Cerveja cresce em ocasiões fora do lar mas perde 1 milhão de consumidores

Estudos apresentam novo retrato do consumo da bebida
no Brasil e no exterior

 

Por Carlos Donizete Parra

O Dia Internacional da Cerveja, celebrado em agosto, traz além dos brindes, um momento para reflexão de como vai esse mer­cado e para onde ele deve seguir nos próximos anos.

Como as empresas devem agir para aumentar o consumo da bebida, seja ela com álcool, sem ou com baixo teor alcoólico? O que fazer para conquistar esses novos consumidores e como manter o consumo da geração prateada?

Consumo dentro e fora do lar

Embora o brasileiro ainda aprecie uma boa gelada fora de casa, o consumo da bebida vive um momento de oscilação, segundo revela o estudo Brand Footprint Brasil 2025, realizado pela Worldpanel by Numerator.

De acordo com o levantamento, 63% dos brasileiros ainda consomem cerveja fora do lar, com destaque para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde esse índice ultrapassa os 70%. Apesar da alta penetração nacional, o número de consumidores caiu: foram 1,1 milhão a menos entre agosto e dezembro de 2024 na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O consumo fora de casa cresceu 20% em número de ocasiões, totalizando mais de 41,4 milhões

Mesmo com essa perda de público, o consumo fora de casa cresceu 20% em número de ocasiões, totalizando mais de 41,4 milhões. Isso indica que quem consome, o faz mais – e com maior frequência. O gasto médio anual por pessoa fora de casa é de R$ 145, com média de quatro idas por ano.

Entre os principais motivos que levam os consumidores a pedir cerveja fora do lar estão o gosto pelo sabor (43%), o desejo de matar a vontade (14%) e o hábito (14%). Além disso, experimentar novos sabores aparece como tendência, com aumento de 35% nas unidades consumidas com esse propósito.
Vale destacar também que o consumo é liderado por Millennials (nascidos entre 1981 e 1996), Geração X (de 1965 a 1980) e Baby Boomers (de 1946 a 1964), que respondem por mais de 70% das ocasiões.

Atualmente, 10% dos brasileiros compram cerveja por delivery, com picos à noite e na madrugada – especialmente entre as classes AB, que concentram 42% das ocasiões.

Entre as marcas de cerveja mais escolhidas no País, a Brahma lidera com 113,9 milhões de Consumer Reach Points (CRP) – métrica própria da Worldpanel, que combina penetração e frequência de compra. Em seguida, aparecem Antarctica (93,8 milhões), Skol (76,0 milhões), Heineken (52,4 milhões) e Itaipava (33,4 milhões).

Alemanha sofre pior queda em 30 anos

O consumo de cerveja na Alemanha, consumidor mais tradicional da bebida no mundo, registrou o pior desempenho semestral em três décadas, segundo dados divulgados pela Destatis em 1o de agosto.

Entre janeiro e junho deste ano, os alemães consumiram 3,9 bilhões de litros de cerveja, uma queda de 6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Departamento Federal de Estatística, Destatis. É a primeira vez desde 1993 que o volume semestral cai abaixo dos quatro bilhões de litros, evidenciando um mercado em declínio há vários anos.

A cerveja permanece como a bebida alcoólica mais consumida no mundo e um produto de desejo para a grande maioria dos consumidores

A queda é atribuída a algumas razões específicas como o envelhecimento da população e a problemas econômicos que restringem os gastos das pessoas tanto em casa como em bares e restaurantes.

Apesar da queda da inflação, o consumo das famílias ainda luta para se recuperar, condição essencial para a retomada do crescimento após dois anos de recessão. Paralelamente, as cerca de 1.500 cervejarias enfrentam elevados custos de matéria-prima e energia, desafios compartilhados por outros setores da indústria nacional em crise.

Líder mundial de consumo per capita

A guerra tarifária imposta pelo governo Trump também causa apreensão às cervejarias alemãs, haja vista que as exportações da bebida representaram 18% das vendas no primeiro semestre.

A sobretaxa das exportações europeias para os Estados Unidos, o segundo maior importador de cerveja alemã, atrás apenas da Itália, deve aumentar significativamente a pressão sobre o setor.

Para aliviar os impactos, uma alternativa seria uma rápida redução do IVA (Imposto de Valor Agregado) aplicado a restaurantes, dos atuais 19% para 7%, promessa polêmica feita pelo atual chanceler alemão antes da eleição.

Zero álcool em alta

Mudanças comportamentais estão alterando o cenário cervejeiro no mundo. Lideradas pelas novas gerações e pelas pessoas que desejam uma vida mais saudável, essas mudanças impulsionam o consumo de cerveja sem álcool, assim como versões com menos álcool, sem glúten, vitaminadas e outras. Em alguns mercados, como na Alemanha, as cervejas sem álcool já aparecem como a principal alternativa para incremento de portfólio. No último semestre, o mais tradicional reduto cervejeiro no mundo, viu o consumo de cerveja sem álcool aumentar 8%.

Apesar da redução do consumo, segundo dados da Reportlinker, a Alemanha permanece como o terceiro maior consumidor de cerveja do mundo em 2023 (8 bilhões de litros), atrás da China (36 bilhões) e dos Estados Unidos (25 bilhões), mas superando ambas as potências em litros per capita.

As novas gerações diminuíram o consumo de cerveja,
optando por outros tipos de bebidas, inclusive sem álcool

No Brasil

Dados da McKinsey mostram que o mercado global de bem-estar movimenta mais de US$ 1,8 trilhão e cresce entre 5% e 10% ao ano, impulsionado por consumidores que veem na alimentação equilibrada, na prática regular de exercícios e na gestão do estresse investimentos essenciais para viver melhor e por mais tempo.

Essa mentalidade também vem mudando a forma de socializar. O movimento mindful drinking, que incentiva o consumo mais consciente de álcool, está em alta, impulsionando alternativas como coquetéis sem álcool, kombuchas e cervejas 0,0%. Segundo a IWSR Drinks Market Analysis, o mercado global de bebidas low & no alcohol cresce cerca de 7% ao ano. No Brasil, esse segmento vem se consolidando especialmente entre jovens adultos e pessoas ativas que desejam celebrar sem comprometer saúde, sono ou desempenho físico.

O consumo de bebidas sem álcool aumenta a cada ano e os cervejeiros precisam entrar de corpo e alma nesse jogo.

Bebidas sem álcool como os energéticos substituem cervejas e destilados nas baladas e festas. Os jovens preferem momentos mais tranquilos sem tanto álcool, com mais conexões e saudabilidade.

Cerveja traz conexões, diversão e prazer.
O consumo consciente e o equilíbrio estão de acordo
com as demandas dos consumidores atuais

A geração prateada também dá mais atenção à saúde e a longevidade aparece como uma busca permanente. Equilíbrio e moderação são aspectos relevantes para esse público.

Mesmo com essas mudanças, a cerveja continua sendo a bebida alcoólica mais consumida no mundo e um produto de desejo para a grande maioria dos consumidores. As cervejarias buscam formas de se adaptar a essas demandas criando conexões que trazem conhecimento da cultura cervejeira e das práticas de um consumo consciente que gera diversão, mas sempre com responsabilidade e amor à vida.

As cervejas brasileiras são excelentes e estão presentes nas principais ocasiões de consumo das pessoas. As especiais ganham destaque com sabores marcantes e cheios de identidade, assim como as artesanais que ocuparam um espaço representativo no mercado nacional.

O setor cervejeiro representa 2% do PIB brasileiro, gera mais de 2 milhões de empregos e movimenta mais de R$ 27 bilhões em salários por ano.

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