A sigla é pauta reincidente nos meios de notícias, objeto de discussão
e atenção nas organizações públicas e privadas no Brasil e no mundo
O ESG (Environmental, Social e Governance) ou sua tradução para o português ASG (Ambiental, Social e Governança) vem assumindo importância crescente no mundo dos negócios mundiais e chega definitivamente como pauta obrigatória para as organizações do país. Numa pesquisa rápida num horizonte de quatorze dias, levantou-se mais de 70 matérias tratando da sigla somente em dois importantes meios de informação. Essa constatação só confirma a tendência crescente de publicações sobre o tema, sempre associado a negócios, uma média que supera uma citação por dia nos principais canais de comunicação do país.
O assunto trouxe os holofotes para a Sustentabilidade, uma vez que o ASG traz consigo efeitos econômicos para a organização. Nascido no âmbito da Economia há algumas décadas (o termo já tem mais de 30 anos) e oficializado em 2004 pela parceria Pacto Global e Banco Mundial, esse termo vem adquirindo status de estrela no mundo organizacional. Seguindo uma tendência mundial, no Brasil já é comum vermos corporações emitindo green bounds, ou outras variantes, que são títulos financeiros atrelados a metas ambientais, sociais e de governança. Nesse mesmo caminho, as instituições financeiras em geral também estão atentas ao assunto, facilitando créditos a juros atrativos para empresas comprometidas com o tema ESG.
O tema é extenso e suas metas vão desde como a empresa relaciona-se com seus clientes, consumidores e a sociedade como um todo, como inclui seus representantes nos quadros organizacionais e vão até a redução e ou compensação da emissão de dióxido de carbono na cadeia de valor que, na indústria, contempla desde a extração da matéria-prima até o descarte da embalagem pós consumo pelo cliente.
Veja também
Mas o assunto vai muito além desses limites, pois requer uma avaliação de riscos que os negócios da organização podem eventualmente causar e como ela administra seus recursos e esforços no sentido da eliminação de tais riscos mapeados e/ou a minimização dos seus impactos para a sociedade e para o meio ambiente.
Na mesma esteira de discussões surgem termos como greenwashing (lavagem verde), que constituem oportunismos que a “onda” da sustentabilidade causa, num momento em que ainda não há uma regulamentação clara e as opções de certificações / validações somam mais de uma centena. É fato que alguns selos vêm se destacando como opções confiáveis, mas, como as iniciativas ESG partem das próprias corporações e atendem sobretudo a propósitos financeiros, como emissão de debêntures ou obtenção de divisas econômicas a juros mais atrativos em função de suas responsabilidades com a Sustentabilidade, há espaço para uma certa manobra de atuações, mesmo que com boas intenções.
Contudo, tais óbices não podem ser limitadores nem desestimulantes para seguirmos nesse sentido, pois sua bandeira é legítima e seus benefícios geram riquezas a partir, sobretudo, da mudança cultural das empresas, indo ao encontro de um consumidor que já vem se transformando e já não aceita a ideia de consumir um produto ou serviço que no final possa gerar um potencial de dano para si ou para a sociedade. Talvez por isso que o tema vem ganhando adeptos, saindo do âmbito Financeiro e indo para o do Direito e agora da Gestão como um todo. Sem dúvida o caminho está sendo construído e logo teremos o amadurecimento do tema, deixando a “onda” e passando a ser rotina. Foi assim com as ciências empresariais no geral, a exemplo do movimento da qualidade que após diversas evoluções foi incorporada definitivamente aos produtos e serviços como integrante e responsabilidade das organizações.
Como os primeiros exploradores, estamos faceando um oceano ainda desconhecido em sua totalidade, mas é navegando que desbravaremos esse novo mundo ESG que visa, sobretudo, a garantirmos empresas responsáveis para com o planeta e a sociedade, de forma a não exaurirmos os recursos naturais, deixando um legado para as futuras gerações.