ESG e inovação: uma questão de competitividade

O ESG entra na pauta corporativa das empresas, mas precisa
de investimentos para vencer desafios e gerar os resultados esperados

Por Alaercio Nicoletti

O termo ESG (termo em inglês para Ambiental, Social e Governança) traduz a própria sustentabilidade empresarial e vem assumindo importância estratégica para as organizações, por uma questão de manutenção da competitividade em seus mercados de atuação. Muito comum no mercado financeiro, o ESG vem ganhando relevância nas discussões e publicações na mídia, além de obter a atenção dos gestores corporativos, tanto no que diz respeito ao seu entendimento quanto na aplicação de seus critérios na realidade organizacional. Ser verde ou, em outras palavras, ser social e ambientalmente responsável, significa ter acesso à captação de recursos financeiros a partir da emissão de títulos e/ou financiamentos, além de propiciar a obtenção de vantagens preferenciais junto aos potenciais investidores, ao mercado consumidor e aos stakeholders em geral.

Sustentabilidade é um assunto que vem sendo considerado pelas organizações já há algum tempo, contribuindo nesse sentido a adoção da agenda 2030 com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que colocam holofotes em assuntos de importância global como mudanças climáticas, pobreza, energia limpa, recursos hídricos, desigualdade de gênero, dentre outros. As corporações estão sendo cobradas pelos legisladores, que têm intensificado a regulação sobre o tema; pela população, interessada em consumir produtos de empresas genuinamente comprometidas com seus propósitos e aspirações e; pelos investidores, na busca de protegerem seus rendimentos de riscos gerados por impactos ambientais, sociais e/ou de governança. Nesse contexto, surgem desafios como a viabilização da logística reversa das embalagens pós-consumo em todo o território nacional, a intensificação dos esforços de melhoria contínua para redução da geração de resíduos nas operações, efetivação da economia circular nos ciclos produtivos, e a viabilização da reciclagem e da simbiose de alguns rejeitos.

E esses desafios só podem ser superados com a utilização do método científico, muita criatividade e, inovação, como induz, por exemplo, o desdobramento 9.4 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 9 da ONU: “Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente corretos; com todos os países atuando de acordo com suas respectivas capacidades”.

Nesse sentido, a jornada da transformação digital tem contribuído com tecnologia para o aumento da capacidade analítica e o consequente surgimento de soluções, como a utilização de blockchainpara assegurara rastreabilidade e a confiabilidade do crédito de logística reversa, impedindo, por exemplo, que uma mesma nota fiscal emitida para uma indústria recicladora seja contemplada mais de uma vez dentro do sistema de geração de crédito.A criação de parcerias entre instituições, Universidades e empresas como a Aliança Agenda.Tech,organizada pela Firjan SENAI (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), possibilitam a união de forças para o estudo e a implantação de inovações para melhoria na cadeia de reciclagem do plástico no Brasil (4º maior produtor mundial de lixo plástico).

No mundo fabril, novas tecnologias têm permitido a redução contínua do consumo de água para a produção de bebidas, por exemplo. Só o monitoramento do consumo de combustíveis fósseis e as emissões de CO² levantam alertas nas indústrias, que forçam a otimização e o encontro de alternativas inovadoras para substituição ou mesmo melhoria dos processos. Mas a inovação não vive somente de tecnologia, a necessidade de circularização de resíduos trouxe iniciativas como a destinação de pneus usados de caminhões para a confecção de grama sintética e o uso do lodo de fabricação da cerveja para cerâmicas produzirem tijolos.

A tecnologia tem gerado oportunidades e o raciocínio científico em conjunto com os métodos de inovação vem possibilitando aumentar a circularidade de materiais e a responsabilidade social e ambiental das corporações, o que só reforça a agenda ESG, gerando redução de desperdícios, aumento de eficiência operacional, além da redução de riscos de impacto e acesso a fontes de investimentos como incentivos fiscais ou lançamento de títulos no mercado financeiro. ESG e inovação não é mais opção, mas questão de competitividade.

1 https://www.pactoglobal.org.br/pg/esg#:~:text=ESG%20nada%20mais%20%C3%A9%20do,e%20consegue%20agir%20sobre%20ele.
2 http://www.ods.cnm.org.br/agenda-2030#:~:text=Em%20setembro%20de%202015%2C%20os,n%C3%A3o%20deixar%20ningu%C3%A9m%20para%20tr%C3%A1s.
3 https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/9
4 https://ourworldindata.org/ocean-plastics
Alaercio Nicoletti
Gerente da Sustentabilidade do Grupo Petrópolis e professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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