Up para a cadeia produtiva. Alívio para o planeta

O PET PCR reduz a utilização da resina virgem favorecendo a economia circular,
além de despontar como opção para produção de garrafas e embalagens com grau alimentício

 

Carlos Donizete Parra

Depois de muitos anos de estudos e desenvolvimentos, o PET PCR ganha protagonismo em um mercado que demanda cada vez mais produtos sustentáveis em sintonia com as práticas de circularidade. O uso do PET reciclado pós-consumo traz diferentes benefícios socioambientais como a promoção da economia circular do plástico, atingindo positivamente as redes de catadores de materiais recicláveis para a criação de matérias-primas recicladas.

Grandes players do setor de bebidas e alimentos já utilizam esse tipo de resina em diferentes proporções para produção de embalagens sejam elas primárias ou secundárias.
A Heineken lançou, em parceria com a Valgroup, uma embalagem de shrink com 30% de PET PCR para sua nova linha de cervejas Devassa e, segundo o fabricante, a nova embalagem possui o mesmo desempenho de uma embalagem convencional.

 

 

“As moléculas da resina reciclada são menos densas que as moléculas da resina virgem, então o oxigênio entra mais rápido. Por isso tem que ter uma gramatura maior e uma proteção UV maior para ter o mesmo desempenho de uma garrafa com resina virgem” , Rafael Ivanisk, CEO da Natural One

Presente em mais de 68 mil pontos de venda no Brasil, a Natural One é outro fabricante de bebidas que já aderiu ao PET PCR para produção de suas embalagens de sucos naturais. A união com a Valgroup possibilitou o uso de embalagens com plástico 100% reciclado (ou seja, fabricado a partir do material já utilizado e descartado em diferentes aplicações) em suas garrafas no Brasil. Para implementação do projeto, a foodtech investiu R$ 2,4 milhões em pesquisa, desenvolvimento e ações de marketing, em um projeto que une inovação, tecnologia e sustentabilidade.
O desenvolvimento da nova embalagem levou dois anos entre a concepção, estudos, escala industrial e licenciamento da Anvisa.

De acordo com o CEO da Natural One, Rafael Ivanisk, o uso do material traz diferentes benefícios socioambientais como a promoção da economia circular do plástico, redução no gasto de energia, na emissão de gases do efeito estufa e na geração de resíduos descartados na produção de plástico virgem.

“A melhor tecnologia disponível para fabricar sucos naturais em termos nutricionais, de frescor e sabor, é o PET asséptico. Para alinhar esta questão à sustentabilidade – um dos pilares da Natural One – fomos a primeira empresa brasileira de sucos a usar embalagem com plástico 100% reciclado e acho que foi uma grande vitória e um grande exemplo. Realmente acreditamos que esse é o futuro da indústria de alimentos. Muita gente fica com medo de contaminação, de ter uma cadeia mais cara e queremos provar que é possível. Tomara que nosso exemplo seja bem-visto pelos nossos concorrentes e outras marcas de bebidas. Queremos ser um exemplo para a categoria de sucos de que é possível fazer”, garante o CEO da Natural One, Rafael Ivanisk.

Desde novembro de 2022, a Kraft Heinz também vem utilizando o PET PCR em suas embalagens de ketchups, molho barbecue e maionese tradicional da marca Heinz. A iniciativa integra a meta global da companhia de, até 2025, ter 100% de suas embalagens desenvolvidas por material reciclado, reciclável ou compostável. Tais embalagens, até então desenvolvidas apenas com plástico virgem, passam a conter 30% de resina de origem reciclável, sem qualquer mudança em sua cor ou formato.

Hoje, o material para a embalagem é PET 100% virgem, oriundo de fonte de petróleo, mas desde novembro de 2022 estão sendo produzidos com 70% de material virgem e 30% vindo de origem de material reciclado. Em questão de volume de resina, deixarão de ser utilizadas cerca de 700 toneladas de resina virgem por ano.

“Por que estamos indo com 30% e não com 100%? A embalagem com 100% não é recomendada, apesar de ser possível. Isso porque o mercado de PET reciclado ainda não consegue absorver a demanda de todas as empresas para essa finalidade. Então, ainda é necessário contar com o material virgem”, explica Patrícia Dirscherl, diretora R&D LATAM na Kraft Heinz.

A evolução tecnológica do PET nos últimos anos foi enorme, assim como o consumo. Em 12 anos, o peso da garrafa caiu 27% e o consumo de resina virgem aumentou 13,5% entre 2021 e 2022, mas quando você incorpora a resina reciclada isso sobe para 32% no mesmo período. Se você colocar isso nas prateleiras do supermercado significa um aumento de 55% na quantidade de embalagens para o consumidor”,
Auri Marçon, Presidente da Abipet

De acordo com Auri Marçon, Presidente da Abipet – Associação Brasileira das Indústrias do PET, atualmente não só no Brasil, mas no mundo inteiro, a demanda por PET PCR é maior do que a capacidade de coleta. “O Brasil tem capacidade de produção de 1 milhão de toneladas por ano de resina virgem de PET e de 480 mil toneladas de reciclagem de PET. Só não conseguimos atingir essa capacidade de reciclagem porque não temos capacidade de coleta. Temos uma capacidade ociosa de cerca de 35%”, garante Auri Marçon.

Produção do PET PCR

Para se obter a resina PET PCR, ou resina PET pós consumo reciclada, as embalagens passam por um processo validado de descontaminação durante a reciclagem possibilitando sua utilização para contato direto com alimentos e bebidas. No Brasil, essa avaliação e registro são feitos pela Anvisa. A validação da resina garante o uso em toda a cadeia para fabricação, por exemplo, de filmes, preformas e garrafas. Toda garrafa fabricada com essa resina deverá estampar, de forma permanente e visível ao consumidor, que foi produzida com PET PCR.

“Para utilização de PET PCR em embalagens primárias é necessária uma autorização especial de uso validada pela ANVISA e, posteriormente, após o sopro e envase é exigida a expressão “PET-PCR” impressa de forma indelével, ou seja, inapagável e permanente, junto às informações de lote e validade”, reforça Tatiane Anjos, Coordenadora de Sustentabilidade da Valgroup.

Legislação

Em 2008, a Anvisa aprovou a Resolução autorizando a utilização do PET PCR food grade na produção de embalagens em contato direto com os alimentos. Desde então, o mercado tem aderido de forma progressiva, chegando à produção de embalagens com até 100% conteúdo reciclado. Isso valorizou a cadeia de reciclagem do PET, por isso ele apresenta, hoje, os maiores índices de reciclagem entre os plásticos, quase 57% das embalagens descartadas pelos consumidores.

No Brasil, por enquanto, somente o PET está liberado para utilização como resina pós-consumo para uso em contato direto com alimentos, mas em alguns países da Europa e outras regiões alguns plásticos como PE e PP já conseguiram tal credenciamento pelos órgãos reguladores locais.

 

Fonte: Abipet

 

PET no Mundo

Hoje, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o mundo produz cerca de 460 milhões de toneladas de plástico todos os anos. Era metade desse valor há apenas 20 anos, e os especialistas antecipam que o número subirá para 800 milhões de toneladas até os próximos vinte anos. As embalagens representam cerca de 40% dessa quantidade.
O Brasil tem capacidade instalada de cerca de 1 milhão de toneladas/ano de resina virgem de PET, o que nos torna autossuficientes neste insumo, com possibilidade inclusive para abastecer nossos vizinhos da América do Sul.

 

 

Na indústria de bebidas, o PET tem importância significativa permitindo durante as últimas décadas a entrada no mercado de centenas de empresas na produção de refrigerantes, água mineral e outras bebidas não alcoólicas. Para o setor de água mineral, o PET representa quase 20% do volume total comercializado, mas em valor isso corresponde a mais de 60% do faturamento.
Na produção de alcoólicos, o PET também vem aumentando sua relevância em bebidas como a cachaça e cervejas artesanais. Durante a pandemia, as cervejarias encontraram nessa embalagem uma alternativa para colocar seus produtos no mercado. A prática se mostrou possível e rentável possibilitando o aumento das vendas nesse tipo de embalagem no mercado atual.

 

Fonte: Abipet

 

Maior ganho é a economia circular

A reciclagem do PET pós-consumo e sua utilização para o contato com alimentos e bebidas representa uma das principais evoluções deste polímero no mercado mundial de embalagens.
O PET PCR permite a reciclagem infinita e sua utilização para bebidas e alimentos reduz a quantidade de resina virgem no mercado e, consequentemente, estabelece uma produção mais sustentável em sintonia com a economia circular e com as demandas do mercado por uma redução do uso de derivados de origem fóssil. Toda a cadeia de produção de embalagens plásticas, fabricantes de bebidas e alimentos, as grandes empresas que demandam embalagens (Brand Owners), além de ONGs, universidades e centros de pesquisas realizaram, nos últimos anos, muitos esforços e investimentos para tornar as embalagens cada dia mais convenientes e seguras aos consumidores, mais eficientes na cadeia de supply e também mais sustentáveis.

“Para utilização de PET PCR em embalagens primárias é necessária uma autorização especial de uso validada pela ANVISA e,
posteriormente, após o sopro e envase é exigida a expressão “PET-PCR” impressa de forma indelével, ou seja, inapagável e permanente, junto às informações de lote e validade”, Tatiane Anjos, Coordenadora de
Sustentabilidade da Valgroup

“Quando falamos de ações em prol da sustentabilidade das embalagens as iniciativas podem ir muito além dos 3 R´s (reduzir, reusar e reciclar). Temos ainda as embalagens de segundo uso – onde uma determinada embalagem assume uma nova função distinta da sua original, multiplicando os benefícios em sua vida útil. A produção com materiais de fontes renováveis – neste caso assegurando origem quase inesgotável e também reduzindo a sua demanda por recursos finitos favorecendo sua performance segundo o ACV. A otimização da cadeia de abastecimento, desde maior eficiência hídrica, energética, logística, redução de perdas etc . E, se isso não bastasse, não podemos negligenciar as grandes oportunidades de reduzir o impacto que as embalagens têm em toda cadeia de manufatura e logística, muitas vezes equivalente aos 3R´s”, explica Paulo Villas, Diretor de Operações Técnicas, Embalagens, Engenharia, R&D e Manufatura da Monster Energy.

De acordo com a Coordenadora de Sustentebilidade da Valgroup, a utilização de PET PCR gera um grande impacto positivo no meio ambiente, além da promoção da economia circular. “Com um menor gasto de energia e redução nas emissões de gases estufa, gerando menor pegada de carbono na sua produção, redução dos resíduos plásticos e aumento na vida útil dos aterros. Por outro lado, um fator de atenção é a dificuldade de coleta do material pós-consumo e a falta de incentivo na coleta seletiva”, alerta Tatiane Anjos.

 

 

Processo de reciclagem

A indústria de reciclagem de PET evoluiu muito nos últimos anos dispondo, atualmente, de várias tecnologias capazes de executar a industrialização do PET para um novo tipo de consumo. Essas tecnologias abrangem, desde as mais simples como moagem e lavagem, até as mais sofisticadas contemplando etapas de super-lavagem, descontaminação, extrusão, granulação e pós-condensação.

 

 

“Algumas empresas já estão trabalhando alguns SKUs com 100% PET reciclado com metas ousadas até 2030. O grande desafio no momento está focado na logística reversa e implantação de plantas de reciclagem para atender essas metas”, Ayrton Irokawa, Gerente de Vendas da Krones do Brasil

“As garrafas pós-consumo passam por um processo de separação e moagem, em que se transformam em flakes e são lavados em um processo de super lavagem – o nome comercial do equipamento da Krones de super lavagem é “Metapure W” – e posteriormente por um sistema de descontaminação em reatores “Metapure S”, para atingir índices de pureza e viscosidade adequados para aplicação”, explica Ayrton Irokawa, Gerente de Vendas da Krones do Brasil. A linha de reciclagem Metapure, desenvolvida pela empresa, tem capacidade de produção de 1000 a 6000 kg/hora, oferecida em módulos permite a montagem de acordo com as necessidades do projeto.

A desumidificação é outra fase essencial devido ao PET ser um termoplástico muito higroscópico (absorve umidade), o que requer um alto nível de secagem antes de ser fundido (derretido) e transformado em um novo produto. Caso essa secagem não ocorra, o PET fundido pode se degradar por oxidação ou hidrólise, afetando suas características físico-químicas, como viscosidade, reatividade, cor, resistência mecânica etc.

Na sequência do processo, a extrusora aquece o flake até sua fusão, o que normalmente ocorre dentro de um cilindro metálico, onde a massa fundida (melt flow) é movimentada por uma rosca helicoidal que se parece com um grande parafuso.

Em seguida, um processo minucioso de filtração elimina possíveis contaminantes sólidos.

Após essa fase, a massa de PET fundida é pressurizada contra uma placa com vários orifícios obtendo-se um espaguete contínuo que, após o resfriamento, é granulado, dando origem aos pellets.
Uma das características importantes a serem mantidas nos patamares próximos da resina virgem é a viscosidade.

Para garantir os índices de viscosidade necessários, pode-se utilizar o processo de pós-condensação. Nele, um fluxo de gás, normalmente nitrogênio ou gás carbônico, circula em contracorrente com os pellets, em muitos casos num leito fluidizado ou em equipamentos rotativos. Sob condições específicas e controladas, ou seja, ausência de oxigênio, vácuo e altas temperaturas, a viscosidade intrínseca do PET pode ser ajustada para que tenha características similares à resina virgem.

Crédito: Krones

Processo de sopro

Depois de obtida a resina de PET PCR, o próximo passo para a indústria de bebidas é a transformação dessa matéria-prima em garrafas, passando primeiro por injetoras para a fabricação das preformas e, posteriormente pelo processo de sopro para se chegar nas garrafas que serão utilizadas pela indústria chegando, finalmente, ao seu destino final: o consumidor.

Com participação em praticamente todas as etapas de produção e envase de bebidas, a Krones tem atuação destacada também no fornecimento dos equipamentos de sopro das garrafas de PET. Segundo Ayrton Irokawa, Gerente de Vendas da empresa, os engarrafadores e fabricantes de embalagem devem avaliar se as máquinas sopradoras são projetadas para este tipo de PET. No caso da Krones, explica Ayrton, as máquinas têm tido uma ótima performance, mesmo com baixas gramaturas. “Atualmente, com a tendência mundial de baixar a gramatura, uma análise mais aprofundada do design da preforma x garrafa deve ser levada em conta, além do material reciclado. A Krones, pensando em fechar o ciclo, além das sopradoras que já são bem consolidadas no mercado, desenvolve as plantas de reciclagem e os moldes de injeção de preforma (MHT) com o intuito de prestar um serviço aos nossos clientes, considerando todas as variáveis do mercado”, explica o executivo.

“Diferentes tipos de PET reciclado podem ser utilizados dependendo da bebida e das características que são exigidas na embalagem. Por exemplo, para bebidas carbonatadas, pode-se utilizar PET reciclado com maior IV (índice de viscosidade) para garantir a resistência mecânica da garrafa ao gás e à pressão interna, enquanto para bebidas não carbonatadas pode se utilizar PET reciclado com menor IV”, Marcelo Sobrero, Diretor de Vendas da Sidel América Latina

Do ponto de vista da indústria, segundo a Natural One, da mesma forma que entra uma resina virgem na produção, entra a reciclada e isso não acarreta em perda de produtividade. “Mas, esse também foi um grande desafio. Temos uma linha de produção de alta velocidade e precisão. Na garrafa de 900ml, por exemplo, nossa linha fabrica 31 mil garrafas por hora. Então, se tiver algum milímetro de diferença em algum encaixe da pré-forma, a linha para porque tem risco de contaminação. A gente não queria perder eficiência fabril com o PET reciclado, então fizemos várias adaptações e testes na linha. Com essa matéria-prima que desenvolvemos, são necessários ajustes na parte mecânica da linha, mas isso é automático. É como se estivesse trocando uma embalagem”, explica Rafael Ivanisk.

A utilização de PET reciclado em embalagens aumentou para algo em torno de 8% em nível global, sendo que esse índice era de 5% em 2018. Na Europa, a média já é de 15% e deverá chegar a 35% até 2030, segundo estudo da Fundação Ellen MacArthur, divulgado pela Sidel, empresa que desenvolve soluções completas para a indústria de bebidas, inclusive para o design de preformas e garrafas que permitem a utilização do r-Pet gradativamente partindo de 20% até chegar aos 100% de PET reciclado. De acordo com Marcelo Sobrero, Diretor de Vendas da Sidel América Latina, a quantidade ideal de mistura de PET reciclado com resina pura depende de vários fatores, como a qualidade do PET reciclado, as características do produto a ser embalado, a rigidez mecânica exigida para o recipiente, o processo de sopro em conjunto com a tecnologia usada.

“Em geral, recomenda-se que o percentual de resina reciclada seja incorporado gradativamente. Os engarrafadores começam com misturas que incorporam 20-50% de PET reciclado na resina pura para obter um equilíbrio rápido entre a qualidade da embalagem e a redução de custos. Mas vale ressaltar também que, em muitas partes do mundo, e principalmente para a água sem gás, há uma clara tendência de migração para resina 100% reciclada”, explica o executivo, ressaltando ainda que de modo geral, nas sopradoras da Sidel que são utilizadas para a biorientação de pré-formas com resinas virgens, não há limitações técnicas para a utilização de PET reciclado no processo de sopro. “Porém, vale ressaltar que pode ser necessário fazer ajustes nos parâmetros do equipamento, bem como nas especificações técnicas da embalagem desejada”, afirma Marcelo Sobrero.

“Todos os engarrafadores podem utilizar o PET PCR desde que comprem preformas de boa qualidade e tenham boas condições de sopro. Isso porque a janela de processo é mais apertada requerendo maior capacitação da mão-de-obra e melhores condições da sopradora”, Paulo Villas

De acordo com Paulo Villas, sob a perspectiva do sopro os pontos mais importantes são:

• Alteração da cor, pois interfere na absorção de radiação Infravermelho e no aquecimento da preforma;
• Viscosidade Intrinseca, pois interfere diretamente na resistência mecânica e química da garrafa,
• Ausência de contaminantes que podem levar à produção de garrafas furadas.

“Se a resina tiver boa qualidade é possível operar até com 100% de PET PCR, embora o mais comum seja entre 25%-50% exatamente pelas dificuldades citadas”, explica Paulo Villas, reforçando que não é necessário sopradoras de garrafas com tecnologia específica, desde que a sopradora esteja em boas condições operacionais. “Mas, é claro que sopradoras com melhor controle de temperatura e, ainda, com controles automáticos (malha fechada) podem ajudar muito o operador a estabilizar o processo”.

O custo vale a pena?

Os esforços para se chegar a uma paridade de custos entre o PET reciclado e a resina virgem são cada vez maiores, assim como avançam as pesquisas para garantir as características do PET PCR sem nenhum empecilho aos fabricantes de bebidas e suas linhas de envase.

“Em geral o custo de aquisição é ligeiramente superior que o virgem, mas é preciso observar que a utilização da resina reciclada evita custos como as taxas de recuperação das embalagens e, portanto, há de se observar o Custo Total e não somente de aquisição. À medida que a infraestrutura de reciclagem se expande e evolui, o PET PCR torna-se cada vez mais competitivo”, acredita Paulo Villas.

“Os parâmetros do processo de sopro podem ser ajustados de acordo com o percentual de reciclagem do PET PCR. Atualmente, muito fabricantes no mundo já estão utilizando PET PCR 100% e suas embalagens possuem qualidade tão boa quanto a de garrafas sopradas com resinas virgens’,
Maurício Eraclide, Coordenador
de Vendas da KHS do Brasil

Por isso sua utilização cresce entre os engarrafadores que buscam a eficácia do processo e um equilíbrio perfeito entre o custo e o benefício dessa resina e/ou preforma nas fábricas. Para Maurício Eraclide, Coordenador de Vendas da KHS do Brasil, tradicional fornecedor de equipamentos e soluções para a cadeia de embalagem, produção e envase de bebidas, os parâmetros do processo de sopro podem ser ajustados de acordo com o percentual de reciclagem do PET PCR.

Atualmente, muitos fabricantes no mundo já estão utilizando PET PCR 100% e suas embalagens possuem qualidade tão boa quanto a de garrafas sopradas com resinas virgens. “Se o material reciclado for de boa qualidade, os parâmetros estruturais do PET PCR tendem a ser similares com os de uma resina virgem, isso faz com que a maioria das sopradoras de mercado tenham capacidade de soprar o PET PCR com pequenos ajustes no processo de sopro. Entretanto, se o material reciclado for de baixa qualidade, dificilmente a sopradora conseguirá compensar as oscilações na estrutura molecular da preforma, fazendo com que um mix de garrafas boas e ruins sejam produzidas no mesmo lote e exista um maior risco de contaminação / migração de sabor para a bebida final”, alerta Maurício.

Assunto estratégico

A Economia Circular é essencial para a sobrevivência do Planeta, portanto, um assunto estratégico na gestão das empresas. “O PET PCR vem de encontro a isso, pois sua utilização reduz o descarte de plásticos no meio ambiente (pode ser reciclado várias vezes), possui um menor gasto energético para a produção gerando menor pegada de carbono e aumenta a vida útil dos aterros, ou seja, o mesmo possui princípios sustentáveis. Entretanto, o custo atual do PET PCR é superior ao da resina virgem pela grande dificuldade na coleta das embalagens pós consumo, ou seja, a falta de incentivo em cooperativas de reciclagem e coleta seletiva são temas que trazem dificuldades ao setor”, diz Maurício Eraclide, da KHS.

Até o momento, não existe no Brasil uma lei que obriga os fabricantes a utilizarem o PET PCR, ou seja, as empresas podem fazer campanhas de marketing divulgando sua marca com apelo sustentável por utilizarem resina reciclada, porém, por outro lado, os custos são superiores pois a escala produtiva da resina virgem é bastante superior e mais econômica. Ao final, cabe a cada empresa avaliar o custo/benefício e estratégia de seus produtos no mercado.

“O engarrafador deve comprar a resina PET PCR
de um fornecedor que fez as análises de um contaminante para Água Mineral Natural, caso tenha sido feito somente para refrigerante, não pode ser utilizado”, Carlos Alberto Lancia,
Presidente da Abinam

“Para o setor de Água Mineral Natural, que leva ao mercado uma água sem nenhuma espécie de tratamento, quer de natureza física ou química, ou seja, um produto 100% natural, orgânico, livre de contaminantes emergentes, e que preserva os biomas onde estão inseridas as fontes (protegemos uma área de mananciais de aproximadamente o tamanho do Estado de Sergipe) em todos os cinco biomas terrestres do Brasil: Amazônia; Cerrado; Caatinga; Mata Atlântica; Pantanal e Pampa, vale muito mais que a pena esse custo e deveria ser valorizado e prestigiado pelas autoridades com um tratamento diferenciado na Reforma Tributária. Outros segmentos defendem arduamente a floresta Amazônica, mas não praticam políticas de preservação ambiental nos outros quatro biomas existentes. Preservar o Meio Ambiente e praticar a Economia Circular para o nosso setor, não tem preço”, enfatiza Carlos Alberto Lancia, Presidente da Abinam – Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais.

Por fim, importante considerar que as estratégias de supply levam em consideração o preço da resina virgem e da reciclada, além das exigências ambientais nas decisões de compra buscando sempre o equilíbrio financeiro e sustentável.

“Importante deixar muito claro no mercado atual que o PET em relação a qualquer outro material de embalagem é imbatível. O produto envasado em alumínio, por exemplo, é 30% mais caro que o produto envasado em PET. O mililitro de uma bebida envasada em PET é 30 a 40% menor. O PET democratiza o consumo e o vidro fideliza a marca. Quem tem mais Market share não quer o PET porque sabe que vai abrir espaço para outros. Foi assim com o refrigerante e pode ser assim com a cerveja também. As cervejarias artesanais têm uma grande oportunidade para crescer com o PET”, finaliza Aury Marçon.

 

Conversão de linha automatizada

KHS

KHS InnoPET iflex – um conceito de automação modular que foi desenvolvido inicialmente para linhas PET com um grande número de SKUs. Com trocas rápidas, confiáveis e reproduzíveis, ele garante um aumento significativo no OEE.

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