O que são Hard e Soft Skills?

É imprescindível no cenário corporativo mundial o desenvolvimento das soft skills para a progressão de carreira e futuro profissional das pessoas. Quais competências são fundamentais para o futuro do trabalho?

Bruno Severo Oliveira

 

Na minha experiência, atuando com o desenvolvimento humano e organizacional, encontro, com alguma frequência, líderes preocupados em investirem e se aperfeiçoarem para o exercício da liderança e gestão de suas equipes. Porém, é também comum, encontrá-los mais preocupados com o desenvolvimento de habilidades técnicas, ou para usar o termo bastante utilizado hoje, as hard skills, deixando, muitas vezes de lado, o desenvolvimento das habilidades comportamentais ou o desenvolvimento da inteligência emocional, as chamadas soft skills, que são, na verdade, o grande diferencial neste mundo profissional cada vez mais complexo, incerto, ambíguo e volátil.

Quando sugiro aos meus clientes para que façam um exercício de planejamento de seu futuro e pergunto o que gostariam de conquistar em um horizonte de 3 a 5 anos, por exemplo, geralmente recebo respostas ligadas ao ter, como ter um novo cargo, conquistar uma nova posição na organização, aumentar o patrimônio, comprar uma nova casa etc. Mas é muito raro ouvir que almejam desenvolver ou melhorar suas habilidades sociais ou de relações para lidar com suas equipes, seus pares e seus líderes ou seus clientes.

O mesmo ocorre quando peço para conhecer seus planos de desenvolvimento individuais (PDI). Em geral encontramos ali intenções e ações planejadas para melhorar o domínio de algum idioma, uma especialização técnica, conclusão de um MBA, obtenção de uma nova certificação ou o domínio de uma nova ferramenta para melhoria da produtividade. Não há, a meu ver, nada de errado com a aquisição destes conhecimentos e habilidades, porém isso, por si só, não será suficiente para que este profissional possa se destacar em sua atividade ou na posição de liderança, no engajamento das pessoas, na conquista dos objetivos da organização e, por consequência, na conquista de seus objetivos pessoais.

Pensar somente no ter é uma perigosa armadilha que podemos cair ao refletirmos sobre nossas perspectivas.

“A habilidade de liderança depende apenas 30%
da genética, enquanto 70% precisa ser aprendida e desenvolvida”, Bruno Severo Oliveira

Priorizar o desenvolvimento das hard skills tem uma razão e um estímulo muito forte do mercado de trabalho. É sim fundamental para o profissional, o conhecimento e domínio técnico da sua função e, a maioria dos contratantes e seus processos seletivos dão grande importância ao curriculum, às formações e às experiências vividas. Porém, há no mundo corporativo aquela máxima que diz, “as empresas contratam pelo curriculum e demitem pelo comportamento”. E esta máxima é real. Muitos desligamentos de profissionais (líderes e não líderes) altamente qualificados, altamente especializados são realizados em função de “gaps” comportamentais ou, em função de importantes dificuldades de relacionamento, de comunicação e de empatia. Observo hoje, uma parte cada vez maior das empresas dando o mesmo peso para as hard e soft skills em seus processos de seleção de novos funcionários, mas a maioria delas ainda prioriza fortemente o domínio técnico, deixando para um segundo plano as habilidades sociais.

É possível desenvolver as Soft Skills?

Vamos tomar a habilidade de liderança como exemplo. A neurociência identificou recentemente a existência de um gene que favorece o exercício da liderança, porém identificou também que somente a minoria das pessoas nasce com este gene. A habilidade de liderança depende apenas 30% desta genética, enquanto 70% precisa ser aprendida ou desenvolvida. Evidente que aquela minoria das pessoas que possuem este “gene da liderança”, como um Barack Obama, um Gandhi, terão maior facilidade de desenvolver os outros 70%, mas a maioria das pessoas que exercem altos postos de liderança em grandes organizações, tiveram que “suar a camisa” para aprender liderar.

Todos podem desenvolver quaisquer habilidades comportamentais (Soft Skills)?

A resposta é sim, dependendo quanto de esforço a pessoa estiver disposta a investir. E o esforço varia também conforme seus interesses. De uma forma lúdica, o professor e consultor Pedro Mandelli costuma dizer que há dois tipos de pessoas, as que gostam de coisas, “os coisófilos” e as que se interessam genuinamente pelas questões das pessoas, “os gentófilos”. Aqueles que não gostam de se envolver com as questões e problemas das outras pessoas terão que sair da zona de conforto e se esforçar um pouco mais para desenvolver habilidades de inter-relacionamento como liderança, trabalho em equipe, solução de problemas, engajamento de equipes, entre outras. Mas, se houver interesse e disposição para treinar, errar, aprender com os erros, contar com ajuda de terceiros (um mentor, um coach ou um líder experiente e respeitado), colher e trabalhar os feedbacks recebidos; pode sim desenvolver soft skills e se tornar um excelente líder para suas equipes. Na minha experiência como consultor e coach tive a oportunidade e felicidade em ajudar alguns profissionais com perfis altamente técnicos a se tornarem excelentes líderes de equipes. Claro que isto só foi possível porque eles se mostraram dispostos, se desafiaram e se esforçaram bastante na realização dos exercícios propostos, errando algumas vezes, corrigindo e aprendendo com os erros, ouvindo os feedbacks e focando no entendimento das necessidades das outras pessoas.

Somente pessoas que exercem posições de liderança precisam desenvolver Soft Skills?

Não. Hoje todos nós, independente da profissão ou atividade, não consegue mais atuar sozinho. A alta complexidade das tarefas exige que trabalhemos em grupos. Pouco tempo atrás se dizia que um profissional desenvolvedor de softwares, por exemplo, não precisava das habilidades sociais, pois trabalhava o tempo todo sozinho em frente a um computador. Bom…, hoje quase todos os profissionais trabalham em frente a um computador, mas mesmo o desenvolvedor de software ou o programador é convidado, pela metodologia ágil, a atuar em pequenos grupos (chamados Squads) formados por pessoas com diferentes especializações como o UX (User Experience), o PO (Product Owner ou representante/especialista do produto), entre outros. Ou seja, o mundo ágil, já entendeu que, para ser ágil precisamos trabalhar em equipe e somar diferentes visões.

Para finalizar deixo duas perguntas:
• No quadro acima, quais habilidades geram maior impacto e resultado na gestão de equipes?
• Quais destas habilidades são mais desafiadoras para você?

Bruno Severo Oliveira
Consultor, Coach e fundador da AB&M Desenvolvimento

 

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