Empresa investe em vendas, pesquisa, tecnologia
e capacidade produtiva
Carlos Donizete Parra
Os produtos com base vegetal viram o faturamento crescer globalmente cerca de 70% entre 2015 e 2020, segundo o Euromonitor International. Entre os alimentos e bebidas com maior crescimento estão as carnes e os laticínios. O Credit Suisse projeta que o mercado global de carnes e laticínios poderá passar dos atuais U$ 14 bilhões para U$ 1,4 trilhão até 2050.
Em entrevista à Engarrafador Moderno Anderson Rodrigues, Co-founder da foodtech da Vida Veg fala sobre o mercado de plant-based e os investimentos da empresa em vendas, pesquisa, tecnologia e capacidade produtiva.
Engarrafador Moderno – O mercado conta cada vez mais com novas tecnologias e novas bases de leites vegetais. Quais as evoluções em bebidas produzidas com proteínas vegetais?
Anderson Rodrigues – Esse mercado vem crescendo muito no Brasil. Na Vida Veg, por exemplo, já temos leite de coco, amêndoa, castanha de caju e aveia. Lançamos, recentemente, o Veg Milk que é um blend de castanha de caju e coco, além de proteínas vegetais isoladas para aumentar o teor de proteínas.
O Veg Milk tem a mesma quantidade de proteínas do leite de vaca: 6,2g em 200ml e também enriquecemos com cálcio e outras vitaminas.
Com a evolução da tecnologia conseguimos entregar nutrição, sabor e textura. A Vida Veg detém a tecnologia do leite fresco, uma tecnologia que consiste em um tratamento térmico mais brando do que o UHT, tecnologia utilizada pela maioria das empresas que oferecem o leite de vaca na caixinha.
E.M. – Quais proteínas vegetais mais evoluíram nos últimos anos?
Anderson Rodrigues – As mais usadas são as de soja e ervilha, mas temos outras como a de arroz. As proteínas não transgênicas também estão sendo bem procuradas.
A evolução tecnológica também tem proporcionado proteínas com menor sabor residual e, consequentemente, mais gostosas e neutras.
E.M. – Em termos nutricionais as proteínas vegetais e animais estão no mesmo nível?
Anderson Rodrigues – As proteínas nada mais são do que um conjunto de aminoácidos. E esses aminoácidos se complementam.
Uma grande vantagem da proteína vegetal é que ela não causa alergia, enquanto a caseína que é a proteína do leite da vaca causa alergia.
A proteína vegetal é melhor para digestibilidade e nosso organismo precisa de proteínas independente se for de origem animal ou vegetal.
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Mas a origem de toda proteína é vegetal. O animal come o vegetal que entrega todas as proteínas. Então, o animal recicla essas proteínas causando uma perda energética porque ele precisa andar, reproduzir, comer, pensar. E, com isso, ele entrega só de 1% a 10% do que consome. Na cadeia vegetal não existe essa perda.
E.M. – Quais são as principais tendências dos produtos plant-based no Brasil?
Anderson Rodrigues – Os dois grandes mercados são os substitutos de leite e de carnes. São os produtos com maiores volumes. Agora, a tendência é substituir todos os alimentos e bebidas de origem animal por produtos vegetais. Sempre de forma mais gostosa e nutritiva.
E.M. – O consumidor brasileiro já reconhece esses benefícios e paga mais por esses produtos?
Anderson Rodrigues – Ainda não totalmente. Quem está comprando reconhece os benefícios para a saúde, meio ambiente e para os animais. Mas, ainda temos muito a fazer para conquistar novos clientes e conscientizá-los para uma alimentação mais saudável. O preço do produto um pouco maior com certeza compensa em um futuro próximo com economia de remédios e uma saúde muito melhor.
Tem também o custo ambiental que não é computado, mas deveria.
Outra questão importante é a tributação elevada sobre os produtos plant-based tornando-os muito mais caros em relação aos de origem animal, que recebe subsídios do Governo. A tendência é a equiparação desses impostos, tornando os produtos com bases vegetais mais competitivos no mercado.
E.M. – Esses produtos de base vegetal têm um custo de produção mais elevado? Como reduzir isso?
Anderson Rodrigues – Os custos são maiores sim. Vamos conseguir reduzir isso investindo em pesquisa para o desenvolvimento de ingredientes com produção local. Aumentar a escala de produção é outra forma de redução de custos e de preço final ao consumidor. Desenvolver tecnologia local é muito importante, por exemplo, nós importamos um leite de coco porque não encontramos um fornecedor brasileiro com o padrão que precisamos e sem conservantes. Considerando o tamanho e relevância do coco na agroindústria nacional isso não deveria acontecer. Precisa de tecnologia para elevar o padrão desses produtos.
E.M. – Quais os principais lançamentos de bebidas vegetais no Brasil?
Anderson Rodrigues – A Vida Veg já tem uma linha bem completa de leites vegetais com bases, como coco, aveia, castanha de caju e amêndoa. Além de iogurtes, queijos, requeijão, creme de castanha, manteiga e mais, recentemente, o hambúrguer.
E.M. – Fale um pouco sobre a trajetória e os planos para o futuro da empresa.
Anderson Rodrigues – A Vida Veg é pioneira nesse mercado. Iniciamos em 2015, enquanto a maioria das empresas nessa área começou em 2019. Temos um portfólio com mais de 30 produtos, distribuídos em mais de 5 mil pontos de vendas em todos os estados brasileiros e nas principais redes de supermercados.
Em 2020, inauguramos a mais moderna fábrica de leites vegetais e derivados do país. Nossos planos para o futuro já contemplam o aumento da capacidade produtiva e melhorar ainda mais a tecnologia da fábrica, além de ampliar o investimento em pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos.
Sempre com nossa missão de produtos plant-based gostosos e saudáveis. Vamos investir também no aumento e capacitação de nossa força de vendas e para tornar a marca conhecida no Brasil inteiro. Temos muito trabalho, mas estamos muito contentes com a evolução que estamos tendo no mercado.
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