E-commerce brasileiro mostra resiliência
Uma nova pesquisa da Mintel revela que as vendas do comércio eletrônico deverão crescer 10% em 2017, atingindo um valor total de R$ 57 bilhões até o final do ano. Embora o mercado mostre uma melhora acentuada em relação aos 7% observados em 2016, as vendas do comércio eletrônico diminuíram significativamente nos últimos anos em comparação ao crescimento de 23% em 2015 e de 25% registrado em 2014. Apesar da diminuição atual do ritmo de crescimento, o desempenho do mercado pode ser considerado significante, tendo em vista a crise econômica que o país vem enfrentando nos últimos anos. Já para o futuro, a Mintel prevê que esse setor cresça, em média, 10% ao ano, chegando ao valor de R$ 93 bilhões até 2022.
No mercado de comércio eletrônico, a popularidade dos aplicativos de música e filmes/séries cresce vigorosamente. A pesquisa mostra que 20% dos brasileiros que fizeram compras online nos 12 meses anteriores a abril de 2017 compraram download de músicas, vídeos/filmes ou livros eletrônicos. Para comparação, outra pesquisa Mintel detectou que essa porcentagem foi de 13% em 2014.
“Com a evolução da tecnologia, é cada vez mais fácil realizar esse tipo de atividade online. Os aplicativos de músicas e filmes/séries, e provedores de conteúdo em streaming têm transformado esse mercado e o comportamento do consumidor em escala global. Nós também estamos observando oportunidades de negócios que surgem a partir dessa nova tendência. Por exemplo, temos visto empresas de telecomunicações fazendo parcerias com aplicativos de música e filmes oferecendo serviços de assinatura para seus novos e atuais clientes. Dessa forma, aqueles que mudam o plano ou compram um serviço têm direito a uma assinatura gratuita do aplicativo por um certo período de tempo, dependendo da velocidade contratada”, diz Juliana Martins, especialista em pesquisa de mercado da Mintel.
Porém, existem algumas barreiras que complicam as vendas do comércio eletrônico. A pesquisa Mintel revela que o frete de compra online é considerado muito caro para 49% dos consumidores. Passar informações pessoais na internet pode ser um outro problema para o brasileiro, já que 31% deles afirmam que não se sentem seguros em fornecer seus dados de conta bancária/cartão de crédito aos varejistas online. Esse número é maior entre as mulheres: 34% delas concordam com essa afirmação, em comparação a 28% dos homens.
“Superar os altos preços associados com as entregas é uma barreira enorme no mercado brasileiro de comércio eletrônico. Nos Estados Unidos, temos visto varejistas incentivando consumidores a recuperarem nas lojas físicas o que tenha sido comprado virtualmente, em troca de um desconto. Em relação à diferença de comportamento de gêneros, marcas que tenham endereços físicos podem dar a possibilidade às mulheres de poderem pagar diretamente em suas lojas, já que elas se preocupam com a segurança online. Marcas que não tenham varejo físico podem fazer parcerias com outros tipos de estabelecimentos, como bancos e livrarias, para oferecer alternativas de pagamento seguro,” sugere Juliana.
Computadores pessoais e laptops são os dispositivos prediletos para as compras via internet. A Mintel revela que a maioria dos consumidores brasileiros, 57%, fez compras utilizando um laptop ou computador pessoal, enquanto que 48% usaram um smartphone e 18% um tablet nos últimos 12 meses anteriores a abril de 2017. Aliás, os brasileiros entre 25 e 34 anos são os principais compradores online usando smartphones. A pesquisa revela que 58% deles usam esse tipo de dispositivo, comparado a 49% daqueles entre 35 e 44 anos. E consumidores entre 25 e 34 anos são também os mais propensos a comprar com tablet: 22%.
Esses números sugerem que há oportunidades para as marcas de diferentes categorias atraírem públicos mais jovens. Por exemplo, a pesquisa Mintel sobre Millennials brasileiros revela que 53% dos Millennials entre 28 e 35 anos buscam ou assistem a notícias por meio de um smartphone. Além disso, 60% desses consumidores procuram por produtos usando esse tipo de aparelho. A pesquisa Mintel sobre comércio eletrônico mostra também que 38% dos consumidores entre 25 e 34 anos são os que mais compram jogos de videogame online.
“Devido ao significante uso de dispositivos eletrônicos entre os brasileiros de 25 a 34 anos quando fazem compras pela internet, há oportunidades para as marcas de entretenimento desenvolverem aplicativos de jogos online que funcionem em diferentes plataformas, fazendo com que o mercado de comércio eletrônico continue crescendo”, conclui Juliana.