Estratégias para captar o consumo de água mineral

A mudança no comportamento dos consumidores alavancou o consumo de água mineral no Brasil nos últimos anos exigindo das indústrias adequações para oferecer ao consumidor os produtos que ele deseja

Por Carlos Donizete Parra

A pesar da maioria das pessoas ainda achar que água é tudo igual, não é. Uma água é diferente da outra e essa é uma das belezas da natureza. Cada produto é único. Tem seu DNA e suas características próprias.

A água é fundamental para hidratação e bem-estar do nosso organismo. Mantém o equilíbrio do corpo, além de regular funções vitais como temperatura e pressão. Também funciona como via de transporte de nutrientes e ajuda a eliminar substâncias prejudiciais à saúde.

A água mineral é rica em cálcio, potássio, sódio, magnésio e outros minerais. E essa composição é o diferencial entre uma água e outra, podendo ser um fator de escolha do consumidor no momento da compra. Para que essa escolha seja feita analisando a composição de minerais da água é preciso que as informações estejam bem comunicadas no rótulo do produto. Segundo Cesar Dib, CEO da Lindoya Verão, empresa com mais de 70 anos nesse mercado, ainda é uma pequena parcela de consumidores que analisa a composição da água mineral. “Para nós essa é uma grande oportunidade de reverter esse quadro e educar os consumidores a lerem o rótulo. Cada água mineral é como uma impressão digital, não existe uma água igual a outra. Cada água mineral natural tem sua função e deve ser explorada ao máximo por seus atributos, contanto que seja comprovada através de estudos”, explica Cesar Dib, reforçando a necessidade de conscientizar cada vez mais os consumidores sobre a importância da hidratação e reposição de sais minerais através da água de fontes naturais.

Consumo

Todos os dias, uma pessoa toma em média 221 decisões sobre o que comer ou beber, de acordo com um estudo da Universidade Cornell, dos EUA. O que, contudo, leva os consumidores a decidir por um produto ou outro, e o que a indústria precisa entender para atraí-los?

“É importante entender que não são apenas um ou dois movimentos que estão conduzindo as mudanças no setor de bebidas e alimentos — são diversos, e eles estão interligados”,
Elena Ozeritskaya, Fresh Insight

“É importante entender que não são apenas um ou dois movimentos que estão conduzindo as mudanças no setor de bebidas e alimentos — são diversos, e eles estão interligados”, afirma Elena Ozeritskaya, especialista em tendências de consumo e fundadora da Fresh Insight.

Alguns desses movimentos, ela diz, são eventos globais, cujos desdobramentos se fazem sentir nos quatro cantos do globo: a pandemia de Covid-19, a Guerra na Ucrânia e a recente onda inflacionária. E, em razão deles, outras tendências se desenvolvem ou se fortalecem.

“É o caso, por exemplo, do que eu chamo de Movimento Woke [desperto, em inglês], uma onda de conscientização sobre injustiças sociais que vem ganhando força entre os consumidores, especialmente entre os mais jovens. Isso tem seus efeitos no setor alimentício, como um olhar mais atento ao tratamento de animais e a redução no consumo de carne”, afirma a consultora.

Esse despertar vem acompanhado também de uma atenção maior à qualidade de vida, com um aumento generalizado na preocupação com a saúde e o bem-estar. Um levantamento da consultoria McKinsey indica que 74% dos entrevistados no Brasil prioriza mais essas questões hoje do que há dois anos.

E, de acordo com os dados, os gastos nacionais per capita com bem-estar são duas vezes maiores do que nos outros países que fizeram parte da pesquisa (Alemanha, China, Estados Unidos, Japão e Reino Unido).

A mudança no comportamento dos consumidores alavancou o consumo de água mineral no Brasil nos últimos anos exigindo das indústrias adequações para oferecer ao consumidor os produtos que ele deseja.

“Dentro de seis meses lançaremos mais sete novas embalagens que trarão inovações baseadas em comportamentos de consumo”, Cesar Dib, Lindoya Verão

Para Cesar Dib, da Lindoya Verão, o setor precisa investir em inovação, sustentabilidade, propósito, marca forte, segurança alimentar para ser competitivo e cumprir com as exigências do mercado. “A Lindoya Verão busca sempre entender as necessidades dos clientes e ocasiões de consumo, com isso fomos responsáveis por várias inovações de embalagens ao longo de mais de 70 anos de atuação de mercado, hoje possuímos o maior portfólio de SKU’s do mercado brasileiro. Dentro de seis meses lançaremos mais 7 novas embalagens que trarão inovações baseados em comportamentos de consumo”, garante o executivo.

Segundo pesquisa da Gfk, embora a pandemia tenha passado para uma fase endêmica na maioria dos mercados globais, isso não significa que seu impacto no comportamento do consumidor, valores e prioridades desaparecerão. Agora é o momento para marcas repensarem a segmentação de clientes para entender as novas tendências em seu mercado, criando personas de consumo que reflitam a realidade demográfica em 2022.

“A sustentabilidade é um aliado para
o crescimento das águas minerais, primeiro porque os impactos ao meio ambiente já são baixíssimos ou mesmo inexistentes no processo produtivo, segundo porque as fontes precisam preservar seu entorno com o mínimo
de impacto”, Aline Telles Chaves, Naturágua

Para Aline Telles Chaves, Vice-Presidente de Operações da Naturágua, a indústria que não estiver constantemente estudando o mercado, conhecendo seu público alvo e traçando suas estratégias de acordo com os desejos dos consumidores, estará fadada ao insucesso, pois todo empresa existe para atender a uma demanda do mercado. “Na Naturágua estamos continuamente pesquisando novos hábitos, tendências e em linha direta com nosso cliente final”, explica Aline Telles Chaves. Segundo a executiva, o perfil de cliente da empresa valoriza a saúde e qualidade de vida, dessa forma o produto que conseguir incorporar tais atributos sai em vantagem em relação aos demais.

“Nosso consumidor busca sobretudo um produto de qualidade. Somos a única empresa do Brasil com certificação ISO 22.000 há mais de 7 anos auditada regularmente pelo Bureau Veritas. Essa qualidade não é restrita apenas a qualidade da água, mas também a embalagem, serviço de distribuição e práticas de sustentabilidade percebidas e valorizadas por esses clientes”, garante a executiva da Naturágua.

Experiência do consumidor

“Estamos todos percebendo que precisamos ter um estilo de vida mais saudável. Mas a questão para a indústria é: já não basta ter um produto que seja saudável. É preciso ser criativo na hora de oferecê-lo — e aqui, novamente, isso inclui principalmente os mais jovens”, diz Elena Ozeritskaya.

O cerne da questão, de acordo com ela, está na experiência do consumidor. Isso inclui contar uma boa história sobre seus produtos — o conceito conhecido no marketing como storytelling –, a personalização da compra, com serviços por assinatura e itens customizados, e canais de venda afiados.

Levantamento McKinsey indica que 74% dos entrevistados no Brasil priorizam mais as questões de saúde e bem-estar hoje do que há dois anos. E, de acordo com os dados, os gastos nacionais per capita com isso são duas vezes maiores do que nos outros países
que fizeram parte da pesquisa

“Uma coisa que é extremamente relevante é que a vida hoje acontece online. E é no ambiente digital que a indústria alimentícia precisa concentrar esforços. E aqui não estou falando apenas do comércio eletrônico, que é, claro, um elemento importante. Estou falando também da propaganda digital, da comunicação nos canais em que os consumidores estão: as redes sociais”, diz.

A consultora destaca o crescimento do TikTok, canal que deve atrair mais de 1,5 bilhão de usuários até o fim de 2022. “Eles estão crescendo rapidamente, e o conteúdo que as marcas devem produzir nessa plataforma é bastante diferente daquele gerado para o Facebook ou o Instagram. Isso é um desafio, mas também uma grande oportunidade.”

Durante a pandemia, a Lindoya Verão entrou de cabeça no mundo digital. A empresa investiu, inicialmente, no e-commerce B2C para a grande São Paulo. “Fomos a primeira empresa a criar assinatura de água mineral. Para nós está sendo importante para entender o comportamento do shopper com a categoria e com a marca”, explica Cesar Dib.

Premiunização para aumentar a margem e a fidelidade à marca

A confiança dos consumidores está em declínio, pois eles sentem a pressão da crise diretamente no custo de vida. De acordo com a pesquisa da GfK Consumer Life, pelo menos seis em cada dez pessoas (62%) concordaram que agora não é um bom momento para comprar. Sendo que cerca de 38% concordam que é importante mimar-se regularmente e uma das maneiras deles se presentearem é por meio da compra de produtos premium.

A chave para a fidelidade será investir em identidades de marca mais fortes, assumir compromissos sociais ou criar estratégias que se alinhem com os valores sociais e de consumo, oferecer experiências ousadas ou produtos que vão além da funcionalidade para criar conexões emocionais com os consumidores.

Estudo GfK Consumer Life mostra que a preocupação dos brasileiros com a preservação ambiental vem aumentando desde 2015
e em 2022 já representa a resposta de
64% do público, sendo um dos 10 valores
ais mencionados por eles

Apostar na sustentabilidade

O estudo GfK Consumer Life mostra que a preocupação dos brasileiros com a preservação ambiental vem aumentando desde 2015 e em 2022 já representa a resposta de 64% do público, sendo um dos 10 valores mais mencionados por eles.

No Brasil, há um interesse genuíno em preservar o meio ambiente, mas os consumidores não sabem que tipo de ações podem tomar, sendo que 60% dizem que poderiam fazer mais pelo meio ambiente, mas não sabem como fazê-lo. Independentemente de os consumidores saberem como agir em favor do meio ambiente, a principal linha de ação seria as empresas desempenharem um papel mais ativo neste tipo de problema.

O mesmo estudo concluiu que 81% dos brasileiros acham que é importante que as empresas tomem ações ambientais, seja com a utilização de materiais biodegradáveis, ingredientes ecologicamente corretos ou outros. Esta colocação vai ao encontro de vários estudos realizados globalmente, como o desenvolvido pela National Retail Federation (NRF) realizado em 28 países, que mostra que para os consumidores os valores associados à marca superam de longe o preço ou a conveniência.

Entender como racionalizar os recursos é fundamental para o bom funcionamento das operações industriais. As empresas estão bastante atentas aos temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, em especial as indústrias de água mineral que precisam proteger suas fontes e oferecer produtos seguindo esses mesmos preceitos. Do ponto de vista do mercado, as novas gerações estão alinhadas com as práticas mais atuais de preservação do meio ambiente e, na maioria das vezes, decidem suas escolhas de produtos e marcas de acordo com esses padrões.

As empresas estão bastante atentas aos temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, em especial as indústrias de água mineral que precisam proteger suas fontes e oferecer produtos seguindo
esses mesmos preceitos

“A sustentabilidade é um aliado para o crescimento das águas minerais, primeiro porque os impactos ao meio ambiente já são baixíssimos ou mesmo inexistente no processo produtivo, segundo porque as fontes precisam preservar seu entorno com o mínimo de impacto. A própria Naturágua possui uma reserva ambiental de mais de 57 hectares ao lado da empresa, aberta ao público para visitação e atividades sócio ambientais (ARIE Floresta CURIÓ)”, informa Aline Telles Chaves.

Segundo ela a crescente conscientização do consumidor sobre o tema não envolve apenas as questões ambientais mas também práticas sociais da empresa seja com o colaborador interno (a Naturágua é uma empresa GPTW) seja com a comunidade em seu entorno, ajudando a empresa a valorizar ainda mais seu negócio de atuação.

“O ponto de atenção permanece os impactos logísticos na distribuição do produto e na própria embalagem utilizada para a venda. No curto prazo, já vislumbramos embalagens 100% recicladas de PET e o uso de outros materiais inovadores. Por isso, o ESG se adequa perfeitamente com as empresas de água mineral. Práticas ambientais, sociais e de governança. Um trio que encaixa perfeitamente com a indústria de água mineral devido a sinergia com a preservação do ambiente como condição para sua própria existência”, finaliza Aline Telles Chaves.

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