Cervejaria Nacional cria Odoyá Witbier, um presente para a grande mãe dos Orixás
Santo de Casa não faz milagre, mas quando ele baixa de verdade, coisa boa acontece. Foi como ocorreu na Cervejaria Nacional no dia da Rainha do Mar, semana passada, graças à curadoria de Lourence Alves, cozinheira e amante de cerveja, filha de Iemanjá e ativista das afrobrasilidades. Assim, nasceu Odoyá witbier, cerveja nada clássica, que ao invés de trigo na composição leva milho branco. De coloração amarelo claro e leve turbidez, mostra no aroma notas condimentadas como anis, que se misturam com as de coco. Na boca, o anis e o coco continuam em primeiro plano, mas percebe-se também corpo médio-baixo, amargor bastante sutil e alta carbonatação resultando numa cerveja super refrescante. Um presente para Iemanjá.
Para desenvolvê-la a Cervejaria Nacional buscou conexões entre alguns preceitos da cozinha de santo e ingredientes necessários para uma boa cerveja. Foi então que Lourence Alves, Drª em Alimentação, Nutrição e Saúde, historiadora e bacharel em Gastronomia, pesquisadora de gastronomia com foco em cozinha afro-brasileira e religiosidades de matrizes africanas, entrou com sua sabedoria para enriquecer a criação de Odoyá. Ela é professora substituta de Gastronomia na UFRJ, colaboradora da Oriki Editora e membro do grupo de Pesquisa e Extensão CulinAfro, que atua junto a territórios quilombolas.
“Desenvolver esse projeto junto com a Lourence foi um processo muito divertido e repleto de aprendizado. A cerveja ficou muito saborosa e curiosa. Sua mistura de anis e coco resultaram em algo deliciosamente inédito”, conta Marcos Braga, mestre-cervejeiro da Nacional.
Lourence explica que Iemanjá é considerada a grande mãe dos orixás. Assim como Oxum também é lida em associação à maternidade, mas numa perspectiva mais ampla, como mãe de todos. O afeto fraternal e a conciliação são suas principais atribuições. É considerada também como a guardiã das uniões, acordos e contratos. Faz parte do grupo de orixás funfun, ligado à energia da cor branca. A serenidade, pureza e lisura são traços que acompanharam as descrições dos orixás ligados a essa linhagem. É a linhagem de orixás considerada mais antiga e esse traço de senioridade vai conferir aos orixás dela um status e respeito mais proeminente em relação aos demais orixás.
São muito utilizados em suas oferendas grãos, favas e milho branco, azeite doce, espumantes e anis, o que levou a Cervejaria Nacional a desenvolver uma cerveja clara, do estilo witbier com boa carbonatação em referência ao espumante. O milho branco é um dos cereais de base do produto, proporcionando um corpo leve, que também nos remete ao mar. Além disso, são adicionados a esse presente para Iemanjá, coco e anis, que atribuem não só para o aroma, mas também para o sabor da cerveja.