Inovação e experimentação

As mudanças provocadas pela pandemia mostram a necessidade de transformações nas empresas com o objetivo de aproveitar janelas de oportunidades

O consumidor está se adaptando a essa nova realidade. Aliás, nesse momento, a adaptabilidade é uma característica essencial para todos nós, como pessoas, profissionais e empresas. Vínhamos de um contexto em que as empresas estavam “confortáveis” em seus espaços de mercado. Sabiam quem eram os concorrentes, os clientes e, portanto, a situação estava sob controle. Veio o Covid e deu um chacoalhão, deixando todo mundo em alerta. Não sabemos mais quem são nossos concorrentes. No varejo, o Magazine Luiza se posicionou definitivamente como uma Amazon brasileira, vende de tudo e de todos, tornando-se, desta forma, um concorrente de vários modelos de negócios vendendo de eletrônicos a itens de supermercados como bebidas e alimentos, entre outros. Mas ao mesmo tempo é parceiro de todos. Nesse período de pandemia se consolidou como a maior empresa de varejo do Brasil e está valendo mais de R$ 100 bilhões no mercado.

O mesmo acontece com os aplicativos de alimentação, como iFood, Rappi e Uber Eats. Antes o Mc Donalds sabia exatamente quem era seu principal concorrente: Burguer King. Agora, temos à disposição nesses aplicativos milhares de restaurantes a um click e sem sair de casa. O Rappi, serviço de entrega com menos de dois anos de vida, iniciou a operação na área de entretenimento, oferecendo aos clientes milhares de games, um mercado bilionário no mundo. Na área financeira, bancos como Itaú e Bradesco dividiam os clientes, principalmente em função da quantidade de agências espalhadas pelo país e, assim, alternavam-se na liderança de mercado. A chegada de fintechs como Nubank e outros põe em risco essa hegemonia, sem contar que coloca em check o poder de reação dessas empresas gigantes num mercado ágil e extremamente tecnológico.

Esses são apenas alguns exemplos que demonstram uma mudança grande no ambiente de negócios. É o momento de experimentar, seja negócios de um mesmo mercado ou de outros completamente diferentes. O maior risco agora é não fazer nada.

O mais importante nesse momento é colocar o consumidor no centro de todas as ações, lembrando que sai na frente quem tem mais capacidade de responder com velocidade e qualidade a essas demandas.

“Estamos nos reinventando todos os dias enquanto indústria, e isto é a base que sustenta a evolução”, Emerson Vontobel, CVI Refrigerantes

“A grande disponibilidade de informação, aliada a horizontalização dos meios de comunicação impulsionada pelo poder das mídias sociais, permite que o consumidor esteja cada vez mais atento ao papel que as marcas consumidas por ele desempenham na sociedade. É esperado que uma marca não seja mais apenas representada pelos atributos de um produto, mas também pela forma como ela se posiciona, se comunica com seus consumidores e se relaciona com a sociedade. Na CVI Refrigerantes temos descrito em nossa missão o objetivo de gerar experiências positivas nos mais diversos momentos da vida. Esta experiência positiva se dá tanto pela alta qualidade e segurança de alimentos oferecida pelas nossas bebidas, como pelo trabalho sólido que desenvolvemos em nossas comunidades. E vamos além. Oferecemos opções de embalagens e categorias de produtos alinhadas com a nova rotina de nossos consumidores, e desenvolvemos canais de comunicação e ferramentas que permitem maior agilidade em nossas promoções e negociações, de forma descentralizada e virtual. Estamos nos reinventando todos os dias enquanto indústria, e isto é a base que sustenta a evolução”, explica Emerson Vontobel, CEO da CVI Refrigerantes, fabricante Coca-Cola do Sul do país.

“Em um momento de instabilidade, as pessoas
estão em busca de atenção, de sentir que suas necessidades estão sendo ouvidas
e atendidas”, Diego Gomes, Grupo Petrópolis

Mesmo com a retomada gradual das atividades é importante entender que algumas coisas mudaram. Temos que entender o consumidor para oferecer produtos de acordo com sua nova demanda. “Em um momento de instabilidade, as pessoas estão em busca de atenção, de sentir que suas necessidades estão sendo ouvidas e atendidas. O Grupo Petrópolis sempre trabalha com a perspectiva e a expectativa de melhoria, focando na qualidade dos produtos e numa comunicação afetiva, que entre na casa e faça parte do cotidiano do consumidor. Agora procuramos fazer o mesmo, adaptando nossa comunicação ao momento atual, sempre positivamente, para que nossos produtos sejam lembrados como parte boa de um momento difícil”, comenta Diego Gomes, Diretor Industrial, Grupo Petrópolis.

As mudanças provocadas pela pandemia estão gerando uma demanda diferente do que antes, ora com batches maiores, outras vezes menores. Essa demanda diferente implica em planejamentos mais rápidos, com balanceamentos da produção para atender aos clientes com agilidade, qualidade e flexibilidade.

“Acreditamos no crescimento do Bottling on Demand, um conceito ligado diretamente ao consumo residencial e personalizado”,
Silvio Rotta, Krones do Brasil

“As máquinas e os equipamentos tendem a ser cada vez mais flexíveis, para que o fabricante de bebidas esteja o mais preparado possível para a mudança de comportamento do consumidor final. Assim, acreditamos no crescimento do Bottling on Demand, um conceito ligado diretamente ao consumo residencial e personalizado. Refere-se ao envase individualizado de bebidas, de acordo com a demanda de cada empresa”, afirma Silvio Rotta, Diretor Comercial, Krones do Brasil.

Hábitos diferentes

Os últimos meses trouxeram alterações acentuadas nas rotinas das pessoas, o que antes era normal sair para trabalhar, ir à escola ou almoçar e jantar em algum restaurante do bairro, agora ainda seguem com restrições de acordo com as regiões do país. E, com isso, hábitos tiveram que mudar e os padrões de consumo também.

“Com a mudança radical do contexto, o Grupo Heineken acredita que o consumidor irá buscar cada vez mais pelo que é realmente
importante, essencial e relevante”,
Jussara Calife, Heineken Brasil

“Com a mudança radical do contexto, o Grupo Heineken acredita que o consumidor irá buscar cada vez mais pelo que é realmente importante, essencial e relevante. É preciso entender a nova realidade e agir rápido – quem se adapta mais rápido, navega melhor em qualquer situação. Por isso, nossa estratégia foi, no início da pandemia, refletir sobre as melhores iniciativas de cuidados com as pessoas e depois direcionar nossos esforços como Grupo e com os times de marcas para gerar ações de impacto positivo para a sociedade e para a continuidade dos negócios. Em paralelo, nossas marcas, dentro de suas plataformas, começaram a olhar como poderiam agregar conteúdo relevante aos consumidores em um momento de isolamento. Todas as campanhas, inclusive as que estavam no ar, foram reavaliadas e sofreram alterações necessárias para respeitar o momento delicado e dar a devida importância a este assunto, sem perder a conexão com a identidade das marcas. E buscamos soluções para levar a experiência de marca para a casa dos consumidores, como por exemplo: a Plataforma de diversidade de Amstel, Música com Devassa, Queremos com Heineken, Doação com Lagunitas”, explica Jussara Calife, VP On Trade, Heineken Brasil.

Nessa situação, entender e reformular o portfólio de produtos mais rápido do que se costumava fazer anteriormente é uma estratégia fundamental para maximizar lucros no curto prazo, além de caminhar em linha com as mudanças impostas pela nova conjuntura atual.

“Quanto mais as medidas de distanciamento social se estenderem no tempo, maiores serão
as chances de o comércio online moldar
os hábitos de consumo pós-pandemia”,
Mônica Pieratti, Tetra Pak

“Se considerado que quase ¾ dos brasileiros seguirá evitando lugares lotados mesmo após o término da pandemia, é de se esperar que produtos básicos para consumo doméstico se mantenham em alta por algum tempo, o que traz oportunidades a fabricantes querendo investir em diversificação de portfólio ou em ampliação de linhas de processamento e envase. No que diz respeito à distribuição, o avanço do supermercado online se mostra até aqui um grande divisor de águas. Quanto mais as medidas de distanciamento social se estenderem no tempo, maiores serão as chances de o comércio online moldar os hábitos de consumo pós-pandemia”, acredita Mônica Pieratti, Diretora de Portfólio, Tetra Pak.

Uma dessas mudanças é o e-commerce. O consumidor experimentou e gostou de fazer algumas compras online e, mesmo depois da pandemia, como mostram várias pesquisas, essa prática não vai mudar. As empresas tiveram que se adaptar e reforçar suas equipes de vendas para atender essa modalidade. “Neste cenário, alguns desafios e obstáculos deixaram de existir, além de surgirem novos comportamentos que passaram a exigir algumas respostas que podem ser endereçadas através da transformação digital. Incorporamos ao nosso time, dezenas de colaboradores em missões colaborativas, que estavam em áreas com menor demanda, reforçando principalmente a área de e-commerce”, explica Guilherme Almeida, Head de e-commerce, Nestlé.

“Alguns desafios e obstáculos deixaram de existir, além de surgirem novos comportamentos que exigem respostas que podem ser endereçadas através da transformação digital”, Guilherme Almeida, Nestlé

Sentindo a necessidade do consumidor comprar pela internet em função de comodidade, praticidade e segurança, a loja online Empório Nestlé, por exemplo, passou a entregar em todo o estado de São Paulo, ampliando depois para toda região sudeste. “Além disso, abrimos uma dark store na Lapa para ampliar a capacidade de entrega expressa na capital de São Paulo. O Empório é um grande laboratório do modelo omnichannel. Com ele viramos a operação de Chocolatory na Páscoa para operar através de nossa loja online e tivemos diversos insights, que ajudaram a melhorar nossa atuação nos canais B2C. Também lançamos alguns projetos, acelerando iniciativas importantes nesse momento, como o Nestlé Até Você, que é um e-commerce B2B para atender os pequenos varejistas e funciona como um braço para ampliar os serviços de nossos distribuidores autorizados, que são os brokers. Assim, os brokers conseguem ter uma atuação maior de consultoria para os varejistas e estes ganham uma série de facilidades e benefícios nas compras online”, finaliza Guilherme Almeida.

Instabilidade na demanda

Devemos conviver nos próximos meses com oscilações de demandas que necessitam de planejamentos de produção mais rápidos e muita flexibilidade nas linhas de produção, assim como na operação como um todo. Um bom trabalho de inteligência de dados também ajuda no lançamento de novos produtos e no abastecimento do mercado seguindo as necessidades dos consumidores. Uma política adequada de estoques pode ser uma arma fundamental para enfrentar essa fase de instabilidade seja para mais ou para menos, o que importa é estar preparado para as incertezas e aprender a conviver com ela daqui para frente.

A marca Heineken ganhou market share nos últimos anos no Brasil e já responde a cerca
de 20% das vendas da empresa no país

“O desafio é oferecer diversos SKUS com a mesma eficiência e qualidade de um sistema que produz poucos produtos. Qualidade e flexibilidade serão chaves daqui para frente. Para obter eficiência nesses quesitos, é fundamental ter as linhas de produção em contato estreito com o planejamento de produção. Este por sua vez, tem que estar extremamente conectado com a área de vendas. Isso tudo tem que ser orquestrado de forma dinâmica e veloz através de ciclos de S&OP curtos e suportados por ferramentas digitais. Um ponto indispensável aqui é termos um time coeso, engajado com forte aplicação da metodologia TPM”, explica Jussara Calife. “Para se ajustar a nova realidade, o Supply chain tem que estar conectado de forma ágil com todas as demais áreas da companhia, de forma a atender e se adaptar rapidamente a um mercado cada vez mais volátil e exigente. Além disso, temos de ter uma perfeita combinação entre linhas de alta e baixa velocidade. Precisamos ter também uma excelente organização e disciplina para atender a demanda de mercado. Isto só é possível com pessoas motivadas e sistemas de inteligência que nos permitam extrair o máximo de nossos ativos com agilidade e flexibilidade. Um ponto chave em todo este processo é garantir a qualidade para nossos consumidores”.

A Coca-Cola ampliou seus investimentos em novos produtos, inovação e sustentabilidade

Segundo Emerson Vontobel, a CVI possui um sistema integrado de gestão (ERP Totvs) conectado com diversos aplicativos que digitalizam praticamente todos os processos, facilitando a gestão operacional e maximizando resultados ao longo da cadeia produtiva. Isso também possibilita a conexão de fornecedores, colaboradores e clientes, sempre com o objetivo de atender de forma eficiente e eficaz os consumidores.

“Independentemente da pandemia utilizamos a metodologia de melhoria contínua para revisar todos processos dentro de um cronograma, priorizando as maiores oportunidades que surgem com a evolução de novas tecnologias. Um importante investimento base para este trabalho é a formação de conhecimento, estimulado pela formação formal e informal do #timecvi!,capacitando nossas pessoas a fazerem a transformação digital de forma criativa”, comenta o CEO da CVI Refrigerantes.

O Grupo Petrópolis, dono de marcas
como a Itaipava, inaugurou recentemente
uma fábrica em Uberaba com investimentos
de aproximadamente 1,2 bilhão de reais

O diretor industrial do Grupo Petrópolis explica que trabalham com “Just in Time” em quase toda cadeia. “Desta forma, contamos com aumento da política de estoque na baixa demanda, e o consumo desse inventário na alta. Esse efeito faz com que sejamos eficientes no balanço entre investimento de ativos versus taxa de ocupação dos mesmos, mantendo a cadeia de valor em corrente balanceada durante o ano. Então com a migração rápida do consumidor para os descartáveis, principalmente latas, ascendeu por parte dos fabricantes de latas uma reavaliação da necessidade de novos investimentos caso esse seja um cenário estável de migração. O Grupo Petrópolis tem investido nas maiores e mais eficientes linhas de latas do mundo. Com nossa tecnologia própria do sistema de manutenção somada com a capacitação dos nossos colaboradores, e a parceria colaborativa de décadas com nossos fornecedores, poderemos garantir que estamos com o“pé na bola” quanto a não deixar de abastecer nossos clientes com o produto que melhor vai atendê-los”, finaliza Diego Gomes.

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