A casca da romã é fonte de compostos antioxidantes que podem trazer benefícios a saúde humana
A doença de Alzheimer é uma enfermidade até hoje incurável, e que pode se agravar com o decorrer do tempo. Atinge pessoas idosas, tem atuação neurodegenerativa, ou seja, leva o paciente a perder sua capacidade cognitiva. Na prática, reduz a qualidade de vida de uma em cada dez pessoas acima de 65 anos. Pensando nisso, a doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP) Maressa Caldeira Morzelle, iniciou uma pesquisa para apurar se micropartículas à base da casca de romã apresentava efeito neuroprotetor.
Orientada pela professora Jocelem Mastrodi Salgado, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, Maressa continuou o trabalho que sua orientadora havia começado, quando detectou que a casca da romã apresenta maior quantidade de compostos bioativos e atividade antioxidante do que sua polpa. Os compostos contribuem para o bom funcionamento do organismo e prevenção de doenças, e reduz as reações de degradação oxidativa, explica em sua pesquisa.
Maressa observou que o extrato da casca é capaz de inibir a enzima acetilcolinesterase, e essa inibição é a ação de medicamentos utilizados para a doença de Alzheimer. “Essa enzima prejudica o sistema colinérgico por meio da degradação de um neurotransmissor”, explica. Em 2013, a pesquisadora e sua orientadora fizeram pesquisas, utilizando camundongos, para verificar se a casca da romã apresentava o efeito neuroprotetor.
O principal resultado descoberto na pesquisa desenvolvida por Maressa, é que a casca da romã é fonte de compostos antioxidantes e que pode trazer benefícios à saúde humana. A casca da fruta apresentou valor de 95% superior de compostos fenólicos, que são os principais responsáveis pela atividade antioxidante em relação à polpa. Foi verificado, em relação ao estudo com os animais, que o consumo do extrato da casca da romã foi capaz de inibir a atividade da enzima acetilcolinesterase em até 77%. Outro dado importante é que os animais tratados apresentaram níveis de substâncias que favorecem a sobrevivência dos neurônios, e foram capazes de reduzir placas amiloides, uma das principais características da doença Alzheimer. Além disso, os animais que consumiram a romã apresentaram uma manutenção da memória, o que não acontecia nos animais que não eram tratados com a romã.
Esses resultados foram satisfatórios, pois indicaram que a casca da romã possivelmente apresenta um efeito neuroprotetor para a doença. “Precisamos destacar que é preciso muita cautela ao extrapolar estes resultados para humanos. Os resultados obtidos na pesquisa em camundongos foram melhores do que imaginávamos, mas ainda existe um longo caminho na pesquisa, para que possamos transferir estes dados aos seres humanos”, afirmou Maressa.