Linda e Saborosa como tem que ser

CanecaA qualidade depende de condições de processo de produção, além das questões intrínsecas do serviço no ponto de venda

Por Carlos Donizete Parra

Tão desejada por uns e até amaldiçoada por outros. Assim é a espuma da cerveja. Apreciada pela grande maioria dos consumidores, a espuma da cerveja é totalmente indesejada pelos cervejeiros e profissionais durante o processo de produção. No processo de fermentação, por exemplo, a formação de espuma pode ocupar um espaço de tanque que inviabiliza a produção cervejeira. Nesse caso, antiespumantes são utilizados para minimizar o problema.

No primeiro momento, ao servir a cerveja, em um copo de vidro, a espuma é um fator estético, um elemento de impacto visual. O consumidor deve ser atraído por aquele colarinho de aproximadamente dois dedos, cor amarelo ouro(se for uma pilsen, é claro) e com bolhas de gás carbônico à mostra. Alguns não gostam, e pedem logo ao garçom: a minha sem espuma, por favor!

O fato é que a espuma é o primeiro ponto de contato entre o produto e o consumidor, é um ponto tátil que leva os primeiros aromas e sensações de frescor ao bebedor de cerveja. Essas sensações levam ao consumidor características de corpo, sabor e cremosidade do colarinho. Sensações mais sutis e mais técnicas da espuma podem e devem ser avaliadas por profissionais de análise sensorial e responsáveis pela produção da cerveja.

Estilos

Outro ponto que define a formação da espuma é o estilo da cerveja. Uma cerveja de estilo belga, como as de abadia, são caracterizadas por espuma abundante e persistente, já algumas cervejas inglesas não admitem espumas com grandes colarinhos, podendo, se isso acontecer, caracterizar sinais de má qualidade do produto. As cervejas da escola alemã também possuem espuma considerável e atrativa. Mas, no geral, os estilos influenciam o tamanho de colarinho, sua cremosidade, cor e outras características.

Composição

A espuma é formada por um mix de componentes advindos do processo de produção e de seus ingredientes, como o lúpulo, o malte e adjuntos. Nas cervejas especiais, a espuma pode apresentar sensações ainda mais surpreendentes, afinal, utiliza ingredientes específicos e processos de produção que visam provocar nos consumidores experiências únicas. A espuma , quando bem elaborada, pode ser um transmissor importante dessas características.

Ela também é responsável por proteger o produto, mantendo sua temperatura o que permite preservar as características organolépticas da cerveja por mais tempo. Além disso, a carbonatação da cerveja, que gera a espuma, faz com que a bebida tenha menos contato com o ar, diminuindo a oxidação.

Diversos fatores podem ser responsáveis pela qualidade da espuma, tais como:

• temperatura de brassagem;
• mostos claros,
• alta quantidade de iso-humulones,
• maturação lenta,
• atividade proteolítica, e
• clarificação

Na produção alguns elementos podem contribuir para melhorar a qualidade da espuma, como o uso de malte de trigo, alginato e nitrogênio.

Figura1

Serviço

O momento de servir a bebida é um grande influenciador da qualidade da espuma.

Alguns estabelecimentos no Brasil pecam nesse quesito, deixando passar despercebidos fatores como a assepsia, tanto no serviço do chope quanto da cerveja.

Copos mal lavados ou mal enxaguados deixam restos de detergentes e gorduras que impedem a formação da boa espuma. No serviço do chope a situação ainda é pior, demonstrando um dos motivos pelos quais a venda é tão pequena de chope no Brasil( algo em torno de 3%). O ponto de venda deve se atentar ainda com a utilização de dispensadores corretos, sistemas de frio adequados, tempo de vida dos produtos, assepsia de torneiras e pontos de contato com a bebida e outros tantos detalhes fundamentais para que o chope/cerveja chegue ao consumidor com uma espuma capaz de deixar qualquer um com água na boca para provar sua cerveja preferida.

Deixe seu comentário

WhatsApp Engarrafador Moderno