Tratar a complexidade como uma oportunidade pode ser uma boa estratégia para crescimento das empresas
Novos Caminhos e oportunidades para crescer foi o tema do 17 Congresso Brasileiro de Embalagem realizado pela ABRE – Associação Brasileira de Embalagem, no início de outubro, em São Paulo.
Com objetivo de entender as novas perspectivas do mercado e dinâmicas da sociedade, o evento abordou temas, como: Os novos padrões de consumo e seus reflexos na gestão de competitividade; Reposicionando a estratégia de sua empresa frente a um cenário adverso; Retail labs: a nova dinâmica do varejo e outros.
Para Gisela Schulzinger, presidente da ABRE, o mercado brasileiro enfrentou grande adversidade nos últimos dois anos, o que impôs aos empresários o desafio de ressignificarem seus negócios para manter a competitividade de suas empresas. “Para alavancar os resultados foi fundamental entender os novos drivers do mercado, assim como, as novas dinâmicas de consumo, plataformas e modelos de negócios. O tema “Novos caminhos oportunidades para crescer” foi escolhido para entendermos como o mercado está se transformando e onde estão as oportunidades para manter-se competitivo nesse contexto”, ressalta a executiva.
Em sua palestra “Reposicionando a estratégia de sua empresa frente a um cenário adverso”, Thomas Reiner, CEO da Berndt & Partner, deixou muito clara a necessidade de agregar valor e ter que entender realmente o que o consumidor quer do produto. Segundo ele, é preciso detectar onde está o valor para o cliente e como podemos gerar melhor valor. Apresentou pesquisas que mostram que em 10 anos a sustentabilidade é o item mais importante quando se fala em embalagem, seguido de inovação e qualidade. Citou a digitalização como fundamental para o sucesso das empresas e padrões de comportamento como o de propriedade dão lugar simplesmente a utilização do serviço, como o caso dos automóveis onde as pessoas abrem mão de comprar um veículo e buscam simplesmente os serviços de mobilidade. O Uber foi citado como uma das empresas que mais se valorizou nos últimos anos frente a gigantes da economia tradicional. “Temos que mudar a forma que vemos o mundo, e isso precisa ser rápido. O consumidor não está mais preocupado com o “ter”, e sim com o ‘ser”, destacou Thomas Reiner.
Seguindo essa temática, Bruno Furtado, sócio da McKinsey, falou sobre ‘Os novos padrões de consumo e seus reflexos na gestão da competitividade”. Entre as mudanças que estão acontecendo no perfil do consumidor alguns aspectos destacados pelo palestrante foram o envelhecimento da população brasileira, os Millenials, a conectividade, a saudabilidade e, por último, o fato de que o “que é novo já está ficando velho” e nesse caso citou como exemplo a internet que já tem 30 anos, assim como o ifone que já tem 18 anos desde seu lançamento.
Ao falar sobre a crise que estamos atravessando disse que ela é a mais intensa dos últimos 20 anos e que para voltar aos níveis de 2015 só em 2019/20, isso no melhor dos cenários. E essa situação mudou o comportamento do consumidor, hoje ele está muito mais preocupado com os preços, mas apesar disso se mantém fiel à marca dos produtos. Porém aqueles que mudam, dificilmente retornam à marca anterior.
Outra constatação é que os canais de vendas estão mudando, os supermercados estão perdendo para os atacarejos. E novos canais deverão surgir nos próximos anos. As oportunidades de crescimento também não virão dos lugares mais óbvios. Cinturões de consumo se formarão em cidades do interior e não mais nas capitais.
Em resumo, Bruno Furtado, destacou que:
-As necessidades e o consumidor vão mudar;
-Aumento da complexidade;
-As compras serão feitas também em outros canais;
-O consumidor busca cada vez mais valor;
-Onde encontrar o consumidor? Isso não é tão óbvio e nem tão fácil de resolver.
E, para resolver essas questões, empresários e executivos terão que focar em eficiência e custo mais do que nunca, melhores práticas comerciais(não adianta só defender tem que atacar), além de gerir muito bem essa complexidade que o mercado apresenta. “Num mundo cada vez mais complexo, o grande desafio é buscar a “boa complexidade”, ou seja, aquela complexidade que gera valor para empresas e consumidores”, explica Bruno Furtado.
Em outra palestra a sócia fundadora do Magazine Luiza, Maria Helena Trajano, abordou “Os desafios, os aprendizados e as conquistas de se empreender no Brasil”. O Magazine possui 780 lojas no país com faturamento ao redor de 12 bilhões de reais, gerando emprego para 20 mil pessoas em todas as regiões brasileiras. Mesmo diante da crise, a empresa deverá abrir em 2016 mais 50 lojas e espera repetir o número em 2017. A palestrante falou que o empresário deve buscar sempre a excelência no atendimento, além de tecnologia e inovação para crescer nesse cenário difícil e extremamente competitivo da economia brasileira. “O empreendedor precisa ter paixão pelo trabalho, focar no cliente e pensar rico(grande). Ideias simples podem gerar grandes impactos nas empresas”, finalizou a empresária.
Economia circular
Como a embalagem é um dos principais pilares de construção de relacionamento da marca, pois é ela quem atrai o consumidor, a economia circular surgiu como uma nova visão estratégica, cuja intenção é mostrar qual o verdadeiro propósito da embalagem e sua relevância para o dia a dia da sociedade.
No início do ano, a ABRE divulgou o documento “Embalagem e Sustentabilidade: Desafios e orientações no contexto da Economia Circular”, um projeto desenvolvido em parceria com a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Esado de São Paulo), que visa à identificação e divulgação de boas práticas ambientais para projetos de embalagens de bens não duráveis e duráveis. “Para a ABRE, o material é uma análise profunda sobre o papel da embalagem no contexto da sustentabilidade, considerando a evolução conceitual e holística da gestão de recursos pela sociedade, passando do modelo linear para o circular”, afirma Luciana Pellegrino, diretora executiva da ABRE- Associação Brasileira de Embalagens.
Regenerar os materiais, o maior número possível de vezes, buscando mantê-los em sua estrutura de maior valor é mais barato do que extrair materiais virgens, por isso, é preciso considerar a Economia Circular como uma grande oportunidade de inovação, e fortalecimento da sustentabilidae no meio empresarial de forma economicamente vantajosa para a sociedade. E para fomentar a discussão sobre esse tópico de suma importância para o desenvolvimento da embalagem, Juliana Seidel, gerente de desenvolvimento ambiental da Tetra Pak, falou sobre a visão da empresa sobre o assunto.
Indústrias
Gigantes da indústria como Itambé, Nescafé Dolce Gusto e Pepsico apresentaram sua visão sobre o mercado, a embalagem e o varejo no Brasil. Alexandre Almeida, presidente da Itambé sobre a nova identidade visual da empresa, construída com foco no tema “leite é vida”, representando a essência da empresa.” Somos uma empresa especialista em leites, portanto uma fornecedora de alimentos lácteos, e é essa imagem que queremos passar ao nosso consumidor. Cerca de 60% do faturamento da Itambé vem do leite(fluido, em pó e especiais) e um dos maiores desafios é agregar valor aos produtos, sem abrir mão de características como sabor, saudabilidade, inovação e, principalmente qualidade ”, explica Alexandre Almeida.
O diretor da Nescafé Dolce Gusto da Nestlé do Brasil, Pedro Feliu, fez uma explanação sobre os números do setor de café no Brasil e a importância do negócio de café em cápsulas para a filial brasileira.
O Brasil é o maior produtor mundial e café tem uma penetração de 97% dos lares brasileios, desses lares cerca de 3 milhôes já possuem máquina de café, mas ainda faltam, segundo o executivo cerca de 10 milhões de lares. Uma oportunidade e tanto para o negócio de cápsulas da Nescafé que já triplicou de tamanho nos últimos anos. ‘As cápsulas representam conveniência, qualidade e variedade de sabores. Isso é valor e o consumidor está interessado em pagar para ter esses atributos em sua casa ou escritório”, afirma Pedro Feliu.
Como se manter relevante ao consumidor diante de tantos outros produtos concorrentes oferecidos no mercado? A Pepsico, segundo o presidente da empresa no Brasil, João Campos, entre outras ações criou o Pepsico Design Center, com o objetivo de explorar e atender melhor as necessidades desses consumidores através de produtos que possam proporcionar experiências únicas aos consumidores em todos os seus momentos de consumo. “O consumidor quer viver experiências e a indústria tem que aproveitar para vender seus produtos. As ações devem ser diferentes, é preciso ver as coisas diferentes e contar diferente. Criar uma relação visceral com o consumidor, é isso que buscamos em tudo que fazemos”, finaliza João Campos.