Diversificação com valor agregado

Entrée-desertAumentar o portfólio de produtos no mercado interno e criar uma estratégia de exportação mais equilibrada fazem parte dos desafios do setor

O mercado mundial de bebidas não-alcoólicas deve crescer ao redor de 4% ao ano até 2019, segundo projeções do Instituto Canadean, uma das principais fontes de pesquisas sobre a indústria de bebidas em todo o mundo.
Segundo a Canadean, nesse mesmo período, Ásia e África devem apresentar crescimento ao redor de 8%, enquanto, a Europa deve crescer apenas 1% ao ano até 2019. O menor desempenho da Europa é motivado pela consolidação do mercado.
No caso das bebidas sem álcool, as categorias de lácteos, sucos e energéticos continuam apresentando altas taxas de crescimento, principalmente em países como o Brasil. Outra categoria que avança no País, apesar da crise, é a de produtos premium.
O setor de lácteos segue se orientando por lançamento de produtos sem ou com baixa lactose, além de bebidas lácteas adicionadas de vitaminas, proteínas, enzimas e outros ingredientes que tragam benefícios à saúde dos consumidores.
Aliás, bebidas saudáveis têm uma tendência de crescimento em todo o mundo e isso não é diferente no Brasil. Devemos acompanhar nos próximos anos um crescimento sustentável de produtos como água mineral, chá, água de coco adicionada de suco de frutas, água de coco tradicional, sucos e néctares em geral.
As inovações na área de bebidas também chegam através de novas formulações e, principalmente com a utilização de ingredientes naturais. O consumidor brasileiro está atento a adição de edulcorantes como o estévia, ou na utilização de uma maior quantidade de suco de frutas na preparação de um refrigerante. A própria legislação brasileira já avançou ao exigir que néctares de laranja e uva contenham no mínimo 40% de suco em suas formulações. Isso vai de encontro às exigências do consumidor e deve se estender também para néctares de outras frutas.suco de frutas
Quando se fala em produtos saudáveis não há como não pensar que os ingredientes que compõem essas bebidas devam seguir cada vez mais a linha de produtos naturais. E, para isso, não só os fabricantes de ingredientes terão que se adequar como também os produtores de bebidas terão que adequar suas linhas de produção e envase para fabricação desses produtos. Equipamen-tos assépticos e salas limpas ganharão espaço e serão uma boa oportunidade para fornecedores de máquinas e equipamentos.

Lácteos

Durante muitos anos o setor de lácteos no Brasil ficou preso a uma quantidade muito pequena de opções. Os iogurtes estavam restritos às bandejas com sabor de morango e as bebidas lácteas e sobremesas, praticamente não existiam. A pequena disponibilidade de embalagens e equipamentos assépticos caríssimos não favoreciam o investimento no desenvolvimento de novos produtos. Além de que a renda do consumidor brasileiro era tão baixa que inviabilizava qualquer tipo de projeto que se mostrasse um pouquinho mais arrojado.
Essa situação mudou. O poder aquisitivo do consumidor cresceu e as tecnologias de embalagens e processos estão muito mais avançadas. Isso facilitou o lançamento de produtos como os iogurtes gregos, os achocolatados líquidos, os produtos sem lactose e sobremesas lácteas com cremosidade e sabores sofisticados. A indústria de lácteos busca a diversificação para agradar um público cada vez maior e mais exigente.
Outro caminho é o das exportações. Uma parceria entre a Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), o Ministério da Agricultura e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), ainda para este ano, visa impulsionar as vendas externas de leite e derivados do País. A ideia é que as exportações passem a fazer parte do dia–a–dia dos produtores e não aconteçam somente de forma pontual sem estabelecer uma relação de confiança entre compradores e vendedores. A Viva Lácteos pretende trabalhar com o ministério, na abertura de mercados, e também com a Apex, para reforçar a promoção de marcas brasileiras em países específicos.
leite e derivadosA entidade considera haver possibilidade de aumentar a fatia de lácteos brasileiros na África do Sul, Angola, Arábia Saudita, Argélia, Chile, Egito, Emirados Árabes Unidos e Rússia. Esse espaço extra seria conquistado por meio de ações com a Apex. Dentre os mercados a serem abertos, a entidade destaca o potencial de China, Panamá e Vietnã.
O projeto também tem como objetivo diversificar os parceiros comerciais do Brasil, que é muito dependente das vendas à Venezuela. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, o País vendeu US$ 98,9 milhões em leite e derivados, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Deste montante, US$ 62,4 milhões (63%) vieram do comércio do leite em pó com o país latino-americano.
O número de importadores aumentou depois que a Rússia abriu as portas para o leite em pó produzido no Brasil. Ao todo, 11 empresas foram credenciadas para exportar e a Viva Lácteos espera que o País venda 20 mil toneladas do produto ao ano para os russos. A Rússia importa anualmente 630 mil toneladas de leite em pó, o equivalente a US$ 1,2 bilhão.
A parceria firmada, no entanto, não resultará em recuperação dos embarques em 2015. De janeiro a junho, as receitas com as vendas externas caíram 38,6% em comparação com o ano passado.

Investimentos

Os investimentos dos produtores de lácteos não devem diminuir em virtude da atual conjuntura econômica. Algumas transações no setor demonstram uma tendência de maior consolidação, conforme avaliação feita pelo Rabobank. Segundo o banco holandês, a concentração do mercado de leite no país é baixa na comparação com outros países da América Latina. Enquanto as dez maiores companhias brasileiras do setor detêm uma participação de 33% no mercado nacional, nos demais países da região esse porcentual supera os 60%. A diferença, segundo a instituição, faz do Brasil um mercado estratégico.
Negócios no setor como a venda das operações de lácteos da BRF para a Lactalis, por cerca de R$ 2,1 bilhões, anunciada em 2014 e concluída recentemente, bem como a aquisição de 50% da Itambé pela Vigor – sinalizam um aumento gradual na consolidação.
Outro sinal é a dificuldade que as pequenas empresas enfrentam para competir com as grandes companhias, abrindo espaço para novos negócios e aumento de participação no mercado de empresas como Lactalis, Nestlé, Vigor e Danone.Prateleira 2
Segundo o Rabobank, a América Latina respondeu apenas por 3% das transações do setor de laticínios nos últimos sete anos. O total aplicado pelas principais companhias internacionais contrasta com o crescimento das vendas de leites e derivados na região. Em 2014, as vendas dos países latino-americanos somaram US$ 76 bilhões, ficando atrás apenas dos mercados emergentes da Ásia, que alcançaram US$ 80 bilhões.
Além da expansão do consumo de produtos lácteos em toda a região, o banco espera ainda que a desvalorização cambial ajude a atrair mais recursos para o setor no Brasil. Com um real mais fraco, a expectativa é de que os investimentos em dólar fiquem mais atrativos.

Empresas

Seguindo essa tendência , a Danone, no último mês de julho, adquiriu um terreno de 500 mil metros quadrados em Itapetininga, no interior de São Paulo. com o objetivo de ampliar a fabricação de lácteos no País. A região é produtora de leite e já atraiu investimentos de outras empresas, como Batavo e Castrolandia.
Por meio de nota, a empresa limitou-se a informar que a aquisição atenderá investimentos futuros e que está atenta às oportunidades de desenvolvimento de seus negócios nos mercados em que atua. Os aportes podem superar os R$ 150 milhões na primeira fase do projeto.
A Cooperativa Central Aurora Alimentos é outra que pretende ampliar sua participação no segmento de lácteos nos próximos anos.
Os planos são para duplicar a produção de lácteos até 2020. Hoje, a Aurora processa 1,5 milhão de litros de leite por dia em uma unidade própria em Vargeão, no oeste catarinense, e em uma planta de um parceiro em Pinhalzinho (SC). As vendas de lácteos respondem por 13% da receita.
A Aurora também pretende dobrar sua receita até 2020, para R$ 15 bilhões. Neste ano, a expectativa é faturar R$ 7,4 bilhões.
Sucos em ritmo acelerado
Com faturamento de mais de 2 bilhões de reais por ano, o mercado de sucos prontos para beber tende a aumentar cada vez mais seu portfólio colocando à disposição do consumidor maior variedade de sabores e embalagens. Praticidade é um driver importante nesse segmento, assim como inovação.
Os produtos adicionados de ingredientes funcionais também agradam cada vez mais o consumidor que busca opções diferenciadas com adição de fibras, vitaminas, cálcio, colágeno e outros.
Esse setor precisa, definitivamente, entrar na era dos chamados sucos superfruta ou 100% naturais. Para isso, é preciso reduzir os níveis de açúcar e sódio dessas formulações. O consumidor busca bem-estar e saudabilidade, e as classes com rendas mais elevadas aceitam pagar mais por podutos que apresentem benefícios reais. A qualidade do produto é um fator preponderante que não deve ser negligenciado jamais pelas empresas.
Na Europa e Estados Unidos, os consumidores já têm uma grande variedade de produtos naturais e alimentos especiais para intolerância e nutrição médica. No Brasil, esses produtos ainda não deslancharam porque necessitam de investimentos mais elevados das empresas. Mas, com certeza, é a próxima fase e com um mercado mais comprador devem crescer também por aqui.

Com menos açúcar

Seguindo essas tendências, a marca Del Valle, da Coca-Cola Brasil, realizou mudanças em seus néctares, que agora passam a oferecer mais vitaminas, minerais, fibras e menos açúcar. Além disso, segundo a empresa, o néctar Del Valle não contém conservantes, corantes ou qualquer ingrediente artificial. As novas fórmulas seguem a legislação em vigor que determina a utilização de 40% de suco de fruta e utilizam suco de maçã para adoçar a bebida, o que reduziu em 25%, em média, a quantidade de açúcar total em relação à formulação anterior.
“Foram dois anos de pesquisas e investimentos para tornar os néctares Del Valle mais nutritivos. Com essas mudanças, os 60 milhões de consumidores do produto no Brasil passam a consumir mais fibras, vitaminas e minerais sem precisar alterar nenhum hábito. Reforçamos assim nosso compromisso com a sociedade de levar inovação e nutrição para os que buscam os benefícios das frutas em nossas bebidas”, declara o diretor de Marketing de Sucos da Coca-Cola Brasil, Sérgio Garcia.
liquid dietOs sucos costumam perder a maior parte das fibras das frutas durante a produção. Por isso, Del Valle decidiu adicionar fibras ao Néctar e ao 100% Suco, para repor essa perda e entregar um produto mais nutritivo ao consumidor.
Os néctares também tiveram vitaminas e minerais adicionados de acordo com a origem nutricional de cada fruta. O Néctar Del Valle sabor maracujá, por exemplo, é fonte de fósforo e rico em vitaminas C e A. Ou seja, garante importantes nutrientes encontrados no próprio maracujá. Já o sabor manga é fonte de magnésio e rico em vitaminas C, B1 e A.
Outra empresa de sucos focada no público que prefere o consumo de produtos saudáveis é a Mitto. A empresa ampliou , recentemente, seu portfólio com o lançamento dos sucos de açaí integral e açaí com guaraná, unindo o sabor exótico dessa fruta genuinamente brasileira com as propriedades antioxidantes do açaí, nas versões 300 ml e 1 litro.
De acordo com o CEO da Mitto, Flávio Meneguini, os lançamentos são destinados a um público que valoriza uma alimentação mais saudável e que oferece benefícios ao organismo. “Para mantermos todos os nutrientes dessa fruta, típica da Amazônia brasileira, fomos bastante exigentes desde o processo de seleção do fruto até o envasamento da bebida”, diz Meneguini.
Para a produção de cada uma das garrafas de suco de açaí são necessários 500 gramas da fruta, que são envasados em embalagens de vidro.
O Suco de Açaí Integral é um poderoso antioxidante, que retarda o envelhecimento, pois combate os radicais livres associados ao câncer e às doenças cardíacas. O açaí também traz benefícios ao coração e ao bom funcionamento do intestino. Além disso, o suco não tem adição de açúcar, o que o torna ainda mais saudável.
O alto valor energético da fruta ajuda em atividades físicas, no fortalecimento muscular e na prevenção de anemias, pois é rico em ferro. Possui também Ômega-6 e Ômega-9, que ajudam a regular as taxas de colesterol.
Já o Suco de Açaí com guaraná tem em sua fórmula um estimulante natural, que é o guaraná. A união dos dois ingredientes naturais torna esse suco um poderoso antioxidante, devido à antocianina, que previne o envelhecimento precoce.
O guaraná também estimula o sistema nervoso central e melhora a capacidade de concentração e raciocínio. A bebida ainda diminui a fadiga e promove uma sensação de conforto e bem-estar devido à grande quantidade de cafeína.
Os aminoácidos e minerais presentes no açaí favorecem a regeneração muscular e os fitoesteróis, que auxiliam na redução de colesterol, melhoram a imunidade e diminuem o estresse físico e mental. Com substâncias que aceleram o metabolismo, é também um diurético natural e reduz o desconforto do inchaço.

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