Excesso de energia solar e eólica desafia sistema elétrico

Corte de geração, tem se tornado uma prática diária no Brasil para evitar
o colapso da rede elétrica diante da sobre oferta de energia renovável

 

 

O crescimento acelerado da geração de energia solar e eólica no Brasil, especialmente no Nordeste, tem criado um paradoxo no setor elétrico: a produção de energia limpa supera a capacidade da rede de transmissão e distribuição, obrigando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a realizar cortes diários na geração, procedimento conhecido como curtailment.

Segundo o ONS, em períodos de baixa demanda, como no feriado do Dia dos Pais, quase 40% da energia gerada no país veio de sistemas fotovoltaicos, o que exigiu operações emergenciais para evitar apagões. Em agosto, os cortes chegaram a 36% do potencial da energia solar e 21% da eólica, com perdas estimadas em R$ 3,2 bilhões para o setor em 2025, de acordo com dados divulgados pela CNN Brasil e pela ABEEólica.

“O curtailment é uma medida necessária para preservar a segurança e a confiabilidade do sistema elétrico. A geração e o consumo precisam estar sempre equilibrados. Quando há excesso de oferta, o sistema pode ficar sobrecarregado e até colapsar”, explica Michele Rodrigues, professora do Curso de Engenharia Elétrica da FEI.

De acordo com a especialista, o problema se intensifica com a expansão da geração distribuída, ou seja, sistemas solares instalados em residências e empresas. A micro e minigeração distribuída, que injeta energia diretamente na rede local, cresce em ritmo acelerado e, embora seja positiva, também contribui para a sobreoferta. O ONS não tem controle direto sobre essa geração, o que torna o gerenciamento ainda mais complexo.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem elaborado um Plano de Gestão de Excedentes na Rede de Distribuição, com medidas que podem incluir o desligamento temporário de usinas em períodos de sobrecarga.

Entre as soluções propostas por especialistas e órgãos do setor estão o investimento em armazenamento de energia por baterias, a expansão da rede de transmissão, o uso de tarifas dinâmicas que tornem a energia mais barata nos horários de maior geração e a modernização regulatória para equilibrar oferta e demanda.A professora Michele afirma ainda que “o Brasil vive um paradoxo energético: em alguns momentos, precisa desligar usinas solares e eólicas porque há energia demais; em outros, acionar termelétricas caras e poluentes para compensar a falta de geração solar à noite. O desafio é tornar o sistema mais inteligente e eficiente”.

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