.
Nos itens descartáveis a tributação é muito elevada, considerando que a água mineral é classificada como alimento e um grande instrumento para a saúde da população. Já na embalagem de 20 litros retornável não temos esse problema.
Luciana Rambalducci, Diretora,
Água Pedra Azul
Somos completamente a favor do selo fiscal. Consideramos de extrema importância, um avanço e esperança para o setor.
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Combate a concorrência desleal, eliminando a evasão fiscal. Evita a falsificação do produto, garantindo ao consumidor segurança na procedência da água.
A alta carga tributária no Brasil representa um grande obstáculo ao consumo uma vez que contribui para o encarecimento do produto dificultando a disseminação do consumo entre a população como um todo.
Francisco Magalhães da Rocha, Presidente, Psiu Indústria de Bebidas
Estamos no Maranhão. Aqui foi implantado o Selo Fiscal. Infelizmente pela ausência de fiscalização, as Fontes sérias foram muito prejudicadas. São garrafões sem selo, meio selo e até selo falso. Situação delicada. Aqui o SindiBebidas tem atuado junto à SEFAZ na tentativa de minimizar o impacto da concorrência desleal.
Quanto à carga tributária, naturalmente que qualquer redução de custos, é fonte de oportunidade para aumentar a competitividade do setor. Paga-se muito imposto no Brasil, portanto, qualquer redução impacta diretamente sobre o aumento do consumo.
Cleomildo de Melo Freire, Diretor, Minalinda Água Mineral Natural Fluoretada
O selo fiscal foi usado nas bebidas quentes para combater a sonegação anos atrás. Agora, colocaram nos garrafões, que nada mais é do que mais um repasse de recurso de quem produz para beneficiar quem nada faz, mas tenho que reconhecer que realmente veio contribuir na procedência da qualidade do produto.
No que diz respeito à carga tributária, ela é desordenada e, com certeza, representa um grande obstáculo para o aumento do consumo, não só da água mineral, mas de todo setor produtivo no Brasil.
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