Vinhos de países pouco explorados pelos apreciadores estarão entre as novidades.
Blends, rótulos apimentados e com guarda até 2042 são exemplos
Por Jonas Martins
Em 2024, enquanto o consumo global de vinhos enfrentava um leve declínio devido a mudanças nos hábitos de consumo e restrições econômicas, o Brasil se destacou como uma exceção. Com as vendas crescendo e uma curiosidade renovada pelo universo vinícola, o país tem se consolidado como um terreno fértil para novas e diversificadas explorações.
Se em outras partes do mundo as mudanças nos hábitos de consumo e as restrições econômicas freiam o interesse por bebidas alcoólicas, no Brasil, o vinho é abraçado como uma experiência sensorial e cultural em constante evolução. Enquanto o mundo lida com um cenário mais contido, o Brasil encontra no vinho um universo de possibilidades a ser explorado, tanto como um prazer gastronômico quanto como uma jornada cultural. O país segue um roteiro próprio, desafiando tendências e reafirmando sua identidade como um mercado vibrante e em expansão. O aumento nas vendas e o interesse por novas descobertas reforçam que o país é um território promissor para a diversificação vinícola.
Veja algumas perspectivas para 2025 elencadas pela MMV:
1 – Mais que clássicos
O paladar brasileiro, historicamente dominado por rótulos argentinos, chilenos e portugueses, vem ganhando novos horizontes com a ascensão de vinhos franceses, italianos e espanhois que começam a conquistar corações e paladares, apresentando vinhos que, embora clássicos, ainda são considerados novidades para muitos consumidores locais.
No entanto, esta não é a única frente de crescimento. A MMV abraça esse dinamismo e já se movimenta para introduzir e fomentar o mercado com seleções de outras regiões. Entre eles, estão vinhos requintados da Ribera del Duero, na Espanha, cada vez mais populares que devem ressoar bem com o gosto brasileiro, oferecendo uma excelente alternativa aos conhecidos Malbecs argentinos e Cabernet Sauvignons chilenos.
Será o nosso segundo parceiro na renomada região de Ribera del Duero. Os vinhos de lá são pouco explorados no Brasil, porém sua riqueza de sabores tem tudo para conquistar ainda mais espaço no mercado nacional.
2 – Descobertas Exóticas e Acessíveis
O interesse por vinhos de regiões menos convencionais também cresce. Países como Eslovênia, Hungria e Macedônia começam a atrair atenção, oferecendo rótulos exóticos e acessíveis. Da mesma forma, regiões como Nova Zelândia e Austrália apresentam vinhos que dialogam com o perfil tropical do brasileiro, como o Andrew Mcpherson Shiraz e o exclusivo Tahbilk Old Vines Cabernet Shiraz.
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O vinho australiano Andrew Mcpherson Shiraz é produzido pela Mcpherson Family Vineyards, na região de Victoria. O processo de fermentação em tanques de aço inox com braços varredores permite uma leve e constante remontagem, visando extrair mais cor e suavizar os taninos. Ele é envelhecido por 12 meses em carvalho francês e revela aromas intensos de frutas escuras, como cereja preta, mirtilo, ameixa e jabuticaba, complementados por pitadas de pimentas-pretas e doces. Na boca, as frutas maduras, especialmente a ameixa, destacam-se, enquanto o toque apimentado confere ao vinho uma personalidade marcante, harmoniosamente integrada com a madeira.
Já o Tahbilk Old Vines Cabernet Shiraz, da Tahbilk Estate é feito a partir de vinhedos de Syrah plantados em 1860 e 1933 e de Cabernet de 1949, envelhecido por 18 meses em barris de carvalho francês e americano, com maioria de primeiro uso. É complexo, pronto para ser apreciado, mas também adequado para guarda prolongada. No aroma, especiarias e ervas aparecem inicialmente, seguidas por frutas escuras maduras. No paladar, é suculento, destacando o sabor de cedro bem integrado com as notas frutadas. Considerado um grande vinho, é vendido no Brasil em edição limitada. A garrafa desse rótulo é um pouco mais cara: na casa dos R$ 900,00.
3 – Exclusividade e Sofisticação
Além disso, o mercado premium ganha força com iniciativas como a importação do renomado Brunello di Montalcino 2016 Paradiso di Cacuci, um rótulo icônico da Toscana, disponível em edições especiais. Esse vinho, conhecido por sua profundidade aromática e potencial de guarda até 2042, é um deleite para os apreciadores mais exigentes. Os rótulos atendem à demanda por experiências sofisticadas e personalizadas, combinando autenticidade e história.
O Brunello di Montalcino 2016 Paradiso di Cacuci é um vinho italiano da Toscana, elaborado exclusivamente com uvas Sangiovese da safra de 2016 e possui teor alcoólico de 14%. A colheita é manual, e a fermentação ocorre em tanques de aço inox com temperatura controlada, seguido por um envelhecimento de 24 meses em barris de carvalho da Eslavônia (não confunda com Eslovênia, rs).
Com nota máxima (5/5) e potencial de guarda até 2042, este vinho exibe uma cor vermelha rubi profunda. Seus aromas complexos incluem frutos silvestres maduros, tabaco e couro, enquanto o bouquet evolui para notas de cogumelos e terra molhada. No paladar, é envolvente e equilibrado, destacando frutas passas e um leve defumado, um exemplar magistral para qualquer adega.
Pela primeira vez iremos importar 3 safras diferentes de um mesmo vinho, que serão apresentadas em exclusivas caixas de madeira para consumidores dispostos a investir um pouco mais em busca de autenticidade e história de cada garrafa.
4 – Blends: A nova tendência
No Chile, os vinhos de corte, ou blends, vêm ganhando popularidade, um reflexo de consumidores que buscam experiências mais diversificadas. Essa tendência já dá sinais de chegar ao Brasil, oferecendo uma alternativa interessante aos tradicionais varietais, como Cabernet Sauvignon e Carménère. Os blends representam inovação e complexidade, características que estão cada vez mais em alta no gosto dos brasileiros, ressaltando que essa tendência reflete um mercado que, embora bem estabelecido, está aberto a inovações e experiências. Assim, espera-se que essa preferência por blends atinja o mercado brasileiro com força em 2025, à medida que os consumidores busquem novas experiências enológicas e abraçam a diversidade de sabores que os vinhos de corte têm a oferecer.
Jonas Martins
Gerente comercial da MMV Vinhos
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