Carlos Donizete Parra
Em todos os segmentos, a inovação tecnológica é uma das ferramentas propulsoras do desenvolvimento da indústria. Na velocidade em que os negócios caminham é necessário que a indústria esteja constantemente preparada para entregar os produtos com qualidade e personalização exigidas pelos consumidores.
Além das ferramentas da Indústria 4.0, outras tecnologias de processamento e envase de vinhos mudam rapidamente e os investimentos nesses avanços precisam acontecer com mais freqüência. Para saber mais sobre o assunto, perguntamos aos executivos:
Quais as principais inovações tecnológicas na área de vinhos e espumantes?
Catherine Petit, Diretora Geral, Moët Hennessy do Brasil
Analisando o setor de vinhos e espumantes como um todo, podemos visualizar três inovações tecnológicas:
Agricultura de precisão, abrangendo o georreferenciamento/mapeamento do vinhedo por fileira, uma vez que acompanha todas as operações que são feitas, desde a inserção de fertilizantes até tempo de máquina. Portanto, juntar essas informações, com auxílio de Big Data, ajuda a otimizar o trabalho do campo. Isso nos dá resultados de performance, amenizando custos e impactos ambientais, bem como norteando ações futuras.
Rastreamento das uvas, isto é, o acompanhamento das uvas desde a saída do vinhedo, chegada em nossa adega, armazenamento nos tanques até o engarrafamento, nos ajuda a entender melhor o que está acontecendo, evitando imprevistos.
Auxílio de maquinário, ou seja, desde quando engarrafamos, rotulamos até o encaixotamento das garrafas. Isso é uma realidade que está entrando aos poucos no setor, poderia estar mais difundida, mas existem restrições de escala que encarecem o custo. Claro que, tudo que é novo no Brasil é mais caro. É acessível, porém, o seu preço é mais alto comparado a uma média mundial.
Tanto a tecnologia quanto a internet foram ferramentas que vieram para facilitar e acelerar os processos. Um grande exemplo disso é o WhatsApp, na palma da sua mão, você tem uma circulação rápida de informação.
No lado corporativo, a internet e sistemas de mapeamento nos auxiliam a catalogar todo o passo a passo do processo de elaboração, então voltamos novamente à questão do rastreamento das uvas. Nós sabemos exatamente como está o caminhar da produção e podemos ter fácil acesso a isso.
Vale ressaltar que, com a tecnologia, cada dia temos mais informações circulando e é um desafio para nós que a informação pertinente chegue às pessoas adequadas.
Além disso, outra questão que ainda é principiante em nossa indústria, mas já há estudos pertinentes quanto a isso, é a inclusão de robôs em certos processos da elaboração, como a manipulação das caixas de uva, encaixotamento de garrafas e paletização. Aqui a ideia é ganhar em ergonomia e bem-estar para nossos colaboradores, evitando ou eliminando tarefas penosas. Acreditamos que isso será uma realidade a curto prazo. Claro que ainda precisamos do auxílio do homem, seja para a manipulação dessa tecnologia ou para áreas que cremos que robôs não suprem a necessidade, como a degustação dos vinhos. O nosso paladar ainda é algo insubstituível.
Adriano Miolo, Diretor Superintendente, Vinícola Miolo
A Miolo está 100% equipada com tanques de aço inoxidável, permitindo melhor higienização e também controle de temperatura automatizado, otimizando os processos e permitindo a elaboração de produtos com mais qualidade.
Prensas pneumáticas conferem maior rendimento e melhor controle no processo de prensagem das uvas. Equipamentos de ponta compõem a estrutura em todo o processo. É o que há de melhor no mundo do vinho.
Já em relação aos vinhedos, primamos pelo sistema de condução em espaldeira, mais favorável para o cultivo de uvas viníferas devido a exposição ao sol. Uma das inovações adotadas tanto na Campanha quanto no Vale do São Francisco, onde o relevo permite, é a colheita mecânica. Aliás, temos um vinho, por exemplo, que há 5 anos é feito de colheita mecânica com uvas colhidas à noite. É a única colheita noturna mecanizada do Brasil. Desta forma, as uvas estão frescas, chegando na vinícola mais equilibradas, com boa acidez natural e teor de açúcar moderado, evitando a oxidação das uvas. O resultado é o Miolo Reserva Sauvignon Blanc.
A Miolo faz toda rastreabilidade, do vinhedo ao vinho. Este trabalho foi implantado entre 2003 e 2004, quando foi iniciado um novo modelo de gestão na vinícola. Depois, com a certificação da norma NBR ISO 22000 em 2008, os controles foram melhorados. Aplicando IoT – Internet das Coisas no vinhedo, com ajuda de sensores de temperatura, umidade de solo, entre outros, o monitoramento e planejamento vêm melhorando, apoiando na tomada de decisão e, com isso, reduzindo custos e aumentando a receita. Com Big Data/Analytics, analisamos os dados e convertemos em indicadores estratégicos de diferentes áreas do negócio, alavancando as vendas e produtividade.
Alexandre Angonezi, Diretor Executivo, Vinícola Garibaldi
Vinhos e espumantes são produtos tradicionais, que como concepção, não mudam muito com o passar do tempo. Mas as grandes evoluções se dão em tecnologia, tanto de produção das uvas quanto de processamento, e de aprimoramento dos processos para chegar ao consumidor com melhor qualidade e adequado ao seu gosto.
As ferramentas da Indústria 4.0 facilitam a vida, tanto do produtor, quanto da indústria, chegando ao consumidor. A internet das coisas já é uma realidade no mundo dos vinhos, basta ver o avanço do e-commerce e da inteligência de mercado no setor.
Luciano Lopreto, Diretor, Vinícola Góes
Entre outras tecnologias existentes, creio que um das principais é a técnica da Dupla Poda que tem permitido aos produtores da Região Sudeste, entre eles a Vinícola Góes, colher uvas finas no inverno, com qualidade destacada, que propiciam a elaboração de vinhos superiores, que inclusive têm alcançado premiações relevantes em concursos internacionais.
O uso da tecnologia permite às empresas trazer de forma mais presente o “olhar” e a “presença” do consumidor no dia a dia da vinícola, ainda que de forma remota. Além disso, fica mais claro que o consumidor de vinho consome: o vinho propriamente dito, a história que existe por detrás daquela garrafa e a experiência que ele tem ao consumi-lo. A indústria 4.0 certamente será uma grande ferramenta que permitirá entregar ao consumidor esses atributos, via inovações, embalagens, inteligência artificial, redes sociais, interações ao vivo, entre outros.
Hermínio Ficagna, Diretor Superintendente, Vinícola Aurora
Dados em tempo real podem significar a diferença entre um ano de sucesso e um de fracasso. Entre essas variáveis, os vinhedos devem ser monitorados constantemente. É uma linha muito tênue: um pouco mais de tempo de maturação da uva no vinhedo pode resultar vinhos tânicos indesejáveis, ou se for menos tempo, pode resultar em vinhos com graduação muito baixa.
Os produtores de vinho, portanto, acompanham de perto a quantidade de sol e chuva que suas uvas recebem ao longo da estação de crescimento para que possam ajustar o cronograma de colheita. Eles precisam ser capazes de prever se haverá mais vento depois da chuva para secar as videiras ou se haverá mais nuvens que possam diminuir o crescimento. Existem vinícolas com estações meteorológicas avançadas monitorando de perto a temperatura e a umidade, e seus dados podem ser usados para prever os padrões climáticos.
Da mesma forma, na Indústria 4.0, pode ser tentador investir na obtenção de inúmeros dados quanto possível de cada operação, mas primeiro você deve se perguntar se isso realmente melhoraria as operações, se você saberá o que fazer com tantos dados.
A melhor abordagem para construir uma fábrica mais inteligente, creio, é encontrar um equilíbrio entre as soluções 4.0 como conectividade IIoT, realidade aumentada, impressão 3D, ferramentas de segurança cibernética que devem ser implementadas e as práticas tradicionais mantidas, desde que não encareçam o processo. Faça o que fizer sentido para seu próprio processo de fabricação.
Arthur Stringhini, Diretor, Zegla
A tecnologia sempre é a base da transformação e crescimento de qualquer setor produtivo. No setor vinícola, além das novas tecnologias utilizadas na produção das uvas e no processo de elaboração de vinhos e espumantes, a tecnologia aplicada nos equipamentos de envase permite que se realize este processo com segurança, qualidade, sustentabilidade e redução de custo; fatores essenciais para a consolidação do consumo e das marcas.
Acompanhando a tendência do mercado mundial, a Zegla desenvolveu uma Linha de Envase de latas totalmente customizada para o envase de vinhos e espumantes, que engloba pequenas, médias e grandes produções; permitindo envasar estes produtos com o máximo de qualidade.
A Zegla oferece linhas completas para o envase de vinhos, espumantes, sucos e derivados da uva (Despaletizadoras, Enchedoras, Rotuladoras, Encaixotadoras, Empacotadoras e Paletizadoras).
Catarina Peres, Supervisora de Marketing, Verallia
Alinhada aos principais desenvolvimentos tecnológicos, a Verallia criou o Virtual Glass, um aplicativo que permite aos usuários imaginar, criar, testar e compartilhar seus projetos de embalagem. Com ele, o cliente pode selecionar uma garrafa no catálogo, escolher a cor, o conteúdo, a tampa e inserir rótulos visualizando o resultado em 3D, sob diversos ângulos e em cenários de ambientes reais. Isso permite a diferenciação de seus produtos e a premiunização, tornando-os mais atrativos ao mercado. Nossas garrafas são produzidas em fábricas de ponta, o que garante um bom rendimento na linha, evitando paradas e assegurando a produtividade.