O futuro das cervejarias

Convidamos executivos de várias cervejarias para uma análise sobre as mudanças comportamentais e como elas impactam o futuro das cervejarias. Eles analisaram novos modelos de negócios, sustentabilidade, eficiência e outros assuntos fundamentais para a sobrevivência e sucesso das empresas nesse mercado cada vez mais turbulento e marcado por grandes e profundas transformações tecnológicas, sociais, políticas e econômicas

Por Carlos Donizete Parra

Que a velocidade das tecnologias vem impulsionando o mundo dos negócios não é mais novidade para ninguém, mas como acompanhar esse processo e atender as demandas geradas é uma preocupação de todos. Algumas empresas tiveram que mudar seus modelos de negócios para se manterem competitivas no mercado. Caso da americana Best Buy que viu suas vendas despencarem e as ações atingirem níveis baixíssimos beirando a falência. Executivos e especialistas perceberam que os consumidores visitavam as lojas, experimentavam os produtos, mas optavam por comprar da Amazon via e-commerce. A virada aconteceu quando a empresa mudou o modelo de negócios e passou a funcionar como um market place físico de produtos em que a receita vem dos fornecedores de produtos que pagam para a Best Buy pelo espaço e vendem diretamente aos consumidores. Um acordo garante comissão à Best Buy pelas vendas através da Amazon. As ações da empresa subiram e as receitas vão muito bem, obrigado!

A indústria cervejeira, como todas as outras, está no meio desse redemoinho de transformações, rápidas e exponenciais, que exigem agilidade e conhecimento que nem sempre estão ao alcance das pessoas. “O que aprendemos no passado ajuda pouco a resolver os problemas do futuro”, explica Vicente Falconi, em entrevista recente à FRST Falconi. “As inovações sempre existiram, mas hoje estão muito mais aceleradas, por isso, o ser humano se depara cada vez mais com temas desconhecidos. Isso são problemas e por isso são desconhecidos porque senão não seriam problemas”, explica Vicente Falconi.

Os problemas acontecem mais rápido do que as soluções aparecem. As empresas precisam estar preparadas para oferecer soluções rápidas de acordo com as demandas dos clientes. A tecnologia é fundamental para agilizar e resolver tais problemas. Estamos vivendo a quarta revolução industrial, sendo que nos últimos dois anos completamente diferentes passamos por uma incrível transformação digital onde estamos sendo desafiados a entregar produtos e serviços como nunca imaginamos fazer. E o desafio não para!

A transformação digital é uma jornada que envolve processos, tecnologia e pessoas. Principalmente pessoas! Elas são o ativo principal das mudanças. Precisam de treinamento, capacitação e uma nova cultura organizacional que privilegie a experimentação, agregação de valor, propósito, diversidade e transparência. E, para isso, cada empresa tem seu tempo para uma jornada que está só começando!

Nesse processo precisamos compreender muito bem o cliente/consumidor. Sem entender suas reais necessidades não chegaremos a lugar nenhum.

E como olhar lá na frente sem perder o “time” do presente? O futuro parece cada vez mais próximo e é extremamente importante participar ativamente das questões que estão pulsando na sociedade. Para saber que rumo seguir e alinhar algumas estratégias perguntamos a executivos do mercado o que e como fazer? Acompanhem suas opiniões e descubram os melhores caminhos.

 

QUAL SUA CONCEPÇÃO DE CERVEJARIA DO FUTURO?

 

Saulo Miguel, Diretor Regional Industrial – Sudeste, Heineken Brasil

Saulo Miguel, Diretor Regional Industrial – Sudeste, Heineken Brasil

A cervejaria do futuro mantém as bases que trouxeram essa indústria milenar ao patamar que conhecemos hoje, primando pela qualidade de seus produtos e sustentabilidade de suas operações.

Essa cervejaria será centrada nas necessidades de clientes e consumidores, relevante na comunidade em que atua, mantendo o cuidado e respeito às pessoas, meio-ambiente e sociedade, gerando um ambiente diverso e inclusivo em todas as suas relações e, obviamente, entregando produtos segundo os anseios de seus clientes no momento exato em que desejarem.

Tal papel só será possível pela aplicação das melhores práticas de gestão, contando com os mais bem capacitados profissionais, atuando em uma cultura onde seus lideres sejam embaixadores de comportamentos como celebrar o sucesso dos times, tomar decisões corajosas, pensar no consumidor primeiro e não trabalhar em silos, priorizar o aprendizado / compartilhamento / reaplicação de boas práticas, abertura para inovações e não temer conversas difíceis.

Dentro do contexto de conectividade, ainda, preparar uma cervejaria para combinar potencialidades de ‘colaboradores conectados’ e uma ‘fábrica inteligente’ trará diferencial adicional e melhor adaptará as instalações às necessidades das futuras gerações. Para os hoje conhecidos como ‘nativos digitais’ (aqueles que não conheceram um mundo sem as tecnologias atuais), trabalhar em ambientes não conectados simplesmente não fará sentido. Sabemos que a jornada é longa, mas toda caminhada começa com o primeiro passo. Ao mesmo tempo, precisamos resistir à tentação de implementação de tecnologias por ‘modismos’, mas sim mirando no valor que cada ferramenta ou iniciativa aporta para as pessoas e para o negócio.

Victor Marinho, Sócio e Mestre-cervejeiro, Cervejaria Dádiva

Victor Marinho, Sócio e Mestre-cervejeiro,
Cervejaria Dádiva

Acho que a empresa do futuro, mais do que a cervejaria do futuro, tem que ser ambientalmente correta e socialmente inclusiva. Acredito que esses sejam os dois pilares essenciais de uma empresa do futuro.

Além disso, uma empresa precisa apoiar localmente toda a comunidade, estar integrada com o ambiente no qual ela está inserida. Em termos de cervejaria, especificamente, acho importante a gente sempre pensar também nas novas formas de consumo da bebida, produzindo para públicos dos mais variados gostos e preferências, incluindo aqueles que precisam tomar cervejas sem glúten, não podem ou não querem ingerir álcool e, até mesmo, para quem dá preferência para cervejas low carb. Acho que esses são pontos cada vez mais relevantes para o futuro do mercado.

 

Gustavo Assoni,
Gerente Industrial, Convenção

Gustavo Assoni,
Gerente Industrial, Convenção

Minha concepção de cervejaria do futuro está ligada fortemente ao regionalismo, cervejarias locais, uso de ingredientes regionais (por exemplo, lúpulo nacional).

Todo trabalho maravilhoso que está sendo feito no Brasil tem tudo para dar bons frutos. Iniciou com a cevada. Foram anos de estudos e tecnologia e, agora, o lúpulo está no mesmo caminho. O resultado são cervejas de altíssima qualidade e sabores incríveis.

Rodrigo Veronese, Mestre-cervejeiro, Brewine Leopoldina

A cervejaria do futuro, sobretudo a artesanal, é aquela que tem bastante criatividade, com um raio de vendas geralmente mais próximo de onde está instalada e que traga bastante inovação. Levando em consideração o propósito de uma cervejaria artesanal, elas devem ser criativas, inovadoras e proporcionar ao consumidor uma experiência de aromas e sabores diferente das cervejas tradicionais de grande volume.

Rodrigo Sawamura, Gerente de Cultura Cervejeira, Estrella Galícia

A cervejaria do futuro tem que minimizar os gastos energéticos e ampliar a utilização de fontes renováveis na cadeia. Além de reduzir o lixo em toda o circuito cervejeiro (embalagens, insumos etc), precisamos dar atenção à questão da pegada hídrica tomando os devidos cuidados com gastos desnecessários, reaproveitamento da água e o tratamento adequado para que possamos preservar esse recurso tão importante para o planeta.

Outro olhar importante é para as questões sociais, diversidade, inclusão das mulheres nesse universo cervejeiro que ainda é bastante machista e sexista.

 

 

 

E COMO SERÁ O FUTURO DA CERVEJA ARTESANAL?

Gustavo Barreira, CEO, CBCA

Gustavo Barreira, CEO, CBCA

Podemos dividir essa análise em duas partes. A primeira pensando no longo prazo e a segunda parte fazendo um breve retrospecto sobre a situação presente das cervejarias artesanais. No longo prazo, vejo que a evolução no padrão de consumo do brasileiro vem trazendo uma migração dos produtos convencionais para os especiais, assim como acontece em outras categorias como o vinho, por exemplo. Essa mudança é irreversível e contínua, na medida que o mercado de cervejas artesanais ainda deve crescer 20% ao ano nos próximos quatro anos pelo menos. Portanto, vejo o mercado sólido e com boas perspectivas.
Já no que diz respeito ao momento atual, dois anos de pandemia machucaram muito as cervejarias e hoje capital de giro é o principal gargalo para uma retomada da oferta para atender à crescente demanda.

Bruno Brito, Diretor e Fundador, Cervejaria Dogma

As grandes indústrias sempre estarão ai com produtos de massa e com custos e preços baixos. Acredito que as empresas do nosso nicho que terão sucesso no futuro serão as que conseguirem associar produtos de qualidade, de alto valor agregado e oferecendo experiência aos consumidores. Após a pandemia percebemos que o público quer mais do que apenas consumir, ele deseja ter uma imersão no consumo e as cervejarias terão que se adaptar a essa nova realidade através de storytellings, treinamento de brigadas e experiências multissensoriais que atraiam os clientes e gerem identificação com os seus produtos.

Rodrigo Veronese, Mestre-cervejeiro, Brewine Leopoldina

O futuro das cervejarias artesanais é a continuação do desenvolvimento de produtos inovadores, de aproximação e de mostrar experiências diferenciadas aos consumidores com os quais elas estão conectadas.

Aloisio Xerfan, CEO, Blondine Bebidas Artesanais

Eu vejo o futuro das cervejas artesanais no Brasil dividido em dois caminhos para os próximos anos devido à crise econômica e política instauradas no país, que na minha visão a recuperação de renda (essa diretamente ligada ao consumo de nossos produtos) será lenta. O primeiro caminho é o das cer vejas artesanais independentes focadas em “micro-lotes” e inovação, com vendas diretas a consumidores via site ou localmente em sua unidade, muitas delas como brew-pubs. No outro caminho, as cervejas artesanais distribuídas ou associadas a grandes grupos tomarão cena nas redes de varejo e restaurantes, trazendo maiores volumes. Terão que ter competitividade para continuar crescendo e ampliando volumes, porém com margens cada vez mais apertadas.

 

MODELOS DE NEGÓCIOS DAS CERVEJARIAS ARTESANAIS

Gustavo Barreira, CEO, CBCA

O mercado de cervejas artesanais é muito jovem no Brasil e vários modelos ainda podem se provar eficientes. Na atual conjuntura, acredito que os modelos mais sustentáveis estão nos extremos: de um lado nanocervejarias e brew pubs e do outro, cervejarias artesanais que já atingiram um porte maior, acima de 1,5 milhão de litros anuais.

 

Aloisio Xerfan, CEO,
Blondine Bebidas Artesanais

Aloisio Xerfan, CEO, Blondine Bebidas Artesanais

O modelo de negócio das cervejarias artesanais do futuro será mais voltado ao “produto” em si, com diferencial na velocidade do desenvolvimento e de identificar uma oportunidade e transformá-la em produto. Vejo também que estarão cada vez mais longe da distribuição. A inovação será focada no líquido mesmo sem margens para uma garrafa ou lata diferente devido à falta de interesse por parte dos fornecedores.

Bruno Brito, Diretor e Fundador, Cervejaria Dogma

O futuro da cerveja artesanal está em plantas mais modernas, com menos funcionários e maior produtividade deixando assim espaço para as empresas investirem na experiência dos clientes, tanto em lojas próprias quanto em pdvs parceiros.

Victor Marinho, Sócio e Mestre-cervejeiro, Dádiva Cervejaria

Acho que no caso específico da cerveja artesanal, o modelo que tem se consolidado cada vez mais é o de brewpubs ou de cervejarias que têm um taproom e focam no consumo local. Cada vez isso se fortalece mais. Eu acredito que as empresas maiores, nacionais, vão enfrentar uma redução. Antigamente, há uns cinco ou dez anos, todo mundo queria atender todos os estados, ter a maior abrangência possível.

Agora, nos últimos dois ou três anos, ficou muito claro que a empresa que fortaleceu o consumo local teve, e vai continuar tendo, uma maior sustentabilidade econômica, um crescimento mais sustentável.

Eu não tenho dúvida de que ter um bar próprio de cervejaria de venda local ou uma rede de bares próprios é a tendência.

Rodrigo Veronese, Mestre-cervejeiro,
Brewine Leopoldina

Rodrigo Veronese, Mestre-cervejeiro, Brewine Leopoldina

Cada cervejaria terá que criar seu próprio nicho, seja mais local, de vendas para algum bar, de venda direta ao consumidor, ou focada em venda de volume. O modelo de negócios dependerá muito da proposta em que a cervejaria está disposta a investir, do tipo de tecnologia que ela vai usar para fabricar as cervejas, somando ao contexto de onde ela será instalada. Ou seja, dependerá muito das decisões de quem quer investir em cerveja. O mais importante é entender que este é um negócio e precisa ser bem controlado, por conta de todas as variáveis que estão ao redor de produzir, elaborar e comercializar este tipo de produto.

 

COMO A SUSTENTABILIDADE VAI IMPACTAR O NEGÓCIO DE CERVEJA?

Aloisio Xerfan, CEO, Blondine Bebidas Artesanais

A sustentabilidade é um tema extremamente importante e parte do dia a dia da Blondine. Hoje nossos resíduos são todos direcionados para tratamento, transformados em fertilizantes e voltam ao campo, porém estamos indo além com projetos de produtos que não dependam de cadeia refrigerada e que tragam economia no setor energético como um todo.

Gustavo Barreira, CEO, CBCA

O crescimento da demanda vai trazer um aumento da oferta também e novas cervejarias surgirão, fazendo com que o mercado seja cada vez mais regional. Neste contexto, a sustentabilidade vem na forma de ações sociais que impactem a comunidade local. Não adianta ser conhecido em outro estado se você não respeita seu vizinho. No aspecto ambiental, a preocupação com utilização eficiente de insumos, água por exemplo, reciclagem de embalagens e energia elétrica vinda de fontes renováveis como os painéis fotovoltaicos, já são tendências claras.

 

QUAIS SÃO AS TECNOLOGIAS MAIS IMPORTANTES PARA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA NOVA CERVEJARIA?

Saulo Miguel, Diretor industrial, Heineken

As tecnologias para produção cervejeira, desde o tratamento do malte até o produto acabado são conhecidas e largamente compartilhadas entre todos os ‘players’. A diferença está nas pessoas e no ‘como’ a cultura da organização direciona a estratégia da visão para a prática. Como dizia o saudoso Peter Drucker, um dos maiores ícones em gestão de nosso tempo, ‘a cultura come a estratégia no café da manhã’. Então, entendendo que todos têm acesso às melhores máquinas e vencidas as discussões sobre cultura (algo muito particular a cada organização), trago a reflexão sobre como ter um plano robusto para implementação de tecnologias inovadoras como gerenciadores de tarefas conectadas, uso de realidade aumentada, aplicação relevante da ‘internet das coisas’, criação de ‘dashboards’ interativos e que agilizem a tomada de decisões, manufatura aditiva e ‘machine learning’, apenas para citar algumas. Então, a criação de um plano mestre para pilotar a aplicação relevante destas frentes poderá, e deverá, tomar o topo da agenda na implementação de novas cervejarias.

Daniel Baumann, Diretor no Centro
de Inovação e Tecnologia (CIT), Ambev

Daniel Baumann, Diretor no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), Ambev

Atualmente, tudo o que vamos colocar no mercado, de um novo produto a uma embalagem, nasce dentro de um centro de inovação. Encontramos várias tecnologias para nos apoiar nesses processos e a inovação é uma grande aliada dentro das cervejarias. Alguns exemplos de tecnologias que eu posso citar são as metodologias de Machine Learning e a Inteligência Artificial para maior assertividade de processos e fluxos de operação. Utilizamos as duas na Cervejaria do Futuro da Ambev. São diversos métodos disponíveis no mercado que se apoiam em inovação, como a utilização de robôs móveis autônomos, impressão 3D, uso de engenharia reversa e, na vertente que atende às questões de sustentabilidade, as energias solar e de biogás, e o reúso da água. Esses métodos também estão presentes na Cervejaria do Futuro. Essa cervejaria reuniu todos os esforços da Ambev para pensar e desenvolver tecnologias de ponta aplicadas às cervejarias, sendo sempre direcionados e guiados para atender às demandas de nossos consumidores por todo o Brasil. Com a Cervejaria do Futuro, conseguimos experimentar novas receitas e ampliar ainda mais a diversidade cervejeira no país.

Rodrigo Sawamura,
Gerente de Cultura Cervejeira, Estrella Galícia

Rodrigo Sawamura, Gerente de Cultura Cervejeira,
Estrella Galícia

Acredito que a tecnologia deve viabilizar as práticas sustentáveis de forma geral, como o melhor uso e reaproveitamento da água, do CO2 e de outros insumos. Minimizar o consumo de vapor e privilegiar as fontes de energia renováveis. Salas de brasagem que minimizem o consumo energético, além de linhas de envase que possam garantir a ausência de oxigênio nas embalagens. Na distribuição o futuro deve ser de frotas de carros e caminhões elétricos. Em linha geral, as tecnologias mais demandadas serão aquelas que suprirem essas necessidades.

 

COMO MELHORAR A EFICIÊNCIA NA OPERAÇÃO DA INDÚSTRIA CERVEJEIRA?

Gustavo Assoni, Gerente Industrial, Convenção

Na minha opinião, a melhoria da eficiência na operação depende de um conjunto de ações, entre elas: Gestão, otimização de custos, capacitação técnica, qualidade, tecnologia, insumos e ingredientes inovadores.

 

 

Marcelo Cozac,
Diretor McPack Equipamentos

Marcelo Cozac, Diretor, McPack Equipamentos

As grandes cervejarias já trabalham com um patamar alto de eficiência através da manutenção preventiva, corretiva e dos treinamentos, por isso, na minha opinião, melhorar a eficiência na operação das cervejarias artesanais é mais urgente por afetar diretamente os custos de produção, principalmente associados à perda de cerveja ocasionada no processo de envase, devido a falhas nos processos de envasamento, e dos equipamentos. Para a otimização dos processos de fabricação de cerveja é essencial que os processos sejam automatizados. Os equipamentos semi-automáticos geram muita perda de tempo e de produto. Como exemplo podemos citar o sistema de brassagem automática que pode economizar de 30 a 40 minutos no processo, ou seja, 20% a 30% de tempo. Além disso, diminui a quantidade de pessoas na operação, ou seja, a automação do processo de fabricação de cerveja garante menos tempo, menos pessoas e mais cerveja.

Adriano Nazutto, Supervisor de Vendas, Krones do Brasil

No entendimento da Krones, como fornecedora de linhas de envase e processos, os equipamentos com alto grau de automação e um sistema de gestão de informações integrado, como o M.E.S (Manufacturing Execution Systems), possibilitam alta produtividade, confiabilidade e eficiência, assim como um menor custo por garrafa produzida.

Alberto Marques, Sócio, i9 Opera Gestão e Inovação em Operações

A história mostra que este tema foi e é até hoje tópico relevante de produtividade e competitividade neste segmento. Sempre existiu uma cultura muito forte na busca do que chamamos de ¨excelência operacional¨ em diversos indicadores críticos e não críticos das áreas de operações. As transformações nas indústrias de cerveja que nos trouxeram até aqui foram fundamentais, e hoje são agentes consolidados de mudanças, como o conhecimento e engajamento das pessoas na resolução dos problemas; modelo de sistema de gestão estruturado nas operações; a incorporação do processo de ¨melhoria contínua¨ na rotina do dia a dia e, a disciplina na execução das buscas por resultados referências. Este conjunto de ações conectadas está vivo e, ainda nos dias de hoje funciona e muito bem na busca de melhorias de eficiência na operação e continua trazendo resultados excelentes. Mas nem todos estão com um grau de maturidade em todos os agentes transformadores, por isso ter um bom diagnóstico para sabermos onde estão e o que foi implantado com consistência dos processos (As Is) é fundamental para seguirmos as transformações. Consolidar esta fase é muito importante.

Narciso Vieira,
Gerente Comercial, KHS Brasil

Narciso Vieira, Gerente Comercial, KHS

A eficiência operacional de uma empresa é o reflexo das ações que são praticadas no dia a dia da operação, objetivando usar o mínimo de recursos para entregar produtos de qualidade.

Algumas ações como: Análise operacional, Treinamento, Capacitação e Investimentos em tecnologia podem te ajudar a chegar nos resultados desejados.

Uma análise operacional evidenciando os pontos de impacto a serem revisados, por exemplo, um ajuste no gráfico V da Linha, otimização das rotinas operacionais, melhoria nos tempos de setups etc., os resultados podem ser imediatos como um aumento de eficiência e disponibilidade.

Outro item importante é treinar e capacitar toda equipe, visando distribuir a todos o conhecimento e a importância do conceito de eficiência operacional.

Entretanto, vale destacar que a análise operacional ajuda a identificar gargalos ou deficiências nos equipamentos para focar os novos investimentos em manutenção, máquinas novas e tecnologias onde realmente se faz necessário.

Filipe Pinheiro, Service Account Manager Beer, Sidel do Brasil

É realmente um desafio melhorar a eficiência de uma linha que tem entre 15 a 20 equipamentos. Se a manutenção dos equipamentos não estiver em dia, você pode ter várias quebras/paradas em equipamentos diferentes durante o mês, e isso acaba derrubando o seu OEE mensal. No entanto, isso não precisa mais ser assim. Hoje com a indústria 4.0, os sistemas automáticos de coleta de dados, já são armazenados na nuvem, possibilitando que equipes de especialistas possam analisar os dados para entregar de forma compilada os resultados e propor ações para melhorar a eficiência da sua linha num curto período.

De olho na qualidade, podemos também melhorar a eficiência com a redução dos rejeitos, entendendo onde estamos perdendo produto por questões relacionadas à qualidade, e assim corrigir essa perda.

Precisamos buscar cada segundo de produção com o produto dentro do padrão para melhorar a eficiência, seja com a melhoria de processos operacionais, uso de peças originais, ou automação da linha orquestrada pelos transportadores e seu sistema de controle, mantendo os equipamentos em máxima produção e ainda suportar a operação dos equipamentos com treinamentos de reciclagem aos clientes.

 

COMO OTIMIZAR OS RESULTADOS OPERACIONAIS?

Gustavo Assoni, Gerente Industrial, Convenção

Para isso precisamos apoiar processos de padronização, assim como a elaboração e execução de planejamento estratégico, além de um profundo conhecimento do mercado.

Adriano Nazutto, Supervisor de Vendas, Krones do Brasil

Estabeleça KPI´s, faça a gestão das não conformidades, e invista em tecnologia com sistemas de controles automáticos para que haja padronização dos processos e controle de qualidade. Assim, os resultados de eficiência operacional serão otimizados.

Marcelo Cozac, Diretor, McPack Equipamentos

A melhor forma de otimizar os resultados operacionais é com a automação industrial, equipamentos de ponta para otimizar o processo. Os processos automatizados são mais eficientes.

Alberto Marques, Sócio, i9 Ópera Gestão e Inovação em Operações

Na minha opinião o primeiro grande passo para otimizar os resultados operacionais é ter uma cultura organizacional muito bem alinhada aos propósitos, com todos os níveis hierárquicos muito bem alinhados (integração vertical) e com controle de toda cadeia de fornecedores aos clientes em um único sistema de gestão. Isto é, evoluir e repensar nossas estratégias e processos se adaptando mais rápido às necessidades dos mercados e clientes.

David Servio,
Gerente Comercial, KHS Brasil

David Servio, Gerente Comercial, KHS

Gestão da eficiência operacional é um importante passo inicial para melhoria dos resultados. A revisão nos processos, adequação de layout, treinamentos a fim de reduzir o tempo em algumas tarefas do dia a dia, também ajudam nessa otimização, como por exemplo: Processos de CIP, troca de formatos, planejamento de produções, logística interna, um eficiente sistema supervisório de Linha e atividades como as de manutenção preventiva. Todas essas ações precisam ser analisadas e monitoradas para avaliar se os objetivos estão sendo alcançados.

Filipe Pinheiro, Service Account Manager Beer, Sidel do Brasil

Uma realidade impactante nos dias de hoje é inclusão de novos formatos nas linhas, porém ao mesmo tempo que traz diversificação, que contribui para os resultados operacionais, também traz complexidade para linha com impacto na perda de disponibilidade. Para uma boa performance em troca de formatos, é necessário que os equipamentos estejam preparados para a mudança no menor tempo possível e com boa repetibilidade, mas nem sempre isso está disponível, principalmente em linhas mais antigas.

Hoje, com ainda maior foco em sustentabilidade, existem upgrades para equipamentos mais antigos, que possibilitam economia no consumo de insumos e energias (tecnologias já implementadas nos equipamentos de última geração) .

 

COMO A EFICIÊNCIA E A FLEXIBILIDADE PODEM CONTRIBUIR PARA A COMPETITIVIDADE DAS CERVEJARIAS?

Gustavo Assoni, Gerente Industrial, Convenção

Hoje temos muitas possibilidades de negociação com fornecedores e também com clientes, produtos exclusivos, volumes de produção, inovação de mercado, conhecimento da concorrência e do mercado, que certamente contribui para a competitividade das empresas.

Marcelo Cozac, Diretor, McPack Equipamentos

Sendo eficientes, as cervejarias conseguem trabalhar com menor custo e maior rentabilidade. A flexibilidade é extremamente importante para as cervejarias artesanais pois o processo otimizado garante que a cerveja seja mais competitiva com relação a prazos e custos. Fazer cerveja na mão ou no semi-automático não dá!

Adriano Nazutto, Supervisor de Vendas, Krones do Brasil

Investimentos em sistemas automatizados são essenciais para uma cervejaria alcançar eficiência de produção industrial e flexibilidade para a diversificação de produtos, além de conseguir um aproveitamento melhor e mais adequado de tempo e recursos, e consequentemente atingir plenamente os objetivos estipulados com ótimos resultados.

Alberto Marques, Sócio
i9 Opera Gestão e Inovação em Operações

Alberto Marques, Sócio, i9 Ópera Gestão e Inovação em Operações

Durante muito tempo Eficiência e Flexibilidade eram considerados condições opostas nas indústrias pelo modelo de negócio das cervejarias com grandes volumes, porém hoje são fundamentais pelo novo negócio de portfólio e inovação das empresas. Acredito que ainda estamos em uma fase de transformação onde não tiramos o melhor resultado final dos dois atributos juntos mas estamos bem avançados em algumas empresas. A ruptura para o novo modelo vem sendo construída com processos flexíveis, metodologia ágil e grupos multifuncionais que começam a fazer parte da estratégia das empresas. Veja por exemplo o caso de Inovação, sempre presente em áreas específicas na maioria das indústrias (P&D), hoje é core business e todos estão envolvidos em grupos multifuncionais e novos aprendizados.

Narciso Vieira, Gerente Comercial, KHS

Alta eficiência operacional tem como resultado a redução nos custos operacionais, maior previsibilidade de capacidade de produção e consequentemente aumento na produtividade.
Hoje existem tecnologias que ajudam as cervejarias a terem grande flexibilidade, permitindo uma grande variedade de produtos e mantendo eficiência e disponibilidade em alto nível, permitindo que as cervejarias trabalhem com uma ampla gama de produtos para atender as exigências crescentes do mercado.

Richard Sanchez Eusébio, Industrial, PKG Brasil

Temos muitas variáveis que diretamente impactam na performance das linhas de envase, desde uma boa limpeza, manutenção, conhecimento operacional, insumos e embalagem. No caso específico de rolhas metálicas,

podemos citar alguns pontos a serem verificados para que os envasadores tenham um melhor rendimento durante o processo de arrolhamento evitando perdas por paradas de máquina, além de perda de produto que pesa no custo final de produção.

Antes de entrar em produção os envasadores devem se certificar que as rolhas estão atendendo as especificações definidas para maquinabilidade, tais como: diâmetro interno, externo, altura, ângulo da aba para que as rolhas não fiquem travando na canaleta de transporte até a sua aplicação nas garrafas; formação e tipo do vedante aplicado corretamente para o vasilhame utilizado; vernizes de acabamento que permitam um menor atrito durante o transporte da rolha e, com isso, se obtenha um melhor desempenho.

A PKG Brasil detém tecnologia que garante a padronização de todos estes itens citados capaz de atuar em linhas de baixa e alta velocidade fazendo com que nossos clientes tenham melhor desempenho durante o envase.

Filipe Pinheiro, Service Account Manager Beer, Sidel do Brasil

Estes dois componentes estão diretamente ligados a maior disponibilidade de linha para se alcançar maior competitividade, sem dúvida nenhuma.

Portanto, boa parte do desafio está aí, pois a maioria das linhas que temos nas cervejarias foram projetadas para rodar poucos formatos, portanto não é simples converter os equipamentos para aceitar a necessidade de variedade de hoje. Possibilitar a troca no menor tempo possível e com boa repetibilidade deve ser o foco principal. Soluções passam por realizar upgrades nos equipamentos junto com o OEM de maneira a integrar soluções mais modernas e criadas com essa finalidade ou até mesmo por vezes a troca por um equipamento de última geração já com sua concepção voltada para maior eficiência, flexibilidade e ainda entregando melhores resultados em termos de sustentabilidade. Na Sidel já temos equipamentos que atende o mercado de variety packs com o objetivo de misturar produtos diferentes numa mesma embalagem secundária, disponibilizando pacotes ainda mais personalizados para os consumidores.

 

EFICIÊNCIA DOS INGREDIENTES NA PRODUÇÃO

 

Bruno Brito,
Diretor e Fundador, Cervejaria Dogma

Bruno Brito, Cervejaria Dogma

Para obtermos eficiência dos ingredientes na produção precisamos, acima de tudo, de fornecedores confiáveis que trabalhem com boas matérias primas e que tenham estrutura para armazenagem mantendo a qualidade dos insumos. Isso, associado a equipamentos com tecnologias que aumentem a eficiência produtiva, são pontos cruciais para extrair o máximo de eficiência dos ingredientes.

Victor Marinho, Sócio e Mestre-cervejeiro, Cervejaria Dádiva

Acredito que o fator chave para uma cervejaria ter o máximo possível de eficiência é o laboratório. Infelizmente, pouquíssimas cervejarias artesanais têm laboratório no Brasil. E é muito difícil você ter repetibilidade sem esse investimento. Então, eu acho que esse é um ponto chave para a gente ter um processo eficiente e recorrente de produção. É preciso investir em tecnologia, em equipamentos de análise físico-química e microbiológica para ter o máximo de eficiência no processo.

Rodrigo Veronese, Mestre-cervejeiro, Brewine Leopoldina

Cada vez mais, as cervejarias devem procurar parceiros estratégicos, que possam entregar para ela qualidade, custo-benefício interessante e que consigam colaborar no desenvolvimento de novas receitas e estratégias de produção, para que possam, cada vez mais, produzir com foco na qualidade e não na quantidade.

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