Aumento do custo de vida e falta de informação dificultam a sustentabilidade

No Brasil, quatro das principais preocupações são sociais

Apesar de 97% das pessoas ao redor do mundo estarem preparadas para adotar comportamentos mais sustentáveis, os altos preços e a falta de conhecimento a respeito do tema são as principais barreiras para que os consumidores consigam aderir a esse estilo de vida. É o que aponta o estudo Sustainability Sector Index 2022 (Índice do Setor de Sustentabilidade 2022), realizado pela Kantar.

A pesquisa tem como base os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e identifica, entre 38 setores de negócio, quais são os temas mais urgentes a serem endereçados dentro das suas respectivas categorias, e como as marcas podem facilitar que os consumidores possam agir de forma mais sustentável.

No Brasil, 99% dos entrevistados declaram que querem ter um estilo de vida sustentável, mas apenas 14% estão efetivamente mudando seu comportamento. Há duas razões principais para isso: 75% desejam fazer mais pelo planeta, mas o alto custo de vida os impede, e 43% não sabem onde encontrar produtos sustentáveis, nem quais hábitos adotar para ajudar mais.

 

Atitudes dos consumidores em relação à sustentabilidade (% de concordância)

 

Principais preocupações

Entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a poluição da água e o trabalho infantil são as principais questões com as quais os consumidores acreditam que as empresas devam se preocupar.

A poluição da água é considerada o maior problema para os cidadãos urbanos e para os maiores de 26 anos, e é a preocupação número um nas Américas. Já o trabalho infantil e a exploração laboral são temas mais citados entre a população das zonas rurais e entre os jovens com menos de 25 anos.

No Brasil, quatro das cinco principais preocupações são sociais, sendo que a precariedade do trabalho, a pobreza e a violência estão presentes como principais questões.

 

Principais preocupações relacionadas à sustentabilidade em empresas brasileiras

Para resolver agora

Antes de combater as preocupações de escala global, no entanto, os setores devem, primeiro, resolver suas questões básicas.

Segundo o levantamento da Kantar, o controle do desperdício está no topo da agenda dos consumidores. Eles esperam que as empresas de 24 dos 38 setores encontrem soluções para embalagens em excesso e não recicláveis, aterros sanitários, consumo excessivo e resíduos.

A descarbonização aparece em segundo lugar. As companhias em 15 dos 38 setores têm altas associações negativas com pegada de carbono e emissões de gases do efeito estufa, que levam ao aquecimento global.

Comportamento divergente

Embora os consumidores apontem o que desejam ver nas empresas, eles próprios divergem na hora de colocar essas ações em prática. Apenas 29% mundialmente fazem parte do grupo que a Kantar chama de Actives – que estão preparadas para investir tempo e esforço para reduzir seu impacto no planeta.

No Brasil, por sua vez, a população é majoritariamente formada por Considerers (48%). São os indivíduos que ainda estão na dúvida se podem fazer a diferença por meio de suas escolhas, especialmente mulheres (51%) e da faixa etária de 18 a 34 anos (49%).

 

Como o público brasileiro é composto

 

Entre as atitudes para contribuir com um planeta mais sustentável, reduzir o desperdício de alimentos, levar sacolas reutilizáveis às compras, diminuir o consumo de energia em casa e reciclar são as ações que o público está mais disposto a realizar.

“Com o estudo nós podemos notar que, apesar de todas as crises que estamos enfrentando nos últimos anos, o desejo de ser mais sustentável não diminuiu – inclusive percebemos o consumidor mais consciente sobre a importância dessas questões e o impacto que causam na sociedade. No entanto, a falta de informação e a percepção de que ser mais sustentável é mais caro impedem que os consumidores adotem comportamentos mais sustentáveis e é aqui que as marcas têm um solo de trabalho fértil de oportunidades para ajudar o consumidor a preencher essa lacuna entre o desejo e a ação”, diz Maura Coracini, Diretora de Mídia & Digital da divisão Insights da Kantar.

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